Mexer com mulher é barril e eles tão aprendendo na raça

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  • Flavia Azevedo

Publicado em 6 de março de 2019 às 13:51

- Atualizado há um ano

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Achei bem maravilhoso ver mulheres embaladas a vácuo e/ou quase praticamente nuas na pipoca de Salvador porque é precisamente disso que se trata: da liberdade de ir e vir, exatamente como quisermos. Isso, a gente não via, até recentemente, em especial nas festas de largo. Lembro muito bem de minha mãe me ensinando a me vestir pro Carnaval de um “jeito que não chame a atenção”. Bermudas largas, camisetas velhas e tops por baixo faziam parte do figurino que mais parecia roupa de guerra. E era. Perigoso sair “sozinha” (leia “sem um homem do lado”) numa festa onde grupos de playboys nos “pescavam” pra passar a mão em tudo que era lugar, onde cabelos eram puxados (minha mãe também dizia “é melhor prender”), onde bocas eram beijadas sem consentimento e de onde a minha conhecida saiu com a vulva roxa pelo aperto de um passante. Estaria preso, se fosse hoje quando é ótimo poder dispensar a escolta obrigatória dos amigos, quando não dependemos mais de ter um na frente e o outro atrás principalmente ao passar ao lado das cordas de bloco. “Brincadeira” preferida dos cordeiros sempre foi avançar sobre nós. De galera, claro. Pegando onde tivessem vontade, sem qualquer consequência. Uma vez tive a camiseta rasgada por um “Filho de Gandhy”, no centro da cidade. Não gosto do bloco até hoje, nem nunca mais vou gostar. Quanto aos Muquiranas, melhor nem comentar. Bem, o tempo passou. Finalmente, chegou o momento em que mexer com mulher é barril e eles tão aprendendo na raça. Importunação Sexual. Que delícia foi o primeiro Carnaval com esse crime tipificado. Senti muito prazer, confesso, num misto de "agora vai" e "bem feito pra esses babacas". Ri alto, por exemplo, do cara que foi preso porque apalpou uma bunda. Hoje, ao chegar no trabalho, vi um rapaz bem nervoso discutindo com uma moça, clamando por nossa paciência. Os limites entre assédio e paquera, segundo ele, ainda não estão bem desenhados. “Quando é assédio, o homem sabe”, disse ela e a minha gargalhada interna foi pura comemoração. Sim, eles sabem. Sempre souberam, na verdade. Ou deveriam imaginar que nunca foi bacana “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. Talvez, a dificuldade de entender seja apenas o fato de não nos consideram “alguém”, mas “coisa”. Por mim vão todos presos e é pouco. Veja bem: eu não ando pegando nas partes de desconhecidos que passam por mim, no Carnaval. Nem nas daquele deus que eu vi no Cortejo Afro, embora tenha sentido alguma vontade. Tem quem faça, claro, mas não é o normal. E, acredite: mesmo sem agredir, conseguimos comunicar desejo, querer e até necessidade, quando é o caso. Subjetividades. Comunicação. Sedução. É isso que os broders vão ter que exercitar, querendo ou não. Ou vai ser chuva de zero a zero, no melhor desfecho. No pior, é passar a folia, rodeado de macho, na prisão. Evoé, “feminazis”! Tá dando certo. A gente senta, mas é só querendo. Do mesmo jeito que rebola - mas só quando dá vontade - até o chão.