Médico toca música de Marília Mendonça para criança com câncer e vídeo viraliza; assista

Paulo Martins, que não sabia música infantil, recorreu a sucesso sertanejo: 'Toquei e ela dançou divinamente bem', disse

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  • Da Redação

Publicado em 30 de março de 2017 às 13:31

- Atualizado há um ano

O médico Paulo Martins, que cantou e animou criança (Foto: Reprodução)Um vídeo de uma criança com câncer dançando, animada, uma música cantada por um médico, viralizou na internet esta semana. As imagens foram postadas por Paulo Martins, médico residente de pediatria no Hospital da Clínicas de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, no último dia 14, e conta com quase 300 mil visualizações apenas no Facebook.

Martins contou que ficou apreensivo, por não saber tocar nenhuma música infantil, mas foi alertado pelo pai da menina que ela gostava da sertaneja Marília Mendonça. Aí, lançou mão de um dos sucessos dela, 'Eu Sei de Cor'. "Toquei e ela dançou divinamente bem", disse. Os internautas e, principalmente, a criança, se encantaram. As imagens foram divulgadas com autorização da família do paciente. 

Martins participa do projeto 'Turma Sangue Bom', que além de médicos do hospital, conta com voluntários, e promove eventos em datas comemorativas no local. Após a repercussão, o pediatra falou sobre a emoção em ajudar a melhorar a criança.

Leia o depoimento na íntegra:

"Nessa vida, o importante é ser feliz. Um dia antes, na visita habitual da enfermaria, vi que estávamos com muitos adolescentes internados e que eles sofriam com a ociosidade da internação, além das dificuldades inerentes ao momento em que passavam. Combinei com eles que no dia seguinte iria trazer o ukelele para fazermos um som e desopilarmos um pouco. No dia seguinte, como prometido, trouxe o instrumento. Aguardei o turno da tarde, onde as coisas pareciam estar mais calmas, para fazer um tour musical pela enfermaria da oncologia. Quando peguei o ukelele, parece que foi mágico, nas duas horas subsequentes não houve nenhuma intercorrência. Juntos a Minhas parceiras inestimáveis, Laila Rigolin Fortunato e Juliana Souza, começamos a tocar de quarto em quarto as musicas que cada paciente pedia. Sertanejo, rock, música gospel. Sob a supervisão da nossa enfermagem, íamos tocando duas, três musicas em cada quarto. Cada paciente cantou a plenos pulmões, se emocionou, pediu mais. Notei que enquanto eu entrava nos quartos e tocava as musicas, havia uma pequenina que me acompanhava dançando do lado de fora. Quando sai no último quarto, não teve jeito, ela estava na porta me esperando, me olhando curiosa. Pediram, "toca uma música para ela Paulão!". Inicialmente fiquei envergonhado, pois não sabia nenhuma música infantil. Mas o pai me acalmou, "ela gosta de Marília Mendonça". Não teve jeito. Comecei a tocar, baixinho, e na medida que os acordes e a letra iam fluindo, seus passos magicais foram me acompanhando. Dançou a música inteira. Terminei e me pediram outra. Medo Bobo. Toquei e ela dançou divinamente bem. Ao término, só alegria. Todo mundo feliz, leve. Aquilo se chamava Paz. Hoje, dias após, vejo que essa tarde, aparentemente tão simples, ganhou uma repercussão que eu jamais imaginaria. Mensagens, ligações, apoio. Me lembrei de todas as vezes em que meu jeito foi criticado, desde a graduação, até mesmo na residência. Mas não há dúvidas: quando a gente faz o que gosta, do jeito que gosta, dá certo. Nesta tarde, todos ganhamos. Na saudade intensa de casa e da minha família, nos braços dos pacientes e dos seus familiares, recebo todo afeto do mundo. Agradeço imensamente a toda a equipe multidisciplinar que trabalha na enfermaria do HC, pessoas fantásticas, aos meus preceptores exemplares, aos meus amigos da residência e, em especial, ao me sexteto que está diariamente junto comigo nessa batalha. Amar e se dedicar ao próximo jamais deve ser um fato único que chame a atenção, tem de ser algo constante e rotineiro. As crianças precisam disso! Nós que temos de levar alegria e boa energia nos lugares onde vamos, e jamais devemos nos abater com o mau humor, indiferença e tristeza que algumas vezes tentam nos contaminar. Ó impossível é só questão de opinião. Avante!"