'Minha emoção foi muito grande', diz ganhadeira de Itapuã após desfile na Sapucaí

Escola fez homenagem ao grupo baiano durante desfile no Rio de Janeiro

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 24 de fevereiro de 2020 às 10:16

- Atualizado há um ano

Foi "De Alma Lavada" que a Unidos do Viradouro entrou nesse domingo (23) na Marquês de Sapucaí. A escola de samba de Niterói escolheu como tema do desfile o grupo musical baiano As Ganhadeiras de Itapuã, em um enredo que destacou o protagonismo feminino na história brasileira. 

"Minha emoção foi muito grande, mas eu me controlei. Graças a Deus, o desfile foi muito lindo. E eu fico tão emocionada pois nunca vi uma quantidade de gente tão grande como vi aqui. Era muita gente nos aplaudindo. Tenho certeza que vamos ganhar!", disse Dona Tereza Conceição, que desde a fundação, em 2004, faz parte das Ganhadeiras de Itapuã. 

Ela e as outras mulheres que fazem parte do grupo vieram no último carro alegórico da Viradouro, encerrando o desfile. 

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E para essa homenagem, duas baianas de peso deixaram o Carnaval de Salvador de lado e vieram para a Sapucaí. Margareth Menezes que, na quinta e sexta-feira de Carnaval puxou a pipoca no Circuito Barra/Ondina, e ontem esteve em Recife, fez questão de desfilar na Viradouro. 

"Elas são um tesouro para a Bahia e o Brasil. Elas representam as mulheres negras, a luta contra a descriminação e pela liberdade. O reconhecimento da Viradouro foi grandioso e fiquei feliz com o convite da escola, não podia faltar", disse Margareth, que veio vestida de cantora de Carnaval, num destaque do quarto carro alegórico, que representava a musicalidade baiana.

Essa foi o primeiro desfile de Margareth numa escola de samba. Na frente do carro alegórico, como musa da escola, veio a dançarina Lore Improta, que saiu pela segunda vez na Viradouro. Na primeira ocasião, em 2018, a dançarina levou sorte para a Vermelho e Branco de Niterói, que conquistou o título da Série A e passou a desfilar no Grupo Especial.

Esse ano, Lore desfilou de Rainha do Carnaval de Itapuã. "Poder voltar com um samba que fala sobre a Bahia foi muito incrível. Tenho certeza que vamos ganhar e vou voltar no sábado das campeãs, se Deus quiser", disse Lore.

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No ano passado, a Viradouro ficou em segundo lugar e esse ano chegou como favorita para a conquista do título. O desfile abordou desde as ancestrais das Ganhadeiras, mulheres zungueiras que vieram da África para o Brasil e aqui se estabeleceram como escravas de ganho, aos outros movimentos compostos somente por mulheres, como as Catadeiras do Sisal, de Valente, interior baiano, e as Farinheiras de Barrocas, também da Bahia.  

Na comissão de frente, a escola homenageou as zungueiras, com mulheres que daçavam com gingado forte, saudando Oxum e pedindo passagem para a escola. As senhoras da ala das Baianas foram vestidas de baianas quituteiras, que hoje são as mulheres que vendem Acarajé nas ruas de Salvador. O carro abre-alas, todo dourado, tinha uma fonte que jorrava água na avenida. Já a segunda alegória fez uma representação da bica de Itapuã, onde os escravos íam pegar água para seus senhores.

A bateria foi fantasiada do grupo de afoxé Malê Debalê. "A gente pesquisou, estudou e preparamos uma nuance de ritmos baianos para juntar com o samba", disse Mestre Ciça, que comanda a bateria e veio vestido de Rei Malê. Já Raissa Machado, a rainha da bateria, foi vestida de Rainha Malê. 

Na 20ª ala, que representava a festa de Iemanjá, a escola ainda trouxe um elemento cênico enorme, a Baleia de Itapuã, festa criada por João Loureiro e Waly Salomão, em 1987. Após o carnaval, a estrutura vai ser doada ao grupo que mantém a festa viva até hoje. 

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