Mineradora pagará indenização de R$ 1 bilhão por danos materiais e ambientais em Minas

Barragens romperam na tarde de quinta-feira (5) e destruiu o distrito de Bento Rodrigues

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  • Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2015 às 18:45

- Atualizado há um ano

A mineradora Samarco, responsabilizada pelo rompimento das barragens no município de Mariana, fechou um acordo com o Ministério Público Federal e vai pagar R$ 1 bilhão de indenizações por danos materiais, ambientais e humanos causados em Minas Gerais. Segundo a coluna da jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo, serão depositados R$ 500 milhões agora e mais R$ 500 milhões em 30 dias.(Foto: Verônica Manevy/Imprensa MG)José Adércio Leite Sampaio, procurador da República em Minas, considerou o valor pequeno. "O valor ainda é pequeno diante da dimensão das perdas sócio-ambientais causadas pelo rompimento da barragem", disse ao jornal.

Além da indenização, a Samarco deve ser multada também pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em cerca de R$ 250 milhões. O valor foi estabelecido pela presidente Dilma Rousseff e pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Situação de emergênciaA barragem de rejeitos da mineradora Samarco rompeu na tarde desta quinta-feira (5) e inundou diversas casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região central de Minas Gerais. Até o momento, 11 corpos foram encontrados.

A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional, reconheceu situação de emergência, por procedimento sumário, no município de Mariana. O procedimento sumário ocorre quando os eventos são de grande intensidade e impacto. A portaria foi publicada na quarta-feira (11), no Diário Oficial da União. 

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Após o reconhecimento da situação de emergência, o governo federal poderá ampliar as ações de assistência e reconstrução das áreas prejudicadas pelo desastre. Além disso, as pessoas atingidas poderão sacar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). "A partir do reconhecimento, poderemos fazer mais do que prestar assistência humanitária", disse, em nota, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi.

Segundo o ministério, o governo federal tem prestado apoio às autoridades locais e à população desde os primeiros momentos após a tragédia. Na sexta-feira (6), dia seguinte ao incidente, Occhi, e o secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Adriano Pereira, sobrevoaram a área atingida e reuniram-se com representantes da mineradora Samarco e da prefeitura de Mariana. A secretaria articula as ações dos órgãos do governo federal para auxiliar os trabalhos na região.(Foto: Agência Brasil)Desastre ambientalEm Governador Valadares, cidade mais afetada pela interrupção no abastecimento de água depois que a lama proveniente do rompimento das barragens chegou ao Rio Doce, a população faz filas para comprar água mineral e reclama da falta de uma solução para o problema.

A cidade, que fica a 300 quilômetros do município onde as barragens se romperam, tem 280 mil habitantes e a água precisou ser cortada após o fluxo de lama com rejeitos de mineração atingir o rio, que é a principal fonte de abastecimento local. O município decretou estado de calamidade pública. 

Segundo o fotógrafo e ambientalista Leonardo Merçon, após a chegada da lama, a água do Rio Doce “parece um achocolatado com cheiro de ferrugem”. Ele coordena a organização não governamental Últimos Refúgios, que trabalha com preservação do meio ambiente, e foi a Governador Valares ver e fotografar a situação.

"É possível ver peixes morrendo asfixiados, camarões indo para as pedras quentes para fugir da lama", disse. "Todos os seres vivos do Rio Doce que precisam da água para respirar morreram", acrescentou.

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