Médico diz que Independiente desconhecia restrições na Bahia

Daniel Martins afirmou que clube não sabia que o estado impedia a entrada de pessoas com PCR positivo

Publicado em 4 de maio de 2021 às 16:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Independiente/Divulgação

O Independiente desconhecia os protocolos da Bahia para evitar a disseminação da covid-19. A revelação foi feita pelo próprio médico do clube, Daniel Martins. Ele admitiu que o time argentino, próximo adversário do Bahia na Copa Sul-Americana, sabia que jogadores e membros da comissão técnica ainda testavam positivo. "Decidimos viajar com positivo de PCR porque só tínhamos conhecimento de restrições no Cilhe e no Uruguai, estas restrições não estavam no Brasil. Aparentemente, esta limitação é só no estado da Bahia. Não tínhamos o dado de que cada estado do Brasil podia resolver a restrição, ou não, do ingresso de um PCR positivo. Nós temos uma viagem na semana que vem ao Uruguai, e lá sim, já sabemos que não podemos ir com nenhum PCR positivo. Não tínhamos a notificação de que na Bahia não se podia", disse, ao jornal Olé, da Argentina.A justificativa para a viagem desses integrantes é de que eles tiveram a doença recentemente, e por isso ainda ainda possuem fragmentos do coronavírus no organismo, mas que não há o risco de contaminação. O Independiente alega que tem autorização da Conmebol para atuar com esses atletas.

Apesar do clube alegar desconhecer o protocolo, a restrição não é nova. Em dezembro do ano passado, a Anac publicou uma portaria que exige que, para que uma pessoa entre no Brasil por vias aéreas, é preciso apresentar testes negativo para covid-19. Os exames devem ser realizados com 72 horas de antecedência.

Além do PCR negativo, os viajantes devem apresentar a Declaração de Saúde do Viajante (DSV), uma declaração que expressa concordância com as medidas de prevenção da covid-19, que o passageiro deverá seguir enquanto estiver no país.

"Chegamos ao hotel depois de 2h da manhã. As condições para eles jogarem não são as melhores. O tratamento dos jogadores no aeroporto foi muito ruim", falou Daniel Martins, em entrevista à Radio La Red AM 910.

Entenda o caso O Independiente teve uma série de problemas quando chegou ao aeroporto de Salvador, ainda no início da noite de segunda-feira (3). Jogadores e membros da comissão técnica testaram positivo para a covid-19 e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a impedir a entrada da equipe no país.

Ainda na madrugada, parte do grupo foi liberada e foi para o hotel. Mas os 11 membros da delegação que testaram positivo ficaram retidos e dormiram no aeroporto. Eles foram deportados na tarde desta terça-feira (4).

Entre os jogadores, foram barrados os zagueiros Juan Manuel Insaurralde e Thomas Ortega e o meia Lucas González, que seriam titulares contra o Bahia. Os outros cinco são: Renzo Bacchia (goleiro), Gonzalo Asis (zagueiro), Adrián Arregui e Pablo Hernández (meias) e Nicolás Messiniti. 

Pedro Monzón, que comandaria a equipe no lugar do técnico Julio César Falcioni (desfalque por problemas familiares), também testou positivo. Assim, quem estará à beira de campo será César Velázquez, preparador de goleiros.

O jogo entre Independiente e Bahia, pela 3ª rodada da fase de grupos da Sul-Americana, está marcado para esta terça-feira (4), às 19h15, em Pituaçu. A partida chegou a ser adiada pela Conmebol na madrugada, mas a entidade recuou e confirmou que o duelo seguirá como previsto inicialmente.

O que diz a Anvisa? Na tarde desta terça-feira (4), a Anvisa divulgou uma nota sobre o caso e afirma que determinou a retenção dos onze membros da delegação do Independiente atendendo à Portaria nº 652/2021. A agência também afirma que determinou o isolamento dos demais integrantes da equipe argentina.

"A Anvisa determinou nesta terça-feira, 04/05, que onze membros da delegação do clube de futebol Independiente, da Argentina, ficassem retidos em área restrita do aeroporto de Salvador (BA). Estes viajantes apresentaram teste positivo para Covid-19 em coleta realizada no dia 01/05.

A proibição de entrada no Brasil atende ao disposto na Portaria nº 652/2021. A norma condiciona a entrada de estrangeiros no país por via aérea à apresentação para a companhia responsável pelo voo de documento comprovando resultado negativo ou não reagente em teste laboratorial de Covid-19 realizado dentro de 72 horas antes do embarque.

A Anvisa determinou ainda o isolamento para os demais membros da delegação e tripulantes da aeronave, tendo em vista que tiveram contato próximo com casos positivos. Eles estão hospedados na rede hoteleira de Salvador.

As equipes da Vigilância Sanitária do Estado da Bahia e da Vigilância Epidemiológica de Salvador foram acionadas para acompanhar o caso".