Ministro minimiza assédio na Rússia: 'Se preocupam com tolices'

Vinícius Lummertz, do Turismo, acredita que Brasil está intolerante com falhas humanas

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  • Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2018 às 16:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: CNN/Reprodução

O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, está em Moscou para acompanhar a Copa do Mundo e promover uma ação da Embratur. Em entrevista ao UOL, ele comentou o episódio em que brasileiros gravaram um vídeo pedindo que uma russa repetisse palavras de baixo calão referindo-se à genitália dela.

O caso teve grande repercussão negativa entre os brasileiros, o que, para Lummertz, é um sinal de intolerância com a falha humana. "A repercussão foi grande por causa das redes sociais, não pelo fato em si. Porque não morreu ninguém, ninguém foi assassinado. Perante o mundo real, eu entendo o simbolismo, mas o simbolismo não representa nada estatisticamente. Aqui existe um outro nível de tolerância com a falha humana. Perdemos completamente a tolerância com a falha humana no Brasil. Nós estamos em uma era, no Brasil, em que agimos como se as pessoas fossem obrigadas todas a serem perfeitas e ninguém pudesse cometer erros, o que é uma grande mentira", disse em entrevista ao UOL.

O ministro destacou ainda que "as pessoas se preocupam com tolices" e que a Rússia recebeu cerca de 70 mil brasileiros para o Mundial, o que faz com que os torcedores do vídeo sejam uma minoria. "As pessoas se preocupam com tolices, bobagens cometidas por cinco ou seis pessoas em 70 mil. Estamos deformando as coisas no país. O Brasil é um país também adolescente na forma de avaliar as coisas. As pessoas que agiram mal, elas agiram mal. Está errado, e aí? Qual o problema? Estão passando vergonha. Deviam estar preocupados com os 62 mil assassinatos e recordes de acidentes de trânsito que temos. As pessoas estão se matando. Estamos preocupados com cinco pessoas que fizeram bobagem. Nas Olimpíadas, aquele nadador americano não fez uma bobagem? Bobagem faz parte da vida, tolices, erros", completou Lummertz.

A opinião pessoal de Vinicius Lummertz é contrária ao que diz o governo federal de forma oficial. Após o episódio, o órgão fez diversas postagens de repúdio ao assédio e críticas à violência contra a mulher. Uma delas diz que "a atitude de alguns envergonhou e gerou indignação em todo o país. Seja no Brasil, na Rússia ou em qualquer lugar, temos que combater a violência contra a mulher".

Em todas as postagens, o governo federal orienta a denunciar qualquer tipo de assédio e nunca minimizá-lo.