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Mesmo com chuva, baianos vão ao Campo Grande fazer pedidos aos caboclos


 

A queda d’água fez despertar nas pessoas alguma espécie de bravura característica da data e levou dezenas a enfrentar o toró e os ventos de quase 50km/h para ir até a Praça do Campo Grande

  • Hilza Cordeiro

Publicado em 03/07/2017 às 19:40:00
Atualizado em 17/04/2023 às 07:11:04

Quem chorou no Pé do Caboclo nesta segunda-feira (3) pós-Dois de Julho, infelizmente, foi a chuva. A queda d’água, no entanto, fez despertar nas pessoas alguma espécie de bravura característica da data e levou dezenas delas a enfrentar o toró e os ventos de quase 50km/h para ir até a Praça do Campo Grande saudar os caboclos e fazer seus pedidos.A aposentada Margarida Coutinho, 81, esperou a chuva dar uma estiada para orar (Foto: Betto Jr./CORREIO)Dando a volta para conferir o visual dos carros do cortejo, expostos na praça, a aposentada Margarida Coutinho, 81, faz orações de um lado e depois do outro. “Eu rezo na cabocla e no caboclo, faço meio mundo de reza”, brinca ela. A idosa admite que não tem mais condições de acompanhar o desfile, mas tem uma ligação direta com a festa e, de passagem pelo largo, parou para dar uma conferida. “A minha avó era índia, então a gente tinha tradição de participar, mas hoje não aguento mais a caminhada”, conta.A auxiliar de escritório Eliana Santana, 50, também levou falta no desfile, mas esteve lá hoje para compensar a ausência e fazer suas preces. “Eu sou do axé e a minha casa sempre coloca oferendas para os caboclos, então é minha obrigação vir aqui”, diz. O pedido dela para os personagens da luta cívica combina com a cor das vestes escolhida para eles esse ano, o branco. “Eu pedi paz, que é o que realmente importa para mim”.Eliana Santana não pode ir ao desfile, mas fez questão de ir à praça nesta segunda (Foto: Betto Jr./CORREIO)Já o manobrista Sidnei Santos Reis, 33, foi ao cortejo e apareceu para agradecer aos caboclos – ícones que acabaram expandindo suas figuras para além do movimento pela independência. “A gente tem fé neles e quem tem fé vai aonde quer. Todos os anos eu saio da Avenida Carlos Gomes e venho até aqui andando para agradecer. Eu acompanho o Dois de Julho desde os meus dez anos de idade... O meu pedido hoje é por paz e prosperidade”, diz.O manobrista Sidnei Santos frequenta a festa desde os 10 anos (Foto: Betto Jr./CORREIO)Continua

E os eventos relacionados à data não acabaram ainda. Nesta terça-feira (4), às 18h, haverá uma roda de conversa da série Patrimônio É, dedicada especialmente ao 2 de Julho. O encontro, promovido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), abordará os Símbolos da Independência e reunirá especialistas no assunto, com diferentes percepções dos significados da data. Os convidados da mesa são a historiadora Antonietta d’Aguiar Nunes, o sociólgo Fábio Baldaia, o maestro Fred Dantas e Tata Anselmo, mestre em educação e dirigente do Terreiro Mocambo. Na ocasião também será exibido o filme “Independência da Bahia”, um curta metragem produzido pela TV UFBA.