MP investiga denúncias de abuso sexual contra líder religioso na Bahia

Grupo de mulheres vítimas dos crimes teria feito a denúncia

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  • Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2020 às 17:25

- Atualizado há um ano

O Ministério Público do Estado (MP-BA) está investigando denúncias de abusos sexual e psicológico contra o líder espiritual Jair Tércio Cunha Costa, um dos criadores de uma entidade chamada Fundação Organização Científica de Estudos Materiais, Naturais e Espirituais (Ocidemnte). O caso foi divulgado pela CNN Brasil, que informou ter tido acesso a conversas pelo WhatsApp em que mulheres relatam terem sido vítimas de Costa.

As denúncias estão sendo analisadas pela Ouvidoria das Mulheres, órgão do Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Projeto Justiceiras, iniciativa que reúne 3.500 voluntárias, entre elas psicólogas. 

Há pelo menos 14 vítimas, de acordo com a CNN. Uma das denunciantes, uma mulher de 33 anos, contou que se aproximou de Jair Tércio aos 16 anos, através do então namorado. Ao MP, ela disse que sofreu os abusos por cinco anos. 

Em nota enviada à CNN, o advogado de defesa de Jair Tércio, Fabiano Pimentel, afirmou que "os fatos narrados não condizem com a conduta de seu cliente e o mesmo afirma jamais ter agido com violência em seus relacionamentos afetivos".

"Apesar da sua trajetória no campo dos estudos da espiritualidade, nunca se intitulou como ser humano especial, tampouco tirou nenhum tipo de vantagem ou proveito desta posição. Os fatos serão esclarecidos durante o curso do processo", completou.

Em nota, a Fundação OCIDEMNTE informou que é "uma organização científica de caráter educativo, não sectária e sem fins lucrativos, que tem como missão educar cidadãos e auxiliá-los em sua formação integral e humanística". A organização foi fundada em 1984 por Jair Tércio Cunha Costa, mas ele já não exerce mais nenhuma função ou atividade lá desde 2017.

"Cabe esclarecer que a Fundação OCIDEMNTE não é, e nunca foi, uma organização religiosa. Ela estimula o desenvolvimento humano, através de processos de ensino-aprendizagem-sentimento, pesquisas e extensão que incluem Meditação, Consciência e Autoconhecimento, sem qualquer tipo de conotação religiosa ou vínculo com instituições com este perfil. Inclusive, acolhe em suas atividades pessoas de todos os tipos de crenças, credos, etnias e classes sociais", disse a Fundação, em nota.

A Fundação OCIDEMNTE acrescentou que, em em 36 anos de atuação, "o corpo diretivo da Fundação nunca recebeu nenhuma reclamação direcionada a qualquer um dos seus membros. Reiteramos que somos contra qualquer ação que fira a dignidade humana. Nosso compromisso com a educação e a formação integral é sempre pautado em valores como ética e transparência. Estamos à disposição da justiça para colaborar no que for necessário para a devida apuração e esclarecimento dos fatos".