MST ocupa fazenda de Geddel no Sudoeste da Bahia

Família do ex-ministro, preso na Papuda, possui 12 fazendas na região, avaliadas em cerca de R$ 65 milhões

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 30 de abril de 2018 às 17:18

- Atualizado há um ano

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Cerca de 30 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma fazenda da família do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) em Macarani, no Sudoeste da Bahia.

Segundo a polícia, eles não deram motivos para a ocupação, que ocorreu de forma pacífica. O sem-terras entraram na fazenda às 6h deste domingo (29) e mandaram os funcionários saírem do local.

“Fomos até lá e não há dano algum, apenas a ocupação. Já foi registrada a queixa na delegacia e a família vai tentar nos próximos dias a reintegração de posse da fazenda”, declarou o delegado Antônio Roberto Júnior, que atua em Itapetinga e tem jurisdição sobre Macarani.

Essa mesma fazenda, cujo tamanho a polícia não soube informar, foi onde ocorreu no final do ano passado o furto de 25 cabeças de gado - em meio à onda de ocupações que aconteceram em outras propriedades, na região de Macarani e da cidade vizinha, Maiquinique.

O advogado Franklin Ferraz, que atua na defesa dos interesses da família Vieira Lima na região, não foi localizado para comentar o caso. O CORREIO tentou contato ainda com a coordenação estadual do MST na Bahia, mas as chamadas aos celulares não foram atendidas.

Essa já é a terceira vez que as propriedades da família de Vieira Lima são alvo de ocupações no Sudoeste da Bahia. No Natal de 2017, a fazenda Esmeralda, de 643 hectares, em Itapetinga, foi ocupada por cerca de 30 índios da etnia Pataxó Hã Hã Hãe. A ocupação, encerrada após negociação com a Polícia Militar, durou dois dias.

A fazenda Esmeralda ficou ocupada por 14 dias entre o final de setembro e início de outubro de 2017 também por índios, que alegam a terra é de habitação tradicional indígena, o que já foi negado pela Fundação Nacional do Índio (Funai).  

Na época, uma semana após a ocupação na Esmeralda, índios e grupos ainda não identificados causaram pânico na zona rural de Itapetinga, Potiraguá, Itarantim, Pau Brasil e Itaju do Colônia, com a ocupação de 25 fazendas.

Latifundiários No Sudoeste da Bahia, há 12 fazendas da família Vieira Lima que somam mais de 9 mil hectares e estão avaliadas em cerca de R$ 65 milhões. Ex-ministro da Secretaria de Governo e Integração Nacional, Geddel está preso preventivamente desde o dia 8 de setembro no presídio da Papuda, em Brasília.

A prisão ocorreu depois de a Polícia Federal encontrar digitais do político em cédulas de dinheiro localizado em um apartamento ligado a ele em Salvador, onde malas guardavam mais de R$ 51 milhões.

Por causa disso, em 4 de dezembro de 2017 a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Geddel e o irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB), pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Geddel é suspeito de desviar dinheiro da Caixa Econômica Federal na época em que foi vice-presidente de pessoa jurídica do banco, entre 2011 e 2013. A defesa dele nega que houve desvio de dinheiro público.

Também foram denunciados pelos mesmos crimes a mãe de Geddel e Lúcio, Marluce Vieira Lima, o ex-assessores do deputado, Job Brandão, o ex-diretor da Defesa Civil da capital baiana Gustavo Ferraz e o empresário Luiz Fernando Costa Filho.

O julgamento do habeas corpus pedido pela defesa de Geddel Vieira Lima será julgado no próximo dia 8 pela segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF).