Na laje de casa, Robson Conceição mantém vivo sonho de conquistar cinturão

Disciplinado, medalhista olímpico segue rotina intensa de treinos durante a pandemia

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  • Daniela Leone

Publicado em 14 de maio de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

O medalhista olímpico Robson Conceição transformou a laje da casa onde mora em centro de treinamento. Lá, ele vê a vizinhança do bairro de Boa Vista de São Caetano e se mantém ativo durante a pandemia de coronavírus.

Disciplinado, o pugilista baiano segue uma programação fixa de treinos. “De manhã, faço a parte técnica do boxe. À tarde, a física. Segundas, quartas e sextas pulo corda por uma hora. Terças, quintas e sábados eu faço musculação”, detalha o atleta, ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. “Dá pra dar uma suada, manter o ritmo”.

Logo que a pandemia foi decretada pela Organização Mundial da Saúde, ele continuou sendo treinado pelo técnico Luiz Dórea, na Academia Champions, mas a dupla teve que paralisar as atividades. “Eramos só ele e eu na academia, mas depois, quando as coisas pioraram, decidimos suspender. Aí, por duas semanas, fiquei treinando na academia de um amigo, só eu e ele, com todos os cuidados, máscara, álcool gel. Mas já tem mais de três semanas que estou treinando sozinho em casa”, conta Robson.

Atualmente em isolamento social, o pugilista só tem contato com os profissionais da equipe através das redes sociais, onde os fãs do lutador podem acompanhá-lo de vez em quando. “Os treinos físicos são feitos junto com meu preparador físico. Fazemos lives e botamos ao vivo no Instagram”.

A última vez que Robson Conceição subiu ao ringue foi em junho do ano passado, quando venceu o mexicano Carlos Ruiz, por pontos, em decisão unânime, em Reno, nos Estados Unidos. Aos 31 anos, o pugilista tem um cartel de 13 vitórias, com seis nocautes, e contrato com a Top Rank, uma das maiores empresas de promoção ao boxe do mundo.

Em dezembro, o atleta foi submetido a cirurgia nas mãos por causa de lesões antigas. “Foi necessária, porque eu já estava sentindo muito incomodo nos treinos pelo impacto da carreira inteira. A fisioterapia, apesar de intensa, já não estava resolvendo. Eu sentia dores há anos, já tinha feito até infiltração. O último recurso foi a cirurgia. Já estava ansioso pra fazer e ficar logo bom”, relata Robson. “A cirurgia foi tranquila, correu tudo bem, já consigo fazer treino de impacto, com saco, e o médico disse que seis meses é o prazo para a cicatrização total”.

O baiano voltaria a lutar antes disso, apenas três meses após a cirurgia, no dia 4 de abril, em São Paulo, durante o Boxing For You, principal evento de boxe do Brasil. O duelo foi adiado por causa da pandemia antes mesmo de ele saber o nome do adversário. O evento ainda segue sem previsão de acontecer. A paralisação das lutas para evitar a propagação da covid-19, por sua vez, acabou ampliando o período de fortalecimento das mãos.

“Foi um mal que vai servir para o meu bem. É o tempo que eu preciso para ter a recuperação total, para voltar a lutar sem lesão e sem dor nas mãos. É aguardar e ir fazendo meus treinamentos aqui em casa. Não paro, mesmo que em casa, faço dois treinos por dia. É fortalecer e aguardar tudo isso passar para voltar aos meus treinamentos e muito em breve retornar aos ringues”, projeta o atleta da categoria super-pena (até 57,2 kg).

Sonho mantido Quando não está treinando, Robson divide com a esposa Érica as tarefas da casa e o cuidado com as filhas, Sofia, cinco anos, e Stefani, dois. “Sou um cara muito família, então tô aproveitando o momento de pandemia pra curtir ainda mais a família”.

Entreter as meninas tem sido quase sempre mais cansativo que praticar boxe na laje. “A gente brinca de boneca, pega-pega, esconde-esconde. Curto bastante, mas também as duas brigam o tempo todo e só estão indo dormir 1h da madrugada. Tá dando trabalho, é muita energia”, admite o papai, que mantém o sustento da família mesmo com a ausência de lutas. “Eu sempre fui um cara que me preservei desde o começo no esporte, então tenho minhas economias e consigo me manter até hoje”. Robson Conceição se diverte com as filhas Stefani e Sofia Robson se profissionalizou em novembro de 2016, quatro meses após faturar a medalha olímpica, e ainda está em busca do primeiro cinturão. Antes da cirurgia, ele esteve entre os 35 primeiros colocados no ranking do Conselho Mundial de Boxe. Quer retomar o posto e alcançar o sonho em breve. 

“Meu objetivo é voltar logo aos treinamentos, poder seguir a planilha que tínhamos para este ano e me tornar campeão mundial. Estou ansioso e com mais determinação. Quando tudo voltar ao normal, em seis ou sete meses eu quero estar com o cinturão”, projeta.