Município vai recorrer sobre demolição de monumento em Cabrália

Gestão municipal ainda não foi notificada oficialmente da sentença

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  • Carol Aquino

Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 21:09

- Atualizado há um ano

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Gestores do município de Santa Cruz Cabrália, no extremo sul da Bahia, confirmaram que a Procuradoria do Município pretende recorrer da decisão judicial que pediu a demolição do monumento em homenagem à Primeira Missa do Brasil. A sentença foi dada pelo juiz federal Alex Schramm de Rocha na última segunda-feira (19), atendendo a um pedido do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que alegou que a obra não foi licenciada pelo órgão. 

“Temos forte expectativa de reforma da decisão, principalmente porque o monumento da primeira missa já está incorporado ao patrimônio histórico e cultural do município. O fim perseguido pelo IPHAN no processo vem em sentido contrário à missão do próprio IPHAN que é justamente proteger esse patrimônio”, disse, otimista, o procurador do município, Emmanuel Ferraz. Ele acrescentou ainda que o monumento não corre perigo imediato, pois a decisão só seria efetivada após o seu trânsito em julgado. 

O município  ainda não foi notificado oficialmente da decisão.

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Marco “Espero que o monumento não seja demolido, ele é um marco importante para Cabrália. Foi construído em homenagem à demarcação da terra indígena pelo governo federal”, afirmou o secretário de obras do município, Geraldo Gordilho, se referindo à Aldeia Pataxó da Coroa Vermelha. 

No mesmo sentido, o secretário de turismo do município baiano aponta o grande prejuízo à população local com a demolição do monumento. “Junto com o Cruzeiro da Primeira Missa do Brasil, ele forma um importante ponto de parada dos turistas. Só neste verão, eles foram visitados por mais de 4 mil pessoas”, revela o secretário de turismo de Santa Cruz Cabrália, Guto Jones. Ele também salienta a importância para as lojas de artesanato indígena que se estabeleceram no entorno do Monumento e das barracas de praia que ficam naquela praia. 

Jones ressalta que a população do município está revoltada com a decisão judicial. “Temos problemas muito maiores, como as más condições da BR-367, acesso a Porto Seguro que é o nosso principal destino indutor,  e  da ponte do Rio Grande e o Dnit não olha para isso”, completou. 

Entenda o caso  Na última segunda-feira (19), a Justiça Federal emitiu uma decisão ordenando a demolição do monumento, a pedido do Iphan, que alegou que as esculturas foram construídas sem licença. O Iphan afirmou, em nota, que “a Prefeitura Municipal de Santa Cruz Cabrália executou a intervenção sem anuência do Iphan. Foram feitas diversas manifestações no sentido de considerar a intervenção como elemento que causa impactos negativos à paisagem tombada que compõe o Ilhéu de Coroa Vermelha”. O órgão destacou ainda que trata-se de área de sobreposição entre Iphan, Dnit e Funai e que todas as providências administrativas foram tomadas.

A prefeitura de Santa Cruz Cabrália tem 30 dias, contados a partir da decisão do juiz federal Alex Schramm de Rocha, para demolir ou deslocar as construções. Caso a medida não seja cumprida, o município será multado em R$ 10 mil por cada dia depois do prazo.