Mercado exige cada vez mais especialistas

Na era da inovação, conhecimento geral na área de trabalho não é mais o suficiente para obter destaque

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  • Thais Borges

Publicado em 25 de outubro de 2015 às 15:16

- Atualizado há um ano

Se, hoje, mesmo quem tem um diploma pregado na parede já tem dificuldade para encontrar um emprego, o futuro próximo - coloque aí uns 10 anos - não é muito animador. A menos que você seja especialista em sua área. Nesse caso, você vai estar com tudo. Isso porque, em um mundo tão tecnológico e cheio de espaço para a inovação, a tendência é que quem tenha formação generalizada perca seu lugar ao sol.

“Nos últimos 30 ou 40 anos, tínhamos expectativas de ter trabalho fixo. A gente saía da universidade e esperava que o setor governamental ou o setor privado nos oferecesse emprego. Mas isso vai mudar”, defende o professor Naeem Zafar, da University of California - Berkeley, uma das melhores universidades de negócios do mundo.Naeem Zafar, da Universidade de Berkeley, abriu o seminário 'O futuro do emprego' (Evandro Veiga)É o que já acontece com cirurgiões - todos são especializados em alguma área da Medicina e um não invade o território do outro. “Não quer dizer que isso vai acontecer com todas as áreas, mas muitas vão passar por essa transformação”, prevê o professor Zafar, que abriu o seminário O Futuro do Emprego e do Trabalho.

Assim, não vai bastar ter conhecimento geral da área de atuação. Pelo contrário: cada vez mais os empregadores vão querer que seus funcionários sejam os melhores de seu ramo e que ainda dominem o uso das novas tecnologias disponíveis e das que virão no futuro.

Em seguida, as relações de trabalho devem mudar. Esse tipo de emprego, segundo Zafar, não será permanente. A indústria cinematográfica, por exemplo, já funciona assim desde a década de 1940: atores e diretores são contratados por produção. “Eles vêm, fazem, recebem o dinheiro e vão embora”, explica.

Da mesma forma, se grandes empresas costumam ter gerentes separando o presidente ou o CEO do restante dos empregados, isso também deve desaparecer. “É muito mais fácil reunir as ideias dos trabalhadores usando tecnologias, em vez de os gerentes intermediários como filtros”.

Educação

Todas essas mudanças no mercado de trabalho e as expectativas do próprio mercado vão acabar provocando transformações no ensino, de acordo com o professor de Berkeley. “Ainda precisamos entender em que isso vai ser bom, e em como vai ter implicações no sistema educacional e na forma como treinamos nossos filhos”.

Até porque a nova força de trabalho será composta por jovens da chamada Geração Z - nascidos na década de 1990, considerados nativos digitais. “Essas pessoas cresceram com a internet e têm expectativas diferentes. Elas são muito mais sábias e sagazes em relação à internet. Eles têm mais conhecimento na mão deles”.

Nesse cenário é que a educação online - que também é a distância - desponta como uma das tendências mundiais. Para Zafar, o sucesso de portais como o Khan Academy e o Coursera, que reúnem aulas e conteúdos digitais, tem mudado até a forma como escolas e universidades se comportam diante dessa nova era. “Existe um tsunami que está surgindo na educação, porque a maior parte desses ensinamentos online é gratuita.

Diversas universidades como o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e Stanford fizeram isso nos últimos anos. E qualquer pessoa pode se beneficiar disso. Você pode estar aqui sentado na Bahia e ter um diploma de especialista em Big Data pelas melhores universidades do mundo”, completa.

Saiba onde estudar em apenas um clique

Khan Academy - É uma espécie de sala de aula global gratuita (acesse aqui), disponível em 36 idiomas, incluindo português.

Coursera - Um dos mais conhecidos, o portal Coursera foi fundado por professores de Ciência da Computação. É possível fazer cursos de 115 universidades do mundo.

Edx - Fundado por professores de Harvard e do MIT, tem a maioria dos cursos em inglês. Veja mais detalhes aqui.

MIT OCW - Desde 2002, a iniciativa tenta disponibilizar todos os materiais dos cursos do MIT online, de forma aberta. Mais de 175 milhões de pessoas já assistiram aulas de 2.260 cursos.

My Open Courses - Com um acervo de quase 17 mil vídeos (acesse aqui), tem cursos que vão de Biotecnologia a Gestão.

Udacity - Oferece cursos de programação e análise de dados (veja aqui). É pago.