Miseravão das contas: aluno de rede pública coleciona 33 medalhas

Conheça outros 10 baianos bons de cálculo

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  • Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo Pessoal

Função logarítmica, matrizes compostas, polinômio, geometria são assuntos da Matemática que dão medo na maioria dos alunos do ensino médio, mas o soteropolitano Alan Gualberto de Souza de Freitas de Pinho, 19 anos, tira de letra – ou melhor: resolve facinho.

Desde 2009, quando cursava a 5º série, ele coleciona medalhas e menções honrosas em olimpíadas estaduais e nacionais de matemática, física, astronomia e astronáutica, biologia e química. São 33 medalhas (22 de ouro, 8 de prata e 3 de bronze) e três menções honrosas - confira a relação das premiações abaixo.

A maioria dos ouros (13) é de olimpíadas de Matemática, e o restante, de Física (seis) e Astronomia e Astronáutica (três). O ouro mais recente recebeu em 14 de novembro, na cerimônia de premiação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP 2016). Alan: aluno da rede pública, premiado, cursa Medicina na Ufba  (Foto: Acervo Pessoal)     Realizada no Rio de Janeiro, a cerimônia premiou, no total, 501 estudantes de todo o Brasil com o ouro, sendo 11 deles da Bahia - entre 17,8 milhões de participantes do país. A olimpíada é organizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Esta foi a 12ª edição.“Por receber medalhas em outras edições da olimpíada, tive acesso a um programa de iniciação científica que ensina assuntos que se vê pouco ou não são dados no ensino médio, como geometria analítica, álgebra, teoria dos números, criptografia e trigonometria”, comentou Alan, que mesmo com o sucesso em exatas, optou por estudar Medicina.E olhe que em olimpíadas de biologia e química, conteúdos mais exigidos em cursos de Medicina que disciplinas de exatas, ele recebeu apenas menções honrosas. “Optei por Medicina porque tem um contato maior com pessoas, é mais social. Exatas deixa a pessoa muito isolada”, comentou o aluno do 2º semestre da Universidade Federal da Bahia (Ufba).  Predestinado Crescido em um bairro de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, cujo nome – Triângulo – é uma figura geométrica, um dos assuntos mais preferidos, Alan diz que, apesar de ter decidido ser médico, é um apaixonado pelos números e cálculos, herança da mãe Magali e da avó materna Marinalva, ambas professoras de Matemática.

“Desde pequeno, sempre gostei de estudar e fazer contas, o que fui aprimorando com o tempo. Em minha primeira participação em olimpíada eu ganhei somente a menção honrosa, e isso me estimulou a querer o ouro, a fazer cada vez melhor”, disse o jovem. "Minha dica é esta: acreditar que é possível chegar onde se deseja, se dedicar e ser persistente”.

Em Candeias, Alan estudou durante o ensino fundamental no Colégio Militar – a disciplina na unidade escolar, ele conta, foi essencial para o aprendizado, reforçado também pelos bons professores. “Outros colegas meus também se dedicavam muito ao estudo e isso nos estimula”, comentou Alan, que depois fez o curso técnico em química no Instituto Federal da Bahia (Ifba).

“A Matemática é uma disciplina que não é tão difícil quanto se imagina. Claro que uns têm mais facilidades que outros. Mas quando se tem determinação se consegue. Para as olimpíadas, eu estudava três horas por dia, fora as outras disciplinas normais da escola. E saía com amigos para praia, cinema, para praticar esportes”, ele disse.

Sobre outras disciplinas, como da área de humanas, ele contou nunca ter tido dificuldades. História, Geografia, diz Alan, “são assuntos legais, importantes para se entender o mundo", conclui.  Meninos de ouro Outros baianos também receberam ouro na OBMEP 2016 são Liz Andrade Varela, Maria Eduarda Gonçalves Freitas (ambas de Salvador), Henrique Carneiro Cardoso (de Tanque Novo), Luan Arjuna Fraga Ramires (Andaraí), Flávia Kamila Malheiros dos Santos (Palmas do Monte Alto), os irmãos Gabriel e Gustavo Reis Rocha e João Vitor Tigre Almeida (estes três, de Vitória da Conquista) e Dickson Ferreira dos Santos, que é de Araci.

A OBMEP 2016 tem três níveis: o primeiro de alunos do 6º e 7º ano; o segundo do 8º e 9º e o terceiro do ensino médio. As olimpíadas, que têm duas fases, a primeira de 20 questões de múltipla escolha e a segunda com seis questões abertas, premiaram ainda 1.500 alunos com a prata, 4.500 com o bronze e 42.482 receberam menções honrosas.

Aos 13 anos, Liz Varela, aluna do 8º ano do Colégio Militar de Salvador, no bairro da Pituba, competiu com alunos do 6º e 7º ano. “Foram provas difíceis, mas consegui me concentrar e fui bem”, ela comentou, informando depois que a preparação ocorreu num curso de iniciação científica júnior que ela participa na Ufba.

Liz foi convidada a participar do curso na Ufba depois de ganhar a medalha de bronze na mesma olimpíada na edição de 2015. A paixão pela Matemática está no sangue – o pai dela, Sandro Varela, é analista de sistemas, carreira que ela pensa em seguir quando adulta. A ferinha em matemática disse que se dedica apenas duas horas por dia para estudar. Liz com os pais: amor pela Matemática veio de casa  (Foto: Acervo Pessoal) “Tem dia que estudo mais (por exemplo, quando estava perto das provas), outros menos, mas em média estudo umas duas horas”, relatou a menina que sempre reserva tempo para as amizades: “Dá para conciliar tudo facilmente se você se organizar e tiver foco nas horas que separou para estudar. Minha dica maior é esta: saber aproveitar o tempo de estudo”.

Apesar de dizer que não está indo mal em disciplinas da área de humanas, a adolescente afirma que têm tido dificuldades: “Acho que Geografia e História pra mim são as mais difíceis. Eu gosto delas, mas Matemática eu amo muito mais”.  Irmãos premiados Em Vitória da Conquista, Sudoeste baiano, onde residem três alunos premiados, os irmãos Gabriel e Gustavo Reis Rocha conseguiram ganhar a medalha estudando apenas os dois juntos. “Às vezes ele me ajudava em uma coisa e eu em outra. Na maioria das vezes, estudamos juntos”, contou Gabriel, que tem 14 anos e, assim como o irmão, de 12, estuda no Colégio Militar.

Aluno do 1º ano, Gabriel recebeu a menção honrosa na primeira vez que participou da olimpíada, em 2015. Já o irmão, que está no 8º ano, é a primeira vez que é premiado. Tanto gosto dos meninos pela matemática tem uma explicação: os pais, Robério e Eliana, são professores da disciplina. Os irmãos Gabriel e Gustavo acompanhados do pai, o orgulhoso professor de Matemática, Robério (Foto: Acervo Pessoal) “Somos uma família que adora fazer contas”, brincou Gabriel, que dedica um tempo de duas a três horas de estudo, entre a matemática e outras disciplinas. “O foco maior na matemática é quando está mais perto das olimpíadas, aí tem de aumentar o ritmo para quando chegar na hora da prova não demorar de resolver as questões”, comentou.

João Vitor, de 15 anos e também morador de Vitória da Conquista, está no 1º ano do curso de Eletromecânica do Ifba e ganhou pela segunda vez uma medalha. Na olimpíada de 2015 ele recebeu a prata. Sobre as provas do ano passado, ele disse que a aberta, da segunda fase, “foi mais difícil”. "Tive que lembrar de muita coisa para acertar fazer as questões”, disse.

A OBMEP é promovida com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e do Ministério da Educação (MEC), com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).

A olimpíada integra o calendário de atividades do Biênio da Matemática do Brasil 2017-2018, que tem patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e apoio dos ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e da Educação.

Criada em 2005 pelo Impa, a OBMEP tem como metas estimular o estudo da Matemática e revelar talentos, promovendo a inclusão social pela difusão do conhecimento. João Vitor: um dos 17,8 milhões de participantes da edição de 2016 da competição do Impa (Foto: Acervo Pessoal) O impacto efetivo da OBMEP nos resultados de Matemática no país tem sido medido por estudos independentes. De acordo com trabalho do ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o matemático Chico Soares, escolas que participam ativamente da competição apresentam melhora no desempenho dos alunos de 26 pontos na Prova Brasil, o equivalente a 1,5 ano de escolaridade extra.  Haja pescoço! As premiações de Alan: 2016 Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Bronze na Olimpíada Brasileira de Matemática, OBM. Medalha de Prata na Olimpíada Brasileira de Física, OBF. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, OBA. Medalha de Prata na Olimpíada de Matemática - Fase Regional Bahia, OBM-Bahia. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Física Fase Bahia, OBF-Bahia. Medalha de Ouro na Olimpíada de Matemática do Estado da Bahia, OMEBA.

2015 Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Ouro na Olimpíada de Matemática - Fase Regional Bahia, OBM-Bahia. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, OBA. Menção Honrosa na Olimpíada Baiana de Biologia, OBABIO. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas, OBFEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas Fase Bahia, OBFEP-Bahia. Medalha de Prata na Olimpíada Brasileira de Física Fase Bahia, OBF-Bahia.

2014 Medalha de Prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Fase Bahia, OBMEP-Bahia. Menção Honrosa na Olimpíada Norte Nordeste de Química, ONNeQ. Medalha de Ouro na Olimpíada de Matemática - Fase Regional Bahia, OBM-Bahia. Medalha de Prata na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas, OBFEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas Fase Bahia, OBFEP-Bahia. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, OBA.

2013 Medalha de Prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Fase Bahia, OBMEP-Bahia. Medalha de Ouro na Olimpíada de Matemática - Fase Regional Bahia, OBM-Bahia. Menção Honrosa na Olimpíada Baiana de Química, OBaQ.

2012 Medalha de Prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Bronze na Olimpíada de Matemática Fase Regional Bahia, OBM-Bahia. Medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Fase Bahia, OBMEP-Bahia. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas, OBFEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas Fase Bahia, OBFEP-Bahia.

2011 Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Fase Bahia, OBMEP-Bahia.

2010 Medalha de Prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Fase Bahia, OBMEP-Bahia.

2009 Medalha de Bronze na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, OBMEP. Medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Fase Bahia, OBMEP-Bahia