Meu Bonfim: 'Vi as meninas da Baixa comandarem a festa profana'

Joelma da Bahia e outras empoderadas reinaram no fim da lavagem; veja vídeos

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  • Milena Hildete

Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 02:00

- Atualizado há um ano

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No meio da rua, elas se disputavam a atenção atrás de caixas de som que tocavam os hits mais famosos do pagofunk. No lado esquerdo, tinha gente que preferia o tradicional reggae power. Ao fundo, o batuque dos tambores botava até gringo de cintura dura pra quebrar. Parecia até desfile de trio elétrico, sem corda e sem ordem.

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Enfim, era a xepa, o final da festa do Bonfim, na tarde desta quinta-feira (11). Quando a procissão acabou, as devotas - ou seja lá que status dar para as moças que dançavam como se não houvesse amanhã - transformam a Baixa do Bonfim em um verdadeiro Carnaval. Valéria foi pra lavagem para lacrar (Foto: Milena Teixeira/CORREIO) A dona de casa Valéria Barreto, 32 anos, passou a semana se preparando para a lavagem. Ela não comprou roupas brancas ou calçados confortáveis. Valéria preferiu comprar uma blusa vermelha, um short e uma meia-calça. “Eu vim pra lacrar, viu? Pensava em cada peça e ia comprando”, comentou. Orgulhosa da escolha, ela exibia o modelito inspirado em Anitta durante a festa.

A vendedora de jornal (do CORREIO, mais especificamente), Talia Silva, disse que foi pra curtir a festa e "meter dança". Com o look separado para a ocasião - uma cropped amarela e um shortinho jeans - a jornaleira chamou a atenção de quem passava. "Vim pra isso esse ano. Vou dançar até umas horas", avisou. Joelma da Bahia dançando na porta da Basílica do Bonfim (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A xepa do Bonfim teve direito até a uma “Joelma da Bahia”. A cover (oficial, diz ela) da artista se chama Adriana Silva. Devota de Senhor do Bonfim, ela chegou às 8h e ainda esbanjava energia por volta das 18h, quando ainda batia cabelo no meio do fuzuê. “Eu sou devota e, agora, estou curtindo. Vou ficar até quando acabar”, contou. Confira parte da performance.

Teve gente que aproveitou a ocasião para arriscar na paquera. As amigas Ana Pereira e Fátima Nascimento foram até o local para “beijar muito”.

“Cheguei cedo pra beijar na boca, mas não peguei ninguém. Vou continuar curtindo e estou 'bunita' no Carnaval. Vou sair atrás do Muquiranas", adiantou. As amigas Ana e Fátima foram atrás de crushs na festa  (Foto: Milena Teixeira/CORREIO) Devoção Quem não foi de manhã também aproveitou a tarde para fazer os pedidos e orações. O gastrônomo Raphael Barbosa veio do Rio de Janeiro e fez os agradecimentos e solicitações ao seu orixá. “Oxalá pede que a gente fique feliz e é isso que eu estou vendo aqui: felicidade”. 

O aposentado Antônio Silva, 73, fez questão de seguir a tradição. É que ele participa da procissão há 50 anos. “Venho desde quando eu me entendo por gente. Aproveito pra trazer a família toda”, disse.

Ao lado da filha, Letícia Silva, 37, ele finalizou a festa curtindo e dançando reggae. “Vou dançar e curtir aqui, porque já gosto de um reggae”, finalizou o idoso festeiro.