Morador do Dois de Julho flagra três homens espancando mulher; veja

Agressores seriam vendedor ambulante, taxista e segurança

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  • Bruno Wendel

Publicado em 19 de junho de 2018 às 15:35

- Atualizado há um ano

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Barbárie e covardia definem a atitude de três homens que espancaram um moradora em situação de rua na noite desta segunda-feira (18), no bairro Dois de Julho, em Salvador. O vídeo enviado ao CORREIO por um morador do bairro mostra os agressores atacando a mulher, encurralada em poste de iluminação pública, em frente à sede da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA). 

Os autores seriam um vendedor ambulante, um taxista e um segurança – já conhecidos no Largo Dois de Julho. As cenas são chocantes. A todo momento a vítima berra e implora para não apanhar. A gravação tem a duração de 58 segundos, mas segundo o denunciante, a vítima foi espancada por quase meia hora.  “Ver aquilo era revoltante. Era uma mulher espancada covardemente. Seja o que foi que ela tenha feito, não merecia aquela situação. Foi uma tortura ver aquilo, então filmei”, contou o autor do vídeo que por uma questão de segurança preferiu não se identificar. 

A mulher foi agredida a socos, tapas, chutes, além de ter sofrido golpes com uma barra de madeira. “Uma selvageria. Como o ser humano é capaz disso? Ela dizia o tempo todo que estava de resguardo, indicando de tinha acabado de parir, mas eles estavam nem aí. Foi uma tortura para quem viu, imagina pra ela”, disse o morador em entrevista ao CORREIO na manhã desta terça-feira (19). 

Moradores da região apontam como agressões um vendedor ambulante, um taxista e um segurança. Os três, confirmam, são vistos com frequência no Largo Dois de Julho. 

Roubo De acordo com a testemunha, a mulher, uma moradora de rua que vive perambulando pelo Centro, caminhava carregando nas costas uma mochila, quando foi surpreendida pelo taxista, que parou o carro em frente ao Procon-Ba e desceu segurando um pedaço de madeira em uma das mãos. “Em seguida, o vendedor ambulante agarrou a mulher pelo pescoço e a imprensou no poste. Foi quando o taxista a atacou com o pedaço de madeira. O segurança chegou logo depois e se juntou aos outros dois nas agressões à mulher”, contou o morador. 

Segundo o autor do vídeo, entre murros, chutes, tapas e outros tipos de agressões, os três homens acusavam a mulher de ter roubado um idoso com o uso de uma faca. “Cadê o dinheiro do coroa? ”, perguntava um. “Dê o dinheiro do coroa, ande! ”, dizia outro.  Eles insistiam a cobrança ao mesmo tempo que a mulher berrava. “Eu não roubei nada, para por favor, para. Estou de resguardo, não roubei ninguém”, repetia a mulher. 

Gravação Os gritos da moradora de rua chamaram à atenção dos moradores do Dois de Julho que começaram a gritar. “Estava em casa quando ouvir os berros, quando cheguei pra ver, vizinhos disseram que ela apanhava por quase meia hora. Pra se ter ideia, o segurança batia nela com tanta força, que em um determinado momento ele balança a mão, como se ardesse de tanto tapa que dava”, contou o morador.

Ainda de acordo com ele, o vendedor ambulante, o taxista e o segurança pararam o espancamento quando a população dizia que já havia chamado a polícia. Ainda assim, uma quarta pessoa, um outro homem, surgiu e tentou atacar a moradora de rua, que conseguiu correr em direção ao Campo Grande.

Segundo ainda as declarações do autor do vídeo, a mulher saiu bastante machucada. “Não sei como ela suportou tanta agressão. Ela é uma muito magra, de estatura mediana”, disse ele. 

O CORREIO tentou localizar a moradora de rua. Percorreu alguns pontos onde ela era vista com frequência, como Praça da Piedade, Campo Grande e imediações da Praça Castro Alves, mas sem sucesso. O CORREIO conversou com moradores e comerciantes disseram que a vítima não apareceu no Dois de Julho na manhã desta terça. 

Como denunciar?  Ocorrências de agressão a pessoas em condição de vulnerabilidade social também podem ser reportados a instituições como o Ministério Público. Os agredidos também podem buscar suporte em organizações. Confira: Corra pro Abraço, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia - O projeto oferece apoio multisciplinar, com assistência jurídica, psicólogos e sociólogos para pessoas em condição de vulnerabilidade. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 16h30, na Rua Arquimedes Gonçalves, nº 154, Nazaré. GEDHDIS, do Ministério Público - Oferece suporte a pessoas com algum tipo de direito violado e também fornece auxilio psicológico e juridico gratuitamente. Funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h, com intervalo de almoço entre 12h e 13h, na Avenida Joana Angélica, nº 1312, Nazaré. Centro de Referência Nelson Mandela - Funciona na Avenida Manoel Dias da Silva, nº 2.177, Pituba, e também presta apoio a moradoresem situação de rua. O serviço é oferecido de segunda a sexta-feira, das 9 às 12h e das 14 às 18h. Defensoria Pública – A busca da Defensoria ocorre quando há interesse em judicializar a questão. O atendimento é marcado por meio do 129.