Mulher mata companheiro com facada no peito e é presa no Parque São Cristóvão

Pábora tentou fugir, mas foi impedida duas vezes, uma delas por traficantes da região. Casal era usuário de drogas e teria discutido por causa de uma chave

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  • Bruno Wendel

Publicado em 30 de março de 2017 às 14:22

- Atualizado há um ano

Foto: Bruno Wendel/Reprodução/CORREIOUma briga de casal terminou em morte, na noite desta quarta-feira (29), no bairro de Parque São Cristóvão, em Salvador. Segundo a polícia, Pábora Fernanda Lisboa Lobo matou com uma facada no peito o companheiro, o pedreiro e montador de andaimes Luciano Silva de Jesus, 39 anos, durante uma discussão na casa onde moravam.

Segundo moradores, Pábora tentou fugir, após cometer o crime, mas foi impedida duas vezes, uma delas por traficantes da região, que seriam ligados à facção criminosa Bonde do Maluco (BDM). A outra, por parentes da vítima. Ela foi mantida trancafiada na cena do crime até a chegada da polícia. 

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), a mulher foi autuada em flagrante pelo delegado Sérgio Schlang Júnior, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). 

Ainda segundo a SSP, a discussão aconteceu por um motivo banal – a arma do crime, uma faca do tipo peixeira, foi apreendida. Moradores disseram que a briga começou depois que ela respondeu de forma debochada sobre o paradeiro da chave da casa. Os dois eram usuários de drogas.

CrimeO crime aconteceu por volta das 22h, na Rua Norte 1, na localidade de Bate Coração. Testemunhas relataram que o casal chegou em casa depois de passar o dia inteiro bebendo numa festa, na região. 

“Instantes depois, a gente ouviu gritos, berros. Eles discutiam muito alto. Em seguida, um silêncio. Passou alguns minutos e ela (Pábora) saiu da casa gritando, pedindo socorro”, contou um dos vizinhos.

Segundo a fonte, Pábora estava transtornada. “Ela corria de um lado a outro, pedia socorro, mas não dizia exatamente o motivo. Foi quando alguns moradores entraram na casa e encontraram Luciano morto no banheiro”, contou.

Luciano era uma pessoa muito querida na localidade. “Ele foi um dos primeiros moradores desta rua, ajudava todo mundo, muito prestativo, conhecia todos os moradores daqui, inclusive o pessoal do ‘movimento’ (traficantes), hoje adultos e que ele viu crescer”, disse outro morador. 

TraficantesA notícia da morte de Luciano rapidamente chegou aos ouvidos dos traficantes da região – a sigla (BDM) está pichada em alguns muros de residências e estabelecimentos comerciais. “Quatro rapazes do ‘movimento’ vieram aqui e disseram: ‘você vai assumir seu B.O. (boletim de ocorrência, gíria que faz alusão à cadeia), senão a matariam depois. Eles mandaram ela ficar dentro de casa até a chegada da polícia, que já tinha sido acionada pela população, e foram embora”, contou uma moradora. 

FamíliaQuando a família chegou ao local, Pábora estava dentro da casa, gritando. “Ela dizia que amava meu irmão, que era inocente, que não o matou. Mas depois a casa ficou em silencio. Aí, eu e outro irmão subimos na laje e vimos que ela tentava escalar o muro dos fundos para fugir. Não deixamos. Quando retornou à casa, a trancamos”, contou o motoboy Linsmar Silva de Jesus, 36, irmão de Luciano. 

A casa onde ocorreu o crime era de Luciano. “Ela estava com ele há uns três meses. Ela é ex-presidiária, cumpriu pena por tráfico de drogas. Eu a vi algumas vezes no campo usando drogas com outras pessoas. Ele também era usuário”, afirmou Linsmar. 

O enterro do irmão dele será no sábado, em local e horário ainda não definido. Luciano deixa três filhos, fruto de dois relacionamentos anteriores.