'Movimentar dinheiro não é crime', diz advogado de Flávio Bolsonaro

Investigação é baseada em "premissas falsas", afirma defensor

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  • Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2019 às 08:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Pedro França/Agência Senado

O advogado Frederick Wassef, que representa o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) e o presidente Jair Bolsonaro, disse ver uma "santa Inquisição" contra pai e filho. Em entrevista ao Estado, Wassef afirmou que a investigação sobre "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro é fundamentada em "premissas falsas". O advogado, que atua para a família desde 2014, não comentou os pedidos feitos ao Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que o Ministério Público do Rio de Janeiro deveria se dedicar ao combate à violência. Para Wassef, uma "força oculta" no Rio tenta atingir o governo Bolsonaro em busca da cadeira presidencial em 2022.Como o sr. avalia as investigações que apontam 'rachadinha' no gabinete de Flávio Bolsonaro? Movimentar dinheiro não é crime. Qualquer brasileiro pode depositar, sacar, comprar, transferir, emprestar. Nós precisamos separar as coisas. O que tem de se ver é a conduta. Existem provas robustas de crime? Ou vamos agora pegar milhões de movimentaçõezinhas que cada brasileiro fez e atribuir àquilo ilação de que é crime? Há várias premissas falsas na investigação, como por exemplo a existência de funcionários fantasmas.Vários funcionários tinham residência e trabalho em Resende e eram lotados no gabinete do Rio. Não é necessário os assessores ficarem presos entre quatro paredes no gabinete, nem ter crachá, nem fazer trabalho interno. Olha o perigo da santa Inquisição disfarçada de investigação. Eles pegam um dado: 'João da Silva' mora em Resende e, pronto, dizem que ele foi assessor do Flávio.Se há certeza da inocência, por que a defesa pede ao Supremo Tribunal Federal para suspender a investigação? A defesa jamais quis parar qualquer investigação ou procrastinar feito. Se algum direito de seu cliente foi violado, é dever e obrigação de qualquer advogado sério observar para que a investigação ocorra dentro da lei. Não é porque ele é filho do presidente que vai poder rasgar o Código de Processo Penal, atropelar as coisas, obter uma quebra de sigilo legal sem conhecimento ou autorização da Justiça, não.Por meio da suspensão de processos, Flávio não vai conseguir provar a inocência? Ninguém está parando investigação, só estamos querendo que as leis sejam cumpridas. Então o que acontece na véspera do Natal? Uma megaoperação em padrões hollywoodianos. Para quê? Busca e apreensão. Nenhum problema, a gente respeita, é função do MP investigar. Não estou acusando ninguém, mas alguma força oculta está infiltrada no poder público. O objetivo final é a cadeira presidencial em de 2022.Quem representa essa força oculta? O presidente acusa o governador Wilson Witzel. Não vou dizer nada do governador. O que eu vou dizer é que a forma que está se aplicando a força do poder público para o Flávio é absolutamente distinta e exclusiva. Olha como trataram os outros 26 parlamentares dessa mesma apuração da Assembleia de "rachadinha" e olha o Flávio. Quero ver alguém me dizer que é o mesmo tratamento.Por envolver família do presidente, não se deveria dar mais atenção à resolução ao caso? Maior, sim, mas não nos níveis que estão fazendo aí. Por que ninguém fala do Lulinha com a mesma intensidade? Acabaram de descobrir uma série de coisas do filho do Lula que envolvem R$ 300 milhões, e não a esmola, esses valores pequenos… Virou um feijãozinho o Lulinha, só se fala de Flávio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.