Mecânico morto na Liberdade antes de ataques a ônibus foi vítima de rivais, diz polícia

Diogo Batista, 26, teria sido assassinado em tiroteio com rivais, na segunda (28); no mesmo dia, traficante foi morto na mesma região, que segue ocupada pela polícia

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  • Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Alberto Maraux/SSP

Horas depois da morte de João Carlos dos Santos Cardoso, o Jota Carlos, 30 anos, no bairro do IAPI, na manhã de segunda-feira (28), outra troca de tiros, no bairro vizinho da Liberdade, resultou no assassinato do mecânico Diogo Oliveira Batista, 26. 

A morte de Jota Carlos, que ainda não teve as circunstâncias esclarecidas pela polícia, teria motivado o incêndio a um ônibus próximo à localidade do Milho, no IAPI. Conforme a Polícia Civil, ele já havia sido preso por tráfico de drogas em 2012 e tinha envolvimento com a criminalidade naquela região. Outro ônibus foi incendiado na Calçada, por volta de 22h, possivelmente em represália à morte de outro homem, ainda não identificado, em confronto com a PM, às 16h, na mesma região (ver abaixo).   Já Diogo, segundo a polícia, foi morto por volta das 18h, após trocar tiros com rivais na Rua São Domingos. Ainda não há evidências de que a morte dele também tenha motivado uma das queimas de coletivos.

O mecânico chegou a ser socorrido por uma guarnição da Polícia Militar para o Hospital Ernesto Simões, no Largo do Tamarineiro, mas já chegou morto à unidade de saúde.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, um revólver calibre 38 e munições foram encontrados com o mecânico. O material foi apresentado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).  Polícia investiga ligação de Diogo com o tráfico de drogas (Foto: Reprodução) Família silencia Ao CORREIO, a polícia disse que as investigações preliminares dão conta de que ele morava no Lobato mas tinha envolvimento com o tráfico na região da Liberdade. Apesar disso, Diogo não tem ficha criminal.

No Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), onde o corpo de Diogo permanecia na manhã desta quarta (30), familiares do mecânico se recusaram a dar entrevista ao CORREIO e se limitaram a dizer que desconhecem a motivação da morte.

Diogo era casado e deixa quatro filhos. Até as 11h, o corpo dele ainda não havia sido liberado do IMLNR por problemas de documentação. A Polícia Civil não confirma se há ligação entre os dois crimes.

Tráfico na região Nesta terça, fontes da polícia disseram ao CORREIO que depois de atearem fogo ao ônibus, o grupo de encapuzados correu para vielas que dão acesso à localidade do Milho, onde há uma aliança entre a facção Comando da Paz (CP) e um grupo denominado de Ordem e Progresso (OP), comandado por um traficante conhecido como Coruja, ex-integrante da facção Caveira. 

“Com essa aliança, não sabemos se o Jota Carlos pertencia a CP ou a OP”, disse um policial, sem se identificar.

Já o major Edimilson Reis afirmou que a região da Liberdade “tem quadrilhas que brigam entre si”, e que tomou conhecimento de Jota Carlos há 15 dias. 

“Estou no comando da unidade há três anos e só agora tivemos notícias dele. Há 15 dias, prendemos três homens com droga ligados a ele e que vieram da Ilha de Itaparica. Logo em seguida, recebemos ligações da comunidade dizendo que Jota Carlos tinha retornada e que voltar a instalar o pânico na região”, comentou o major Reis.

Calçada O homem morto em confronto com a Rondesp, na Calçada, na tarde de segunda, ainda não havia sido identificado até a manhã desta quarta (3). O corpo dele continuava no IMLNR aguardando identificação da família. Após a morte, um ônibus da empresa OT Trans, que fazia a linha Estação Pirajá/São Joaquim, foi incendiado no local, por volta de 22h.

O outro incêndio a coletivo, que teria sido motivado pela morte de Jota Carlos, ocorreu na Rua Conde de Porto Alegre, no IAPI, por volta de 21h30. O veículo pertencia à empresa Plataforma e fazia a linha IAPI/Lapa. No incidente, uma barraca de doces e a frente de uma casa ficaram destruídos, e a rede elétrica e telefônica da região foram danificadas. Os serviços - entre eles o Samu 192 - foram restabelecidos nesta terça. Ocupação da polícia continua em cinco localidades, diz SSP (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Ocupação continua Após os ataques aos coletivos, oito grupamentos especiais das polícias Civil e Militar continuam ocupando, desde a madrugada desta terça (29), os bairros do IAPI, Pero Vaz, Santa Mônica, Liberdade e Calçada. 

A SSP afirmou que o policiamento segue reforçado nas cinco áreas, até que a segurança da população seja reestabelecida. O CORREIO circulou nas regiões da Liberdade, IAPI, Pero Vaz e Santa Mônica, mas não notou a presença de policiais.

Ainda de acordo com a SSP, o caso da Calçada vai ser investigado pela Corregedoria Geral da Polícia Militar, com acompanhamento do DHPP. Já as mortes ocorridas em IAPI e Liberdade são investigadas apenas pelo DHPP.