Multa por vazamento de óleo será de bilhões, diz chefe do Ibama

Navio grego é o principal suspeito

  • D
  • Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2019 às 18:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho / CORREIO

O Grupo de Avaliação e Acompanhamento, criado pelo governo para dar resposta ao desastre ambiental com óleo no litoral do Nordeste, afirmou nesta segunda-feira (4) que os responsáveis pelo caso terão de pagar bilhões de reais a título de reparação de danos. 

O presidente do Ibama, Eduardo Bim, um dos órgãos que integram o colegiado, disse que os valores serão altos desta maneira, pois envolvem prejuízos não só ao ambiente, mas ao turismo e à saúde pública, entre outros segmentos.“Esse dano não está quantificado ainda. Vai ser um dano na casa dos bilhões, com certeza”, declarou Bim. Além da indenização, cabe a aplicação de multas ambientais aos responsáveis. Por lei, as multas podem ser de até R$ 50 milhões cada uma. 

O processo de responsabilização dependerá do avanço das investigações que estão sendo conduzidas pela Polícia Federal, em parceria com a Marinha e órgãos de proteção ao Meio Ambiente, e também de cooperações internacionais, como a Iterpol.

Suspeitas O navio Bouboulina, de bandeira grega, é o principal suspeito de ter sido o responsável pelo vazamento de óleo no mar. Na última sexta (1), a PF apreendeu documentos em empresas com endereços no Rio de Janeiro, ligadas à companhia que opera a embarcação, que nega as acusações. 

Autoridades marítimas de outros países foram notificadas a colaborar. Um dos objetivos, por exemplo, é saber se o navio descarregou em Cingapura a mesma quantidade de petróleo que carregou num porto na Venezuela. Também se buscam informações sobre quem são os donos da empresa que o opera, o comandante e o restante da tripulação.

O Bouboulina saiu daquele país em julho e passou por águas brasileiras a caminho de Nigéria, África do Sul e Cingapura.

O delegado da PF Franco Perazzoni disse nesta segunda que, por ora, o navio é suspeito do desastre e que conclusões a respeito dependem do andamento das apurações.“A empresa [dona do navio] vai ser notificada agora, vai tomar conhecimento do teor da investigação toda. A gente não chegou ao momento do indiciamento", afirmou.As afirmações foram feitas numa entrevista coletiva à imprensa, após integrantes do grupo de acompanhamento  e os ministros da Defesa, Fernando Azevedo, e da Justiça, Sergio Moro, apresentarem dados sobre o caso ao presidente Jair Bolsonaro. Moro não foi ao encontro com jornalistas.

Os presentes à entrevista não explicaram em que informações o presidente Jair Bolsonaro se baseou ao declarar, na véspera, que “o pior está por vir” na região. 

Questionadas diversas vezes se o presidente tem dados ainda não tornados públicos sobre a tragédia, Azevedo e demais autoridades envolvidas no caso disseram apenas que os impactos são imprevisíveis.

“Nós temos que acompanhar a situação, a evolução. É uma situação inédita. Esse desastre nunca aconteceu aqui no Brasil, até no mundo: um desastre dessa monta, com esse tipo de óleo, que não é perceptível pelo radar, pelo satélite”, declarou o ministro.

Ele reiterou que as autoridades trabalham sem muita previsibilidade. “É difícil. [O óleo] Fica a meia água, imperceptível, nós não sabemos a quantidade derramada, o que está por vir ainda.”

A Marinha informou que quatro mil toneladas de resíduos foram recolhidos no mar, em praias, estuários, mangues e outros locais. Por ora, foram atingidos 110 municípios de nove estados. 

“Todos acidente ou incidente que é inédito leva a várias ideias e muitas possibilidades. Todas as possibilidades devem ser aventadas. Não sabemos ainda se existe muita coisa ou pouca coisa”, afirmou o comandante de Operações Navais da Marinha, Leonardo Puntel.