Nanotecnologia, sustentabilidade e sociedade

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  • Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

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Quando se fala em nanotecnologia e sustentabilidade, a sociedade olha de forma bastante distinta. Enxerga nanotecnologia como algo muito distante e a sustentabilidade como algo tão próximo que talvez até distorça a realidade.Quando juntamos as duas palavras, na busca de uma nanotecnologia sustentável fica ainda mais difícil chegarmos a um conceito adequado.

A palavra sustentabilidade por si só já implica algo que se sustente tecnicamente, em escala e, principalmente, financeiramente e com durabilidade. Assim, transformar a borracha do pneu em brincos ou souvenires não implica em uma utilização sustentável para este material, tampouco utilizar um rejeito industrial para substituir outras matérias primas que encareça o produto acabado o é. A primeira situação não resolve o problema em escala, consumindo meia dúzia de pneus, já a segunda não ganhará espaço no mercado, extremamente competitivo e que tem o custo com uma das premissas básicas. Fica cada vez mais evidente que a reciclagem somente ocorre quando estes novos materiais são incorporados aos produtos em condições de concorrência técnica e econômica.

A nanotecnologia, tão presente em cosméticos, remédios, pastas de dentes e diversas outras aplicações se torna cada vez mais cotidiana, apesar de o desenvolvimento de nichos de mercado ainda ser um problema a ser superado para a disseminação das nanotecnologias, por estas, na maioria das vezes, encarecerem os produtos. Assim, uma nanotecnologia sustentável ainda parece um sonho distante para muitas áreas do conhecimento.

Mas, como despertar o interesse da sociedade e da iniciativa privada para estas áreas de conhecimento? Como gerar financiamento para estas pesquisas em um momento de crise que vivemos no país e em diversas partes do mundo? O meio técnico-científico acumula cada vez mais conhecimento nestas áreas, mas, até que ponto isto é transferido para a sociedade? 

Acreditamos ser muito importante e necessários os esforços nas pesquisas básicas, no entanto, em nosso país, as pesquisas com caráter exclusivamente básico, sem aplicabilidade, dificilmente receberão financiamento privado. Os nossos pesquisadores precisam enxergar que a transformação dos artigos científicos em patentes é fundamental para o crescimento do país e que os recursos captados por meio destas pesquisas aplicadas certamente ajudarão a financiar as pesquisas básicas, em um ciclo positivamente vicioso. E isso só será possível quando os pesquisadores das áreas básicas (física, química, biologia e matemática) se aproximarem das engenharias, trabalhando em conjunto, cada um com suas limitações e expertises.

Os pesquisadores do Laboratório de Ensaios em Durabilidade dos Materiais da Universidade Federal da Bahia (www.ledmaufba.com.br e canal LEDtube) desenvolvem pesquisas com caráter técnico-científico, utilizando resíduos industriais, nanomateriais e materiais inovadores, avaliando seu desempenho e durabilidade, visando obter produtos com valor agregado e capacidade de concorrência no mercado, transformando pesquisa em ganho econômico e social.

Com isso, financiamos as nossas pesquisas básicas e geramos conhecimento científico em alto nível e larga escala, mesmo em épocas de crise. Como diria o pesquisador Peter Kronstrøm, do Copenhagen Institute for Futures Studies, "Em tempos de crise, inovar é a única saída".

Daniel Véras Ribeiro é engenheiro civil, pós-doutor em engenharia de materiais e coordenador do Laboratório de Ensaios em Durabilidade dos Materiais  (www.ledmaufba.com.br).

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