Morta há exatos 25 anos, Irmã Dulce tem mais de 2 mil homenagens pelo mundo

Devoção à beata, que dedicou a vida a ajudar pobres e doentes, só fez crescer em duas décadas e meia

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 13 de março de 2017 às 09:45

- Atualizado há um ano

A doação espiritual e a prática de amor ao próximo através da caridade são dois dos maiores legados deixados por Irmã Dulce, que completa 25 anos de morte nesta segunda-feira (13). O amor indiscriminado que dedicava a pobres e doentes fez da beata um mito que se disseminou. De acordo com as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), existem mais de duas mil homenagens a ela em vários lugares do país e do mundo. Sua história ultrapassou as fronteiras baianas, onde nasceu, e foi levada para outros estados e até para países como Itália, México e Vietnã. Nestes lugares, estão espalhadas 162 relíquias de 1º grau – restos mortais da beata católica –, que são venerados pelos fiéis. Devoção a Irmã Dulce rompeu as fronteiras e venerada no mundo (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)Estas relíquias foram recolhidas em 2010, na despedida de seu corpo para a entrada no processo de beatificação pelo Papa Bento XVI. Segundo o assessor de memória da Osid, Osvaldo Gouveia, nessa ocasião foram separados cerca de 400 fragmentos de pele e ossos de Irmã Dulce para serem transformados em relíquias. “Conforme os dogmas da Igreja, estes fragmentos são importantes porque significam a confirmação, para o fiel, de que é o próprio indivíduo, é a materialização da sua presença”, explica ele.

Pelos números, o alcance da história e a influência de Irmã Dulce é maior lá fora do que aqui. Das 162 igrejas católicas que possuem estas relíquias, 121 ficam fora do estado e até mesmo do país. São apenas 42 em toda a Bahia. Os estados que mais concentram esses bens depois do nosso são São Paulo (30), Ceará e Pernambuco, com 12 cada, e Minas Gerais e Sergipe, com 11 relíquias. Foi em Sergipe, aliás, que aconteceu um milagre atribuído à Irmã Dulce, sendo este o primeiro a ser reconhecido pela Igreja Católica, em 2011, no processo de sua beatificação.

MilagresEm 2001, a sergipana Cláudia Cristiane Santos sofreu sangramentos por 18 horas durante o parto do filho Gabriel, em Itabaiana. Nos tribunais eclesiásticos, a própria Cláudia defendeu a ocorrência de sua cura por interferência da beata, após o padre Almí de Menezes rezar para Irmã Dulce. Outro famoso milagre atribuído à ela, mas não reconhecido, aconteceu no Ceará, um ano depois. Procissão aconteceu entre o Santuário da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, no Largo de Roma,  e a Basílcia do Bonfim, na Colina Sagrada Foto: Evandro Veiga/CORREIOUm garoto de 13 anos foi diagnosticado com um tumor maligno no cérebro. Antes da operação, a família chamou um padre para fazer a unção utilizando santinhos e fitas de Irmã Dulce. De Salvador, a Osid enviou um pedaço do hábito da freira. A operação que duraria 16 horas foi feita em apenas três horas e meia porque os médicos acabaram descobrindo que, diferente do que os exames feitos antes mostravam, tratava-se de um tumor benigno e de fácil extração.

Além das relíquias, também existem as igrejas e capelas dedicadas à ela. São 27 igrejas fora da Bahia e 21 no estado. Para Gouveia, a devoção baiana à beata não tem uma equivalência ao seu legado. “Temos uma dívida de agradecimento à ela”. “Aqui, registramos mais visitantes de outros lugares do que da própria Salvador”, lamenta.

Relíquias disponíveisHoje, por exemplo, é um dos momentos em que os fiéis podem ficar reunidos em volta das relíquias dela. Ainda conforme Gouveia, existem aproximadamente 200 fragmentos disponíveis para solicitação das igrejas. O pedido mais recente é do dia 3 de março, da Paróquia Bom Jesus de Manhumirim, em Minas Gerais. Para adquirir uma das partículas, o padre responsável pela igreja ou paróquia deve enviar uma carta/texto expressando o desejo, direcionando-o para a vice-postuladora da Causa da Canonização, Maria Rita Pontes, em papel timbrado, contendo as assinaturas e o carimbo do bispo da Diocese e do padre solicitante.

ProgramaçãoNesta segunda-feira, há missas às 7h e às 9h, na Capela e no Santuário. Das 9h às 12h, tem a Oração das Mil Ave Marias no Santuário. Às 12h, voluntários e colaboradores depositam rosas sobre o túmulo. Às 17h, haverá a missa solene no Santuário, celebrada por Dom Murilo Krieger.