Motorista foi obrigada a dirigir para quadrilha praticar assaltos em Camaçari

Libertada após 20h, analista de RH voltou para casa dirigindo

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  • Bruno Wendel

Publicado em 14 de maio de 2018 às 12:18

- Atualizado há um ano

As 20 horas que passou em poder de sequestradores, sendo obrigada a dirigir para eles praticarem diversos armados em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, jamais serão esquecidos pela analista de Recursos Humanos Rejaneia Conceição da Paixão, 36 anos, que foi libertada pelos criminosos. “Por tudo que passou, ela não acreditava que voltaria para casa”, contou uma pessoa próxima à família, que preferiu não se identificar.

Neia, como é conhecida, deixava uma festa de aniversário quando foi abordada por quatro bandidos. Ela entrava no seu carro com outros dois amigos, por volta das 2h30 deste domingo (13), no bairro Parque Verde, ao deixar a festa. Os dois amigos dela foram colocados dentro porta-malas do carro, um Fiesta preto com placa NTH-0571, segundo o relato.

Ao chegar no local conhecido como Estrada da Cetrel, os bandidos deixaram os amigos da analista de RH para liberar espaço no veículo e seguiram com ela, que continuou dirigindo o carro. Ela foi solta pouco depois das 22h30 ainda em Camaçari. Na manhã desta segunda, prestou depoimento na 18ª Delegacia (Camaçari). 

Tensão Já em casa, segundo a fonte ouvida pelo CORREIO, ela disse que os bandidos pareciam fugir de alguém. Então, foi obrigada a levar o Fiesta preto para dentro de um matagal nas imediações de Barra de Jacuípe, localidade de Camaçari. 

Rejaneia ficou dentro do carro com os quatro rapazes armados – três tinham aparência de adolescentes. Ela descreveu eles como negros e magros e de estatura mediana.“Dois deles estavam muito nervosos, agitados. Todos eles fizeram uso de drogas, mas nada fizeram com ela, sequer encostaram um dedo, disseram apenas que ela seria solta”, contou a fonte próxima à família.Os criminosos aguardavam uma quinta pessoa para dirigir o carro. “Como essa outra pessoa não apareceu, por volta do meio dia, ela voltou a conduzir o carro para eles, que não sabiam dirigir”, continuou a fonte.

Assim, Neia foi obrigada a dirigir para os bandidos, que praticaram assaltos, incluindo o roubo de uma moto.“Ela nos contou que foi mais de um assalto, mas não pegamos os detalhes até mesmo para poupá-la, pelo que passou”, disse o irmão da vítima, Rômulo Paixão. No bairro Cetrel, a analista de RH deixou dois dos quatro bandidos – eles fugiram numa moto que tinha acabado de ser roubada. Pouco depois das 22h30, os outros dois bandidos foram deixados em bairros de Camaçari.

Livre, a analista de RH dirigiu até em casa. “Eu não sei como ela teve condições para dirigir. Além do clima tenso, ela passou esse tempo todo, pouco mais de 20 horas, sem comer e beber nada”, concluiu o parente.