Mocotó com samba do padre no IAPI atrai mais de 3 mil pessoas

A iguaria é servida na Paróquia São Paulo Apóstolo, no IAPI, para mais de três mil fiéis; iniciativa é para arrecadar dinheiro para reforma da igreja

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  • Milena Hildete

Publicado em 14 de janeiro de 2018 às 15:54

- Atualizado há um ano

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Há dez anos, o agente de turismo Luis Henrique Albuquerque guarda um domingo do mês de janeiro e vem até Salvador. Ele sai cedo do município de Santo Amaro e vai até o final de linha do bairro do IAPI para comer o mocotó feito pelo padre Valson Sandes, da Paróquia São Paulo Apóstolo.

O Mocotó do Padre, como é conhecido o evento que serve a trradicional iguaria nordestina, recebe fiéis vindos de diversos lugares de Salvador, Região Metropolitana e até de outros estados vizinhos. Para Henrique, o sabor compensa - e muito - a distância. “É mágico. A comida é muito saborosa”, comenta, empolgado com o tempero de padre Valson. O padre Valson mexeu o pirão que acompanha o mocotó (Foto/Marina Silva/CORREIO) O mocotó é organizado pela Paróquia e acontece sempre no primeiro mês do ano, antes do dia 25, quando é celebrado o dia de São Paulo, padroeiro da igreja. O evento, que visa arrecadar dinheiro para reforma do templo, transformou o fim de linha do IAPI em uma verdadeira festa de largo com direito a banda de forró, bingo, camisa customizada e a presença de mais de três mil pessoas, na tarde deste domingo (14).

Diferente de Henrique, a empresária Maria das Graças nunca tinha comido mocotó. Antes de provar o prato, ela aproveitou para curtir a festa. Até porque mocotó é comida pesada e ela preferiu garantir a geladinha antes: “Eu cheguei, tomei minha cervejinha e, agora, vou experimentar o mocotó". Ela ainda falou sobre a iniciativa de padre Valson. "Achei muito legal e é muito organizado toda a festa", completou.

A mesa da família Silva estava lotada de gente. Isso porque, a auxiliar administrativa Eliene Silva levou mãe, os filhos e a netinha de dois meses de vida para aproveitar a tarde. “Eu moro aqui no bairro e trouxe todo mundo pra cá hoje. Venho desde o ínicio, porque gosto muito da festa e do mocotó”, explica.

O segredo de voinha 

O mocotó mistura bucho, calabresa, farinha, limão, coentro, salsa, pé de boi e oração. Quem ensina, mas sem dizer as proporções certas, repare bem, é o próprio padre Valson, que aprendeu a receita com sua avó. “Tem oração no meio e a gente também não usa tomate", revela, rindo.

"O mocotó nada mais é que o pé do boi. Cada um pesa cerca de 3kg. o prato é como uma feijoada, só que sem feijão. Com aquele caldo é que é feito o pirão. Essa é receita que minha avó me ensinou, com quem aprendi desde muito novo, porque sempre gostei muito de me meter na cozinha", contou padre.   Membros da congregação ajudando na preparação dos pratos, antes de servir (Foto/Marina Silva/CORREIO) Foca no mocotó

A cozinha que prepara o mocotó é agitada. São mais 60 pessoas no espaço situado ao lado da Paróquia. Enquanto a voluntária Eliane Moura separa a carne para colocar no prato, o padre já chega falando: “Olha, eu sei que está todo mundo cansado, mas a fila do mocotó está grande”. A rapidez é necessária para separar quase uma tonelada de carne, servir em porções e atender as três mil pessoas esperadas para a festa.

Para garantir a produção, os voluntários começaram a chegar na cozinha por volta das 7h da manhã do último sábado. “Gosto de participar de um evento que tem importância para a Paróquia”, comenta Eliane. Ela precisou até  passar por um curso para trabalhar na cozinha do mocotó. 

A oficina foi ministrada pela nutricionista Janeises dos Santos, que ainda era estudante quando participou da primeira edição do evento. “Sou filha da comunidade e, por isso, tento ajudar. Ajudei o pessoal da cozinha com a manipulação dos produtos e verifico a qualidade dos alimentos”, conta.

Fundos para a igreja Cada quentinha ou prato de mocotó foi vendido por R$ 25. Bebidas, sobremesas e lanches também foram vendidos no local.

O dinheiro arrecaddo, segundo padre Valson, é para arrecadar fundos para a igreja. Ele diz que a paróquia precisa de R$ 150 mil para a reforma e estima que o lucro da festa seja de R$ 50 mil.

Confira mais fotos do Mocotó: