'Meu medo de Ana Marcela morrer afogada veio aí, com a medalha', diz mãe

Pais da campeã olímpica, Ana Patrícia e George Cunha comemoraram o ouro na maratona aquática

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 20:20

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Reprodução/Instagram @anamarcela92

Desde bem pequena, Ana Marcela Cunha já era apaixonada pelo mar. A atração, porém, que se tornava uma preocupação gigantesca para a mãe, Ana Patrícia Cunha, que tinha medo de um afogamento acidental da filha. Por isso, quando ainda tinha 2 anos de idade, a atleta foi matriculada em uma aula de natação. Mal saberia a mãe que, 27 anos depois, Ana Marcela se tornaria campeã olímpica da maratona aquática.

O ouro veio após a baiana completar a prova de 10km nas águas de Tóquio em 1h59m30s8, na noite da última terça-feira (pelo horário de Brasília, manhã de quarta no Japão). Foi a coroação da carreira de uma nadadora que gostava do esporte antes mesmo de nascer."Ela começou a nadar bem pequenininha. Mas acho que veio da barriga, porque ela mexia tanto (risos). Eu comecei a lembrar dos detalhes, ela mexia mais quando falava em natação do que quando falava em ginástica. Me deu 1x0 já na barriga. Meu medo de ela morrer afogada veio aí com resultado de uma medalha olímpica", disse Ana Patrícia, que é ex-ginasta, em entrevista coletiva promovida pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), nesta quarta-feira (4). Ana Marcela mostra a medalha de ouro (Foto: Júlio César Guimarães/COB) Segundo o pai de Ana Marcela, o ex-nadador George Cunha, vencer a maratona aquática em Tóquio era o principal objetivo da filha. Ficar fora do pódio? Não estava nem em cogitação.

"A gente tinha certeza que ela ia fazer o melhor dela, e que ia buscar o ouro. Esse era o plano A. O plano B era a prata e o C era o bronze. Não tinha plano D. Isso que foi planejado. É muita expectativa, mas a gente estava bem consciente de que foi todo um trabalho muito bem executado. Não tinha como dar errado", afirmou.

Apesar da meta ter sido sempre o ouro, os pais da atleta esqueceram de planejar uma coisa: a emoção de ver a filha campeã. "Não tem como dormir. O corpo treme, o coração dispara, a mente começa a funcionar, imaginando a cena da chegada. Muita emoção. Não sei que dia vamos dormir, deixa a gente curtir primeiro esse momento (risos)", comentou Ana Patrícia."Impressionante o número de mensagens, de ligações. Deu para cochilar um pouco só. Hoje cedo a gente já estava vendo televisão e tentando responder as pessoas. E tentando falar com Ana Marcela. Falamos bem rápido mesmo. Estou doida para chegar, encontrar com ela, abraçar, botar no colo...", continuou.Os pais, aliás, acompanhariam a nadadora na viagem ao Japão. Tinham ingressos e passagens compradas, hospedagem marcada. Mas veio a pandemia do coronavírus, e eles tiveram que assistir a filha de longe. "Ainda bem que tem internet e redes sociais. Ficar distante, coração disparado, querendo falar, querendo ver... Eu gritei, foi muito emocionante. Muita adrenalina e muitos gritos", comentou Ana Patrícia. Ana Marcela durante a maratona aquática em Tóquio (Foto: Jonne Roriz/COB) Durante um momento da entrevista coletiva, Ana Marcela apareceu em um telão, e fez questão de agradecer aos pais por tudo o que fizeram durante a jornada vitoriosa."Gratidão por tudo. Estou realmente muito feliz, caindo um pouco a ficha ainda dessa medalha. Quero agradecer demais a todo mundo, torcida. Amo vocês. A gente sabe o quanto foi difícil tudo, sair de Salvador. Sempre acreditaram e em nenhum momento deixaram de sonhar isso comigo. Serei eternamente grata a tudo o que vocês fizeram. Que a gente consiga colher ainda mais e mais frutos. Que essa medalha seja um símbolo de vitória sempre para a gente", falou a campeã olímpica."Nunca desistam dos sonhos de vocês. Eu tive a maior comprovação disso. Estou muito feliz. Cada gota de suor, de sacrifício, tudo o que eu deixei de lado para ir atrás do esporte, do meu sonho, valeu muito a pena. E essa medalha representa tudo isso. Ela não é só minha, é de todo mundo".

Sobre os planos para o futuro, tanto Ana Patrícia quanto George foram enfáticos: a filha estará na próxima Olimpíada, em 2024. "Ana Marcela e Fernando [Possenti, o técnico] já decidiram e já estão traçando as primeiras ações pensando em Paris-2024. Com fé em Deus, minha filha ainda vai ter mais uma medalha, como ela disse, e vamos deixar um legado bem maior", garantiram.