Museus do estado voltam a funcionar após um ano e meio

Museu de Arte da Bahia (MAB), Museu de Arte Moderna (MAM), Palacete das Artes e abrem com exposições inéditas na próxima terça (17)

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  • Ronaldo Jacobina

Publicado em 12 de agosto de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Após mais de 520 dias de portas fechadas, os principais museus baianos geridos pelo governo do estado, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC – voltam a receber o público na próxima semana. Das nove unidades sob a gestão estadual, três retomam as atividades - paralisadas no dia 10 de março de 2020, em função de uma greve de vigilantes que emendou com a chegada da pandemia - na próxima terça-feira (17), data em que se comemora o Dia Nacional do Patrimônio Histórico.  São eles: o Museu de Arte da Bahia (MAB), Palacete das Artes e Museu de Arte Moderna (MAM).Dois dias depois, quinta-feira (19), será a vez dos espaços museológicos localizados no interior da Bahia: o Parque Histórico Castro Alves, no município de Cabaceiras do Paraguaçu , e o Museu do Recolhimento dos Humildes, em Santo Amaro da Purificação, voltarem a receber os visitantes.  Obras de Reinaldo Eckenberger estarão expostas no Palacete das Artes (Divulgação) A retomada ainda não inclui os museus Tempostal e Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica, localizados no Pelourinho, que só devem reabrir em setembro, depois de passarem por uma readequação nos seus espaços físicos. “A ideia é reabri-los no mês que vem também com uma programação especial que está sendo montada para comemorar a Primavera dos Museus”, explica João Carlos Oliveira, diretor do IPAC. 

Já o Centro Cultural Solar Ferrão, também no Centro Histórico, que está passando por obras de revitalização, ainda não tem previsão de voltar a funcionar. De acordo com o diretor do IPAC, a reabertura dos principais espaços expositivos está sendo possível em função da redução do número de casos que permitiu a flexibilização das atividades determinada pelas autoridades públicas.  (Divulgação) Paisagens imaginárias de Luiz Neto no Museu do Recolhimento dos Humildes Para garantir a segurança do público e dos funcionários, os espaços culturais terão horários de funcionamento diferenciados, além de cuidados com as regras sanitárias de prevenção a Covid-19, como o uso obrigatório de máscara, álcool em gel, distanciamento social e limitação do número de visitantes.

Exposições inéditas

Para celebrar a retomada das atividades, os espaços voltam à cena com exposições inéditas concebidas na sua maioria com obras dos próprios acervos que há muito estavam longe dos olhos do público. No Museu de Arte da Bahia (MAB), no Corredor da Vitória, o público vai poder conferir a exposição Revisitando Modos de Ver e de Entender a Arte,  montada com peças raras do acervo. “São obras que representam os diversos estilos artísticos através das diferentes linguagens, como pintura, desenho, gravura e escultura”, segundo Ana Liberato, diretora do espaço.  (Divulgação) O Touro, obra de Tarsila do Amaral, volta a ser exibida no MAM A mostra, que tem curadoria das museólogas Celene Sousa e da própria Ana Liberato, foi pensada, segundo as curadoras, para “aguçar a percepção do público, estabelecendo as diferenças entre o olhar e o ver, e os conceitos de técnica, estilo e conteúdo, a partir de obras como Alegoria da República, de Manoel Lopes Rodrigues; Alegoria da Paz, de Sebastiano Conca; Alegoria do Novo Mundo, de José da Cunha Couto; A Feira da Água de Meninos, de Mendonça Filho, além de cópias de obras de outros artistas famosos”. 

Já o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), conforme anunciado com exclusividade pelo Correio, reabre com a exposição O Museu de Dona Lina, que reunirá 250 obras do Acervo fixo do MAM, além de peças do acervo de arte popular do Centro Cultural Solar Ferrão, promovendo um diálogo entre as duas coleções. 

A mostra, que utilizará dois espaços expositivos - a Capela e os dois andares do Casarão, e tem curadoria de Daniel Rangel - é, segundo o curador, “uma homenagem a arquiteta ítalo-brasileira, Lina Bo Bardi (1914 — 1992) que concebeu e foi a primeira diretora do MAM-Bahia de 1959 a 1963”. Rangel explica que o acervo de arte popular da arquiteta italiana, responsável pela implantação do MAM, foi montado por Lina Bo Bardi, entre o final da década de 1950 e início da de 1960, a partir de doações e de viagens realizadas por ela no Recôncavo, no semiárido baiano e na região do Nordeste brasileiro. A Feira de Água de Meninos estará exposta no MAB, no Corredor da Vitória (Divulgação) O público poderá ainda voltar a circular pelo Palacete das Artes, na Graça, que reabre com duas mostras inéditas. Na Sala Contemporânea, o espaço faz uma homenagem aos artistas Mario Cravo Junior (1923-2018)  e Reinaldo Eckenberger(1938- 2017) com a exposição Sobreviver que ocupará dois pavimentos do espaço que tem curadoria de Murilo Ribeiro, diretor do espaço.  No primeiro pavimento estarão expostas pinturas, gravuras, metal e esculturas, de pequenas e grandes dimensões, madeira e pedra sabão, do modernista baiano, enquanto no segundo andar, estão aquarelas, desenhos, gravuras, peças em cerâmica e bonecos de pano, do artista contemporâneo argentino, radicado no Brasil.

Já o casarão histórico estará ocupado com a exposição Águas de Salvador e da Baía de Todos os Santos, do artista plástico baiano, Sergio Amorim,  que foi interrompida há um ano e meio pela chegada da pandemia. “Além de passar por abordagens do cotidiano de Salvador em diálogo entre o mar e as raízes da cidade, a mostra aponta para um olhar sensível pelo cenário soteropolitano e suas relações com o recôncavo e com o sertão baiano”, explica o artista.

Museus do interior A programação se estende aos museus localizados no interior do No Museu do Recolhimento dos Humildes, em Santo Amaro, reabre com a exposição Paisagens imaginárias, que reúne 36 obras produzidas entre 2020 e 2021 pelo aquarelista Luiz Neto. As aquarelas retratam aves, jangadas, canoas, igrejas e casarões antigos, majoritariamente em paisagens marinhas, baseadas em fotografias dos locais que inspiram o autor.  Parque Histórico Castro Alves, em Cabaceiras do Paraguaçu (Divulgação) Em Cabaceiras do Paraguaçu, o Parque Histórico Castro Alves, retoma sua rotina com duas mostras com o acervo do museu biográfico. Numa delas, Uma casa sertaneja, que aborda aspectos do cotidiano e elementos do ofício de agricultor e de vaqueiro, foi construída uma casa nos jardins do Parque com peças de mobiliário, ornamentos, utensílios domésticos e instrumentos de trabalho, muitas deles doadas pela própria comunidade. A segunda exposição convida os visitantes a mergulharem no universo do porta-voz literário da Abolição da Escravatura no Brasil, através de seus poemas, informações e objetos pessoais dele e familiares. Embora a reabertura não seja ainda completa, o retorno dos principais espaços expositivos da Bahia é motivo para comemorar. Afinal, tem sido a arte e na cultura os respiros que a humanidade encontrou para aliviar as dores destes tempos sombrios. 

Confira os horários de funcionamento dos museusMuseu de Arte da Bahia (MAB) Av. Sete de Setembro, 2340 - Corredor da Vitória Terça a sábado, das 12h às 16h 71 3117 6902Palacete das Artes Rua da Graça, 284 Terça a sábado, das 12h às 16h 71 3117 6987Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) Av. Contorno, s/n°, Solar do Unhão Terça a sábado, 13h30 às 17h30 71 3117 6132Museu do Recolhimento dos Humildes Praça Frei Bento, 59, Centro, Santo Amaro, Bahia Terça a sexta, das 10h às 16h/Sábado, das 9h às 13hParque Histórico Castro Alves Praça Castro Alves, 106, Cabaceiras do Paraguaçu-Bahia Terça a sexta, das 10h às 16h/Sábado, das 9h às 13h

Confira a programação dos museusMuseu de Arte da Bahia - Revisitando Modos de Ver e de Entender a Arte - Obras de diversos estilos artísticos através das diferentes linguagens, ou seja, pintura, desenho, gravura e escultura. Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) - O Museu de Dona Lina- 250 obras do acervo o MAM além de peças do acervo de arte popular do Solar Ferrão, promovendo um diálogo entre as duas coleções. Palacete das Artes Sala Contemporânea - Mostra Sobreviver, com peças dos artistas Mario Cravo Junior e Reinaldo Eckenberger.  Casarão histórico - Exposição Águas de Salvador e da Baía de Todos os Santos, do artista plástico baiano, Sergio Amorim