Mesmo ausente, governador não escapa de críticas em debate

Rui Costa cancelou compromissos da campanha após morte de tia

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 29 de setembro de 2018 às 16:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Rede Record

Quatro dos sete candidatos ao governo da Bahia compareceram neste sábado, 29, às 13h30, ao debate organizado pela TV Record, em Salvador. O atual governador, Rui Costa (PT), apesar de ter confirmado presença, não foi ao encontro, em razão do falecimento de uma tia, em Feira de Santana, no centro norte baiano.

Mesmo com a ausência de Rui, que detém 61% das intenções de voto, segundo última pesquisa Ibope divulgada nesta semana, os demais candidatos não pouparam críticas ao petista. Entre os temas debatidos, tiveram destaque os números negativos da Bahia em educação e segurança pública, além da alta taxa de desemprego.

Nas palavras de José Ronaldo (DEM), principal adversário de Rui nas eleições de 2018, “a Bahia é o pior estado brasileiro em quase todos os indicadores, com o pior ensino, como registrado nos números do Ideb 2017, altas taxas de homicídio e desemprego”.

Para o democrata, o petista “está refazendo promessas antigas e que já deveriam ter sido cumpridas, como a construção da ferrovia leste-oeste, o Hospital de Ilhéus, novos projetos de irrigação para gerar empregos, barragens no semiárido e outras tantas”.

O candidato do MDB, João Santana, também se aproveitou da ausência de Rui Costa para criticar o mandato do petista na Bahia. “O principal mal que atinge a Bahia é que ele [o governador] não tratou absolutamente de uma vírgula da economia do estado. Isso é gravíssimo. Ou vocês [eleitores] acreditam na Bahia virtual, que só existe na cabeça e nas propagandas do governador ou escolhem diferente”, afirmou.

Temas

Dentro do debate sobre a educação pública estadual, o candidato Marcos Mendes (Psol) reforçou os baixos resultados do Ideb 2017. “O governo precisa fazer planos de salário, aumentar e valorizar salários dos professores e profissionais da educação. As escolas estão sucateadas. Falta, inclusive, papel higiênico”, comentou.

Já o ex-prefeito de Salvador, João Henrique, candidato ao Palácio de Ondina pelo PRTB, afirmou que a educação da Bahia deve começar a mudar com a implantação da escola em tempo integral. “O estado tem muita gente desempregada e as escolas em tempo integral seguram a criança quase durante o dia inteiro, dando, inclusive, todas as refeições que ela precisa. Diante dos problemas econômicos que o estado enfrenta, isso é dar mais segurança e tranquilidade às famílias” disse.

Ao falar de saúde e dos problemas enfrentados pela Bahia, João Santana declarou que as filas do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado são consideradas “verdadeiras filas da morte”. João Henrique, que não perdeu uma oportunidade de mencionar o governo do pai, João Durval, entre 1983 e 1987, afirmou que falta prioridade dentro do governo estadual.

O candidato do PRTB destacou que “quando o baiano procura um posto de saúde não se acha, assim como médico e remédio. Os salários no governo não são iguais aos da época de João Durval, ao do prefeito João Henrique e isso desestimula”, disse o ex-prefeito.

Já a pauta do socialista Marcos Mendes girou, principalmente, em torno das críticas ao agronegócio e dos desmatamentos, que, segundo ele, “aumentaram consideravelmente na Bahia nos últimos anos”. José Ronaldo, por sua vez, rebateu as críticas do candidato do Psol e afirmou que “o agronegócio gera trabalho e renda, mas deve ser feito com responsabilidade com o meio ambiente”.

A violência também foi tema das perguntas entre os candidatos e, sobre a questão, João Santana disparou: “O problema da violência não é só policial, mas, sim, socioeconômico. Ninguém pode ver um filho passando fome e são essas questões que engrossam as estatísticas da marginalidade. O governador deveria se preocupar em aumentar o contingente policial e, ao mesmo tempo, proporcionar melhor qualidade de vida e emprego à população”.

Propostas e segundo turno

Todos os candidatos disseram acreditar em uma reviravolta nas pesquisas, para que a Bahia possa contar com um segundo turno eleitoral. José Ronaldo, que aparece em segunda posição nas intenções de voto, com 10%, segundo a última pesquisa Ibope, afirmou que, com a chance do pleito também no dia 28 de outubro, “a população vai poder enfrentar com mais vontade o atual governador, que vem se esquivando de todos os debates e sabatinas”.

João Santana reafirmou os argumentos de Zé Ronaldo e disse que “não se pode acreditar em um governo que transfere responsabilidades e mendiga recursos ao governo federal”. Para o candidato do MDB, o primeiro passo é empregar, seja no setor agrícola ou no turismo, “aproveitando das condições geográficas do estado”. Ainda segundo o emedebista, o atual governo “é campeão nacional em propaganda e, com os valores já gastos, daria para investir em muita coisa”.

Nas considerações finais, os candidatos fizeram mais uma vez críticas ao governo de Rui Costa. Marcos Mendes, aproveitou para alfinetar João Henrique e o apoio do candidato a Jair Bolsonaro, candidato que tem o maior índice de rejeição entre os postulantes ao Planalto. “Eu vou sair daqui e me juntar à mulheres e à minha vice, Dona Mira, no ato que acontece contra o machismo, a homofobia e tudo o que ele [Bolsonaro] prega”, disse, em referência ao protesto marcado para acontecer no Campo Grande, nesta tarde.

Já o candidato do PRTB não se intimidou com a crítica do socialista e pediu votos para o seu candidato. João Henrique também destacou que vai fazer pela Bahia muito mais do que fez por Salvador quando foi prefeito. “Tudo o que eu fiz na prefeitura não é nada perto do que vou fazer como governador”, declarou.

João Santana bateu mais uma vez na tecla da geração de emprego e renda para o estado da Bahia. “Eu sempre detestei preguiçosos e oportunistas e, por isso, tenho propostas para melhorias no emprego dos baianos. Não acreditem nessa Bahia virtual que só existe para Rui Costa”, afirmou.

Por fim, José Ronaldo disse que concorre às eleições para dar uma vida melhor aos baianos. “O que tenho a oferecer é trabalho sério e honesto. É importante ter segundo turno para fortalecer o debate sobre a Bahia. Eu sou um homem de vida limpa com muito orgulho e eu reafirmo isso como obrigação para servir aos baianos”, concluiu.

Ausências

Por meio de nota, o governador Rui Costa afirmou que “cancelou a agenda de campanha neste sábado (29), em razão do falecimento da tia Ciderolina Costa”, considerada uma segunda mãe para ele. 

"Neste momento de pesar para minha família, decidi estar presente no sepultamento de minha tia Ciderolina Costa, que acontecerá às 14h deste sábado em Feira de Santana. Tia Cide, como era chamada, foi uma pessoa especial em minha vida, uma segunda mãe para mim e para meus irmãos. Não poderia deixar de prestar essa última homenagem", disse no Facebook. 

José Ronaldo, do DEM, afirmou antes do início do debate que “falecimento a gente tem que participar, porém ele [Rui Costa] já faltou antes a outros debates e entrevistas. Pode ser uma decisão de não participar, mas apresento minha solidariedade”.

Além da ausência de Rui Costa, os candidatos Célia Sacramento (Rede) e Orlando Andrade (PCO) não estiveram no debate. A candidata, que tem 1% da intenção de votos, afirmou em um site de notícias que não foi convidada e disse que é um absurdo ela, “como única mulher negra concorrente no pleito, representante da grande maioria da população baiana", ter sido deixada de fora.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro