'Morreu fazendo o que gostava', diz amigo de empresário morto durante prova aquática

Federação Baiana acredita que atleta sofreu um 'mal súbito'

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  • Bruno Wendel

Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 19:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Wendel

Nos treinos em um clube, o empresário Walter José Stamford Júnior, 50 anos, era o primeiro a entrar e o último a sair da piscina. “Ele morreu fazendo o que gostava, nadar”, declarou o amigo e colega de treino, o engenheiro civil Luís Leite, 36 anos.

Walter morreu na manhã deste domingo (17), na Prainha do MAM (Museu de Arte Moderna), no Solar do Unhão, após passar mal durante uma prova da primeira etapa do Campeonato Baiano de Maratonas Aquáticas. 

Luís também participou da prova. “A gente se cumprimentou, desejamos ‘boa sorte’ um ao outro. Só soube do incidente quando terminei a prova. Fiquei arrasado. Nos treinos de maratona aquática, ele sempre mantinha o ritmo, nada de força. Era sempre preocupado em fazer os exames regulamente, deixava claro a importância do acompanhamento médico”, disse Luís. “Fica na memória a lembrança de um cara do bem, sempre motivando os colegas de treino”, complementou. 

De acordo com o Diego Albuquerque, presidente da Federação Baiana de Desportos Aquáticos (FBDA), Walter teria tido um mal súbito. “O atendimento a ele foi rápido. O correto quando alguém passa mal numa prova dessas é levantar os braços, o que ele não fez. O que a equipe de salvamento nos contou foi que ele, de repente, esticou a camisa com uma das mãos e começou a boiar e logo foi retirado do mar e posto numa prancha onde foram iniciados os primeiros atendimentos ali mesmo”, declarou.

Desmaio

Quem estava na praia acompanhou o atendimento das equipes de salvamento. “A gente viu que algo no mar estava errado. Profissionais das equipes de resgate tentavam reanimá-lo. Ele estava deitado sobre uma prancha, mas, pelo visto, não respondia aos estímulos”, disse a funcionária Maria Eduarda Góes 

Maria Eduarda disse que, diante da situação, uma mulher passou mal. “O marido dela estava competindo, aí achou que ele (Walter) era o marido e desmaiou. Ela foi socorrida para uma unidade médica”, disse.

Ela contou ainda que Walter já teria chegado morto na areia. “Uma amiga disse que ele estava com os lábios roxos e respirava com muita dificuldade”. 

O bancário Orlando Santos, 40, que também participou da prova, disse que chegou a bater em Walter na água. “Na hora, cheguei a trombar nele, mas não sabia o que havia acontecido. Só quando pisei na praia tomei conhecimento”, disse.

Polícia e Bombeiros

Em nota, a Polícia Militar informou que, de acordo com informações do 18º BPM, neste domingo (17), por volta das 9h, policiais militares da unidade foram acionados pelo Cicom para atender a uma ocorrência em que havia um homem de 50 anos, morto após passar mal, durante uma competição de natação, na prainha, na Avenida Contorno.

No local, a guarnição foi informada por prepostos do Samu, que o homem havia morrido, mesmo com os esforços para reanimá-lo. A PM isolou a área e acionou a Polícia Civil e a perícia técnica.

Também através de nota, o Corpo de Bombeiros disse que "um atleta passou mal durante a competição de natação e entrou num processo de afogamento. Ele foi socorrido pelos bombeiros militares, que prestaram o primeiro atendimento e o rapaz foi levado para uma a unidade de saúde, mas não resistiu. Tinha uma ambulância do Salvar no local, mas o rapaz foi levado por uma ambulância particular, da própria organização. A ambulância do Salvar socorreu uma outra pessoa que passou mal também".

Médicos fazem alerta

O CORREIO ouviu um especialista para falar sobre os riscos de praticar atividade física sem estar com os exames em dia - o que não era o caso de Walter, conforme a FBDA. 

De acordo com o cardiologista Francisco Reis, uma bateria de exames pode evitar episódios de morte. "É importantíssimo passar por exames antes de iniciar qualquer atividade física. Eles servem para detectar a existência ou não de alguma cardiopatia sem manifestação clínica. O paciente precisa dessas informações para saber se pode praticar a atividade", explica.

Apesar dos exames ajudarem a prevenir uma morte, eles não podem garantir que uma fatalidade não ocorrera, aponta o especialista. "Qualquer pessoa pode ter mal súbito, em qualquer idade, praticando ou não uma atividade. No caso do atleta, há menor possibilidade, claro, mas é algo que pode acontecer em jovens e em pessoas mais velhas, a partir dos 50 anos", completa.

De acordo com o cardiologista, é importante que os atletas estejam em dia com a avaliação clínica cardiológica, bem como com os exames de eletrocardiograma, teste de esforço e ecocardiograma. Já as pessoas que não são atletas, devem passar por avaliação clínica e eletrocardiograma.