Moda comunica mais que tendências

Representatividade  é o tema desse editorial fotografado e protagonizado por jovens negros

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  • Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2020 às 15:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Renan Benedito

A moda comunica muito mais que tendências, lançamentos e produtos de desejo. Através das imagens que cria, possui a força de inspirar, influenciar, evidenciar e representar relevantes questões sociais como a luta antirracista. Esse talvez seja seu papel mais importante, o da representatividade. Como escreveu o intelectual e presidente da Fundação Luiz Gama, professor Silvio Luiz de Almeida, em sua obra O Racismo Estrutural, a importância da representatividade está em “desmantelar as narrativas discriminatórias que sempre colocam minorias em locais de subalternidade”. Pensando em todas essas questões que fervilham no mundo, decidimos convidar um jovem fotógrafo negro baiano, Renan Benedito, 23 anos (@renabenedit) - que, com pouco tempo de atuação, já soma trabalhos  para Renner, Itaú e exposições no Museu de Arte Moderna da Bahia-, para que criasse imagens relacionando  a moda com a representatividade negra. Desafio fácil para um fotógrafo autodidata que se considera um apaixonado por contar histórias através da fotografia.

oi o que ele fez neste ensaio, protagonizado por outros dois jovens negros, de bairros periféricos de Salvador, que já enfrentaram situações de preconceito pela cor da pele. “Continuarei mostrando através da fotografia que o preto é esperança, vida, amor e verdade” sentencia Renan. Confira o resultado desse trabalho que exalta verdadeiras expressões artísticas e lança uma mensagem de esperança. E conheça também as histórias dos modelos. O editorial ainda teve a arte criada pelo também jovem artista visual negro Igor Aquino (@astronautade.marmore). Henrique Gonçalves (Fotos: Renan Benedito) Como um rock star Henrique Gonçalves, 26 anos, morador de Cosme de Farias, descobriu ainda adolescente a paixão pela música. Sem referências de músicos em casa, começou aprendendo a tocar violão sozinho através de revistas, já que não tinha computador. Assim, conseguiu estudar música até se profissionalizar na Universidade Católica da Bahia, um grande desafio que tem orgulho de ter superado. Apesar de não trabalhar só com o que ama - ele também faz manutenção elétrica e de energia solar - não abandona a música. “Ela teve um papel muito importante na minha vida, me fez conhecer pessoas e me expressar. Me sinto melhor graças a ela”, conta.  A esperança de uma vida pode estar, sem dúvidas, na arte. Pablo Santos Na trilha musical Pablo Santos, 20 anos, morador do bairro de Massaranduba, descobriu o poder da música por conta da igreja. Se candidatou a aprender teclado e não deixou mais. Seu maior desafio foi pagar as aulas e conseguir ter o instrumento em casa. Conseguiu graças à ajuda da sua congregação e dos amigos. Desempregado e com as aulas do curso técnico de administração suspensas, por causa da pandemia, foi na música que encontrou o maior consolo. “A arte é como uma válvula de escape para enfrentar tudo ao nosso redor, e principalmente, as batalhas que enfrentamos em nosso interior” divaga Pablo.