Metade dos tomadores de empréstimos e financiamentos atrasam prestações

Especialistas dão dicas de como renegociar as dívidas com bancos e financeiras para sair do vermelho

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  • Maryanna Nascimento

Publicado em 16 de outubro de 2017 às 05:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

A inadimplência faz parte da realidade de 59 milhões de consumidores no Brasil. Ou seja, cerca de 40% dos adultos chegam ao final do mês com as contas no vermelho. Quando os empréstimos e financiamentos fazem parte do orçamento, os dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que o cenário é ainda mais pessimista. Metade dos consumidores que contratam esses serviços atrasam as prestações. O motivo das dívidas, além de estar nos indicadores econômicos, também passa pelo planejamento.

“É preciso pensar antes se é necessário tomar o empréstimo e como fará para pagar caso ocorra um imprevisto. Depois que está feita, o orçamento deve ser apertado”, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, que destaca a importância do planejamento vir antes mesmo da dívida:“É interessante pensar no médio e longo prazo. Colocar o ano todo (no planejamento) e entender o mês que vai ter gasto maior", observa.   Para o  coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, o primeiro passo para esse planejamento é colocar todas as despesas no papel. Não se pode esquecer “as que não têm como mudar, como alimentação e moradia, e as relativas à educação, investimento e compras que já fez”, exemplifica. Depois, é preciso analisar quanto a pessoa, o casal ou a família ganham. Depois de calcular quanto sobrará no caixa, esse valor também deve ser administrado. Um ponto importante é que se a pessoa for solteira vale o papel e a planilha individual, mas se os gastos são compartilhados, “todo mundo tem que participar”, aconselha.

Quem acredita que uma forma de sair das dívidas são os financiamentos ou empréstimos, é bom analisá-los com cautela. De acordo com Marcela, “os concedentes de crédito ainda estão reticentes” devido à economia enfraquecida e só consegue a concessão quem tem alguma garantia ou emprego fixo. Além disso, para 2018 é importante evitá-los ao máximo. “Falamos de um ano que terá muita notícia positiva. É quando a recuperação vai se consolidar, mas é preciso ser otimista moderado. Não vai pegar e comprar tudo o que quer”, orienta ela. Para quem já está com esse tipo de dívida e não tem como pagar, Ricardo recomenda conversar com o credor. “É preciso expor a real situação porque os dois têm interesse em resolver”.Por outro lado, é importante se mostrar disponível a se regularizar em curto ou médio prazo para dar credibilidade no acordo. Outra opção é procurar a portabilidade de dívidas de bancos - para saber quais instituições têm interesse em comprar a dívida com um juro mais barato - ou se desfazer de algum bem material.