Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Exame aponta que garoto de 13 anos teve parada cardiorrespiratória após usar droga. Polícia tinha aberto inquérito para investigar agressão
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2017 às 23:15
- Atualizado há um ano
O laudo do Instituto de Criminalística aponta que o menino João Victor Souza de Carvalho, 13 anos, morto após uma confusão em uma lanchonete Habib's, morreu devido a um infarto após consumo de drogas, segundo informações do SPTV, da TV Globo.
De acordo com o programa jornalístico, foram encontrados no sangue do garoto traços de tricloroetileno e clorofórmio, substâncias encontradas no lança-perfumes e que podem provocar arritmia cardíaca, e de cocaína. Ele também tinha escoriações, mas nenhum tipo de fratura, edema ou trauma que possam ligar sua morte a agressões.
VersõesFamiliares de João Victor dizem que ele foi agredido com um soco por dois seguranças da lanchonete e, em seguida, teve parada cardíaca. Funcionários do Habib's, porém, contaram outra versão à polícia: disseram que o adolescente estava alterado, foi apenas repreendido e teve um mal súbito logo depois.
O boletim de ocorrência, registrado no 13º Delegacia (Casa Verde), na zona norte, afirmava que o adolescente pedia comida na lanchonete e que, em determinado momento, apresentou “comportamento alterado”.
Testemunhas disseram que ele ameaçava bater com madeira em carros de clientes, foi repreendido por funcionários e desmaiou. Socorrido, João Victor morreu antes de chegar ao hospital.
O laudo do serviço funerário exibido pela família apontava a causa da morte como “infarto do miocárdio”. O caso foi registrado pela Polícia Civil como “morte suspeita”.
O boletim de ocorrência diz que não havia marcas de violência no corpo. Familiares negam: dizem que o adolescente levou pelo menos um soco no rosto.
VídeoUm vídeo divulgado pela TV Band na semana passada mostra João Victor segurando um pedaço de pau. Em determinado momento, o garoto atravessa a rua correndo, seguido por dois homens, que retornam depois arrastando o menino e o jogando contra o chão. Ele aparenta estar desacordado e não demonstra reação.
Para o advogado Ariel de Castro Alves, que acompanha a família do garoto, reforçam a suspeita de agressão. “Essas imagens reforçam o depoimento da testemunha. É um indício de que funcionários do Habib's podem ter praticado agressões que desencadearam a morte da criança”, afirma ele.
A testemunha Silvia Helena Troti, 59, afirmou à polícia ter visto João Victor ser agredido por “um homem forte, gordo, moreno com uniforme do Habib's” e desmaiar em seguida. Segundo o relato, o homem segurou o garoto pela gola da camisa e deu um soco na cabeça dele. Ela também contou que presenciou um outro funcionário do Habib's “alto e magro” puxar o adolescente pelos braços junto com o primeiro agressor e, juntos, seguiram de volta para o Habib's. O menino desmaiou durante o trajeto e, segundo ela, espumava pela boca.
Marca roxa O catador Marcelo Fernandes de Carvalho, 43, pai do adolescente, diz que o menino tinha uma marca roxa do lado direito do rosto. “Tudo o que eu quero é saber o que aconteceu com o meu filho. É horrível ficar nessa angústia. Ele era um bom garoto, sempre me ajudava comprando algum alimento”, disse.
Prima do adolescente, a secretária Alini Cardoso, 26, disse que a família não pôde ver se havia marcas de agressão no corpo (nem no reconhecimento, pois o garoto estava vestido, nem no velório, pois o caixão veio lacrado – só era possível ver o seu rosto por um vidro). Segundo parentes, o adolescente fazia malabares em semáforos e não estudava.
Outro ladoO Habib's, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a rede apura os fatos da “lamentável ocorrência”. Disse que a PM foi acionada após a conduta “incontrolável” de João Victor e que o resgate foi chamado. Também disse que vai cooperar com as investigações.