Mulher leva tiro de arma de choque ao fazer vídeo denunciando falta de médicos

O guarda municipal que efetuou o disparo foi afastado

  • D
  • Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2018 às 14:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Célia Ramos, 42 anos, foi atingida com um tiro de uma arma de choque de um guarda municipal enquanto fazia uma transmissão ao vivo no Facebook reclamando do atendimento de um hospital em Sorocaba, no interior de São Paulo.O caso foi no sábado (3), quando Célia aguardava para ser atendida na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) das Laranjeiras. O agente envolvido será afastado, segundo a prefeitura da cidade.

Segundo Célia, ela resolveu fazer a transmissão para denunciar a falta de médicos. Apenas um profissional estava no plantão, ao invés de quatro, como deveria ser, de acordo com a mulher. Por seis minutos, Célia gravou um vídeo passando pelos corredores da UPA e mostrando salas vazias. Um médico aparece então e pede que o guarda civil que está na UPA controle a paciente "descontrolada".

O guarda, que não teve nome divulgado, pediu que Célia desligasse o telefone e fizesse um reclamação na prefeitura. Eles discutem e o agente acaba tomando o aparelho da mulher. O vídeo é cortado e ao voltar já mostra Célia no chão, acusando o guarda de ter atirado nela. O agente aparece guardando a arma de choque na cintura. A paciente mostra a barriga, afirmando que foi atingida ali, onde tem uma hérnia.

Um processo vai apurar a conduta do guarda, segundo a Corregedoria da Guarda de Sorocaba. O agente ficará pelo menos 30 dias afastado - tempo da investigação. A Corregedoria do Município vai ouvir todos os médicos e funcionários da UPA. O órgão também vai analisar imagens do circuito interno da unidade.

Segundo a Secom de Sorocaba, Célia começou a fazer o vídeo 15 minutos após abrir ficha na UPA, um tempo que "não é excessivo, sobretudo quando se trata de plantão médico". 

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sorocaba emitiu uma nota de repúdio no último domingo. "É intolerável que em uma sociedade moderna, na qual se defende a liberdade de expressão e o estado democrático de direito, uma pessoa seja tolhida do seu direito de reivindicar melhores condições de serviço perante os órgãos públicos, e que, inclusive, seja brutalmente agredida por força policial, de forma desproporcional e injustificada", diz o texto.