Na expectativa da primeira Olimpíada, atletas do surfe e skate aliviam pressão

Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Tatiana Weston-Webb, Letícia Bufoni e Pedro Barros vão representar o Brasil em Tóquio

Publicado em 12 de junho de 2021 às 10:08

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Divulgação

A emoção de representar o próprio país em uma Olimpíada pela primeira vez certamente é diferente para qualquer atleta. Quando se trata da estreia da modalidade nos Jogos, essa ansiedade se mistura com o tom histórico que terão, por exemplo, o surfe e o skate neste ano, durante a Olimpíada de Tóquio. Os surfistas Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Tatiana Weston-Webb, além dos skatistas Pedro Barros e Letícia Bufoni, são alguns que estão perto de sentir esse gosto. 

Os cinco atletas falaram da expectativa para os Jogos Olímpicos, que começa no dia 23 de julho, durante entrevista coletiva promovida pela Oi, empresa patrocinadora dos atletas, que usou a imagem dos esportistas com o conceito "Atletas de Fibra" para a produção de um mini-filme. Junto com beisebol, escalada e karatê, o surfe e o skate serão as novas modalidades nos Jogos de Tóquio, sendo a primeira vez das últimas quatro citadas. Sobre a disputa no Japão, os atletas não esconderam a ansiedade e a expectativa de conseguir medalhas para o Brasil, mas revelaram também o desejo de se divertir durante a competição. 

"Estou indo para as Olimpíadas em busca de medalha assim como todos, mas não precisamos de medalha para provar o que somos ou fazemos para nosso esporte. Nossa geração é responsável por levar a nossa bandeira no topo de nossos esportes, a gente já é país dominante há anos em circuitos de competição e vai ter a oportunidade de mostrar esses valores do esporte para uma mídia gigantesca", destaca Pedro Barros, que vai competir na categoria park masculino do skate.

Primeiro brasileiro campeão mundial de surfe e bicampeão da WSL (Liga Mundial de Surfe), Gabriel Medina ressalta os resultados obtidos pelo país na sua modalidade e no skate para credenciar o Brasil como favorito por medalhas na Olimpíada. "Temos excelentes atletas e demonstramos nos circuitos mundiais. Nossa performance tem chamado atenção no Brasil e fora do país. Fico feliz de fazer parte desse time", diz Medina. O surfista será um dos quatro representantes brasileiros, junto com Ítalo Ferreira, Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima.

A principal preocupação dos surfistas para os Jogos é com relação ao mar do Japão, que costuma ter ondas pequenas. Os dois homens competiram no país em 2019 no Mundial da ISA (Associação Internacional de Surfe), com direito a ouro para Ítalo e bronze para Medina. "A gente teve a experiência no Japão em 2019, mas nunca surfei nessa praia (Tsurigasaki Beach, onde acontecerão as baterias nas Olimpíadas). Provavelmente as ondas são bem parecidas", projeta Ítalo Ferreira, campeão mundial em 2019. "É bem ruim, limitada, mas a gente vai procurar se divertir", resume Medina sobre o palco onde a dupla vai surfar.

Preparação Com o adiamento dos Jogos de 2020 para 2021 por causa da pandemia, os atletas tiveram que se readaptar. Letícia Bufoni disse que não teve grandes mudanças na rotina, mas que aproveitou o tempo de pausa em isolamento social para recuperar sua melhor forma física. "Não andei muito de skate nesse tempo por medo de me machucar, após duas lesões que tive em 2019. Ano passado foi muito bom para mim porque consegui ficar em casa e me recuperar", celebra.

Aos 28 anos, Letícia é a skatista mais premiada da história dos X-Games: 11 medalhas, sendo cinco de ouro. Além disso, a paulista é tricampeã mundial. Apesar dos números expressivos, ou justamente por causa deles, ela sabe que terá que lidar com uma pressão por medalha em Tóquio. "O que todo mundo fala é que quanto mais experiente, mais chances de vencer, e eu acho o contrário. Quanto mais velha, mais títulos, mais as pessoas esperam mais de você e é mais pressão. Venho sofrendo uma pressão maior e tentando trabalhar isso na minha cabeça, para só andar de skate e me divertir", diz.

Quem teve a maior mudança no estilo de vida foi Medina. "Parei de comer carne vermelha, e isso tem me ajudado bastante. Tenho entendido mais meu corpo e como ele funciona. Em questão de saúde nunca me senti melhor", diz o surfista. 

Ítalo Ferreira também está de olho no que come, como uma estratégia para aproveitar o próprio corpo nas ondas japonesas. "Sempre mantive um peso mais leve nas competições para me sentir dinâmico, ágil, independente das condições. Só no Havaí costumo ganhar mais peso, mas em Tóquio provavelmente as ondas vão estar pequenas, então tem que aproveitar essa agilidade", explica o campeão mundial.

Enquanto o surfe terá quatro representantes, o skate brasileiro terá 12 atletas em Tóquio, entre as modalidades street e park: além de Letícia e Pedro, competirão Rayssa Leal, Pâmela Rosa, Kelvin Hoefler, Felipe Gustavo, Giovanni Vianna, Luiz Francisco, Dora Varella, Isadora Pacheco, Yndiara Asp e Pedro Quintas.*Sob orientação do editor Herbem Gramacho