Megaoperação no Rio denuncia 96 PMs envolvidos como trafico

Policiais recebiam dinheiro em troca de não coibir o tráfico de drogas na região de São Gonçalo. Eles vão responder na Justiça pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva

Publicado em 29 de junho de 2017 às 10:17

- Atualizado há um ano

A Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) deflagraram na manhã de hoje (29/6) uma operação que investiga o envolvimento de policiais militares com traficantes em São Gonçalo, na região metropolitana, a segunda maior cidade fluminense. A Operação Calabar denunciou à Justiça 96 policiais do 7º Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo) e outros 71 traficantes da região, informou o MP-RJ em nota.

A operação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), pela 72ª Delegacia de Polícia (São Gonçalo) e pela Corregedoria da Polícia Militar. 

Segundo o Gaeco, ao longo de dois anos, os PMs recebiam dinheiro em troca de não coibir o tráfico de drogas na região. Eles vão responder na Justiça pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva. Acusados de pagar propina aos policiais para evitar incursões em favelas, os traficantes foram denunciados por associação para o tráfico e corrupção ativa.

Entre os denunciados estão policiais integrantes de equipes de pelo menos sete Grupamentos de Ações Táticas (GATs), do Serviço Reservado (P2) e de Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) de diversas localidades.

A investigação teve início em 2016 após a prisão de um homem flagrado com dinheiro oriundo de favelas controladas pelo tráfico de São Gonçalo. O homem fez um acordo de colaboração premiada, auxiliando nas investigações. "Cinco civis foram denunciados, acusados de serem os intermediários das propinas. Cabiam a eles fazer os 'recolhes' junto aos traficantes", disse a nota do MP.

Entre os traficantes denunciados está Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, informou o PM-RJ. O traficante foi condenado pela morte, em 2002, do jornalista Tim Lopes, descoberto por traficantes enquanto apurava informações, para reportagem da TV Globo, sobre exploração sexual de crianças e adolescentes.

"Apesar de não ser liderança direta em São Gonçalo, constava como recebedor de recursos do tráfico local", informou a nota do MPRJ. Também foram denunciados Shumaker Antonácio do Rosário, o Schumaker, e Érico dos Santos Nascimento, o Farme, considerados líderes locais do tráfico.