Moradores de áreas de risco de Salvador recebem 1,8 mil apartamentos novos

Do total, 73 famílias com crianças de microcefalia foram contempladas

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  • Gil Santos

Publicado em 9 de março de 2018 às 16:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Gil Santos/CORREIO

Desde que a pequena Ayla Cardoso, 2 anos, foi diagnosticada com microcefalia, a dona de casa Ju Daiane Freitas, 29, e o marido dela tiveram que adaptar a vida em torno da filha. Depois que a menina nasceu, a casa onde a família vivia ficou pequena, principalmente, porque parte do imóvel ainda estava no reboco.  A realidade dos Cardoso e de outras 1.799 mil famílias começou a mudar na manhã desta sexta-feira (9). Ayla é uma das 73 crianças com microcefalia que vão morar no conjunto (Foto: Gil Santos/ CORREIO) No total, 1,8 mil moradores de áreas de risco foram beneficiados pelo programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, e receberam as chaves dos novos apartamentos. O Residencial Margaridas fica no bairro de Jardim das Margaridas, e foi fruto de uma parceria entre o Ministério das Cidades e a prefeitura de Salvador.

"Fiz a vistoria do imóvel no dia 31 de janeiro. Ficou lindo. Estou achando ótimo. A casa em que vivia com meu marido e minha filha pertence a minha mãe. É um imóvel com dois quartos, mas um deles está sem piso e sem reboco. O apartamento que recebemos hoje tem 43 m², ou seja, é maior que a casa onde a gente morava, o que é bom porque minha filha terá mais espaço para se desenvolver", contou a mãe de Ayla.

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A família de Ayla é uma das 73 com crianças de microcefalia que vão morar no condomínio. Por isso, a prefeitura construiu uma escola e um posto de saúde para atender aos moradores. Os Cardoso pretendem fazer a mudança nos próximos cinco dias, e a dona de casa já planeja a decoração da nova casa. "Vou mudar a textura de uma das paredes, e estou pensando em outras coisas", disse, contente. Prefeito discursa durante o evento (Foto: Gil Santos/ CORREIO) Investimentos Os apartamentos estão distribuídos em prédios com até quatro andares, com ruas afastadas e estacionamento. A construção do condomínio custou R$ 125 milhões aos cofres do governo federal e recebeu R$ 1,3 milhão de investimentos da prefeitura. O prefeito ACM Neto destacou o caráter social da ação.

"São pessoas que viviam em área de risco da nossa cidade e estão agora recebendo a casa própria, e que vão poder morar com toda a segurança e conforto. São pessoas que foram sorteadas pelos critérios da Caixa Econômica Federal, e do Ministério das Cidades. Esse é um dia especial também porque 73 famílias com crianças com microcefalia também serão beneficiadas, com educação pré-escolar e posto de saúde", afirmou. As instalações de um dos prédios recém-entregues (Foto: Gil Santos/ CORREIO) O prefeito anunciou também que os moradores terão acesso ao transporte público sem precisar sair do conjunto porque os ônibus vão circular pelo condomínio. Ele assinou a ordem de serviço para a requalificação da Rua Joaquim Ferreira, que servirá como novo acesso do conjunto ao Bosque das Bromélias.

O serviço será coordenado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), e vai englobar drenagem e pavimentação asfáltica. A medida vai permitir que os moradores cheguem mais rapidamente às estações Mussurunga e Pirajá.

O ministro das Cidades, Alexandre Baldy, destacou a importância do programa. "É uma alegria enorme está em Salvador para realizar o sonho de quase duas mil famílias. Foram mais de 125 milhões (de reais) em investimento do governo federal, promovendo essas tão esperadas moradias. Entregando para as famílias as chaves da casa própria e retirando elas de moradias em condições subumanas e degradadas", afirmou. Cítia (vestido vermelho), a mãe, os dois filhos e a sobrinha (Foto: Gil Santos/ CORREIO) Moradores A doméstica Cíntia Araújo, 31, estava esperando há cinco anos pela oportunidade de ter a casa própria. Ela mora com a mãe e os dois filhos, Pedro Araújo, 12, e Lara Sofia Araújo, 9, no bairro de Alto de Coutos, no Subúrbio Ferroviário. Essa será a primeira vez em que ela vai morar sem a mãe.

"A gente sempre quer o nosso cantinho. Fizemos a vistoria e o apartamento está muito bonito. Está tudo muito lindo. Eles (os filhos) estão ansiosos porque não estavam no dia da vistoria; eles ainda não viram o apartamento", contou a nova moradora do Bloco 35.

A empolgação também tomou conta da manicure Andrea Caetano, 42, enquanto caminhava pelo condomínio. Ela contou que quase perdeu o prazo de inscrição para participar do sorteio. "Eu trabalhava em uma escola e soube do programa através da mãe de um aluno. Ela contou que tinha feito a inscrição, e percebi que eu também me enquadrava no perfil. Fiz a inscrição faltando dois dias para o sorteio", relembrou.

Ela mora com o marido e um filho no bairro de Brotas. A família mora de aluguel, e as contas apertaram depois que Andrea perdeu o emprego na escola. Agora, eles estão preparando os móveis e encaixotando os pertences para fazer a mudança nos próximos dias. No total, 1,8 mil famílias foram beneficiadas (Foto: Gil Santos/ CORREIO) Do total de moradores, 1.020 famílias foram selecionadas pela prefeitura, e o restante pelo governo do estado. A seleção dos proprietários contou com análise de critérios como renda familiar de até R$ 1,8 mil, existência de crianças com microcefalia na família e moradia em situação de risco geológico, de acordo com a Portaria 321/2016, do Ministério das Cidades. Com o Residencial Margaridas, são 12.169 unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida entregues em Salvador desde 2013.

O governo do estado também participou do evento, sendo representado pelo secretário da Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), Carlos Martins. Segundo o governo, desde 2009, a Bahia contratou mais de 310 mil unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida, das quais, mais de 205 mil para atender a população mais carente.