'Morreu como se estivesse dormindo', diz sobrinha de Cacik Jonne

Ex-Chiclete tinha doença degenerativa há 20 anos; enterro será nesse sábado

Publicado em 26 de julho de 2019 às 17:20

- Atualizado há um ano

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Ex-guitarrista do Chiclete com Banana, Cacik Jonne morreu na madrugada desta sexta-feira (26) aos 54 anos. João Fernandes da Silva Filho estava com a saúde bastante fragilizada por conta da ataxia cerebelar doença rara e degenerativa diagnosticada no ano 2000. Segundo Regina Mascarenhas, 42, sobrinha do músico, o tio chegou a ser desenganado pelos médicos, que na época lhe deram apenas três anos de vida a mais. O enterro vai ser neste sábado (27), às 11h, na Capela 6 do cemitério Campo Santo, na Federação.

O corpo de Cacik Jonne foi encontrado por familiares logo no início da manhã desta sexta-feira (26), no apartamento em que ele morava com a madrasta e outras duas pessoas, no bairro da Pituba. Acamado, ele era acompanhado regularmente por médicos, enfermeiros e cuidadores. "Ele estava lutando há 20 anos contra a doença e faleceu tendo todos os cuidados, sendo devidamente assistido, tanto que conseguiu superar as expectativas dos médicos na época do diagnóstico, que disseram que ele viveria mais 3 ou 4 anos. Ontem ele fez tudo normal, se alimentou, dormiu, e nessa madrugada morreu como se estivesse domirndo", conta a sobrinha. Jonne, também chamado pelos fãs de "Índio", marcou época na axé music, tanto por seu talento musical quanto pelo visual: ele costumava se apresentar com um cocar e com pinturas no rosto. Em 2001, foi afastado do Chiclete com Banana, então comandado por Bell Marques. Logo depois, músico e banda se envolveram em uma série de disputas judiciais envolvendo causas trabalhistas.

De acordo com a sobrinha, além da aposentadoria, Jonne era ajudado financeiramente pelos familiares para manter as despesas médicas, já que o músico não tinha plano de saúde. "Ele tinha a aposentadoria dele, então nunca pedimos ajuda dos fãs. Os admiradores dele nunca contribuiram com dinheiro, nunca permitimos isso, o que sempre veio da parte deles foi a força, a oração, o amor, e isso sempre foi o bastante, sempre foi muito", explica Regina.  (Foto: Reprodução/ Facebook) Em nota, o Chiclete com Banana lamentou a morte do músico, que veio "sanar o sofrimento motivado por uma enfermidade cruel que causa dor". "Jonne esteve no Chiclete por anos trazendo sua arte, sua habilidade como guitarrista o que contribuiu muito com todo nosso trabalho e só nos deixou por imposição da vida. Foram momentos férteis, foram momentos que deixaram boas recordações e elas estarão sempre nos nossos corações e na memória de todo Chicleteiro que um dia viu o Cacique no Palco. Descanse em paz, eterno Jonne", diz o texto. 

A história de Jonne se confunde com a própria história do Chiclete com Banana. Entre as composições de Jonne gravadas pela banda estão os clássicos Fazer Amor (parceria com Val Macambira), Balão Dourado (com Wadinho Marques) e Foi Deus. No Facebook, fãs mantém páginas em homenagem ao guitarrista, como "Sou Chicleteiro, Sou Cacik Jonne", onde compartilham fotos e memórias de várias épocas. (Foto: Reprodução/ Facebook) Nos últimos anos, Jonne já não enxergava mais, não falava, nem mastigava normalmente; toda a alimentação era pastosa. A família escolheu seputá-lo no Campo Santo para atender a um dos desejos do músico: ser enterrado no mesmo local que a mãe e demais familiares. "Foi um desejo nosso dar a ele essa última alegria. Era o que ele queria, então temos que dar o melhor", diz a sobrinha. O sepultamento será às 11h, na Capela 6, do cemitério que fica na Federação.