'Não bebi nada', diz motorista que atropelou 15 pessoas em Itapuã

Empresário alegou ter sofrido um 'mal súbito'; ele foi ouvido e liberado

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  • Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2018 às 15:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./CORREIO

O empresário Ubiratan de Oliveira, 45 anos, se apresentou na tarde desta segunda-feira (22) na 12ª Delegacia (Itapuã), para prestar depoimento sobre o atropelamento de 15 pessoas na noite de sábado (20). "Eu não bebi nada", afirmou ele, ao chegar na unidade, acompanhado por um advogado. O empresário foi ouvido e liberado.

Segundo o delegado Antônio Carlos Santos, titular da unidade, Ubiratan deve responder por omissão de socorro e lesão corporal, mas quem decidirá se ele será indiciado por algum crime é a delegada plantonista Marialda Souza dos Santos, que atendeu a ocorrência.

Na saída, Ubiratan falou brevemente com a imprensa. Ele negou a versão que circulou após o acidente de que ele teria brigado com uma mulher que estava no banco de carona. "Não houve nenhuma briga e a imprensa está inventando tudo isso. É um absurdo", afirmou.

Além disso, o empresário disse se solidarizar com as vítimas. "Eu quero pedir desculpas a cada uma das famílias", afirmou. Ubiratan alegou ainda que não ficou no local para ajudar os feridos por temer ser agredido. "Eu fui embora porque a população queria me linchar", argumentou.

Mais cedo, o delegado afirmou que esperava que Ubiratan se apresentasse. "O condutor do outro veículo disse que ele vinha em zigue-zague e atropelou as pessoas que estavam no ponto. Quinze pessoas já vieram na delegacia prestar queixa por terem ficado feridas", explicou.

A versão de Ubiratan, confirma o delegado, é que ele passou mal. "Ele alega que teve um mal súbito na direção do veículo e que perdeu os sentidos, praticamente quase que a mesma questão que aconteceu no Rio de Janeiro [onde um homem atropelou várias pessoas na orla de Copacabana, semana passada, deixando uma vítima fatal] e isso deixa até a gente [polícia] constragido, mas ele tem o direito de defesa dele e cabe à polícia investigar e provar se é verdade ou não essa versão dos fatos", explicou Antonio Carlos Santos. Parte das vítimas teve material de trabalho perdido durante acidente (Foto: Betto Jr./CORREIO) 'Fuga' da delegacia O delegado confirmou que Ubiratan saiu da delegacia - o acidente ocorreu num ponto de ônibus bem em frente à unidade - depois do acidente. "Ele tem uma versão, e é verdadeira, que ele chegou a ser conduzido para delegacia por prepostos da PM. Entrou nessa delegacia, e quando estava no momento para ser ouvido pela delegada, o mesmo acabou achando que estava correndo perigo dentro de uma delegacia - isso foi até questionado por mim -, e resolveu evadir", contou Santos.

Embora o empresário tenha garantido que não bebeu, o delegado diz que ele se recusou a fazer o teste do bafômetro. "Eu não poderia afirmar se ele bebeu ou não, mas uma pessoa que não se submeteu a exame no dia do acidente, e inclusive na data de hoje, por orientação do advogado; também não quis se submeter ao exame de embriaguez... Eu já expedi a guia, foi assinada. Alguma coisa ele está escondendo", sugeriu o delegado. O empresário não tem passagem pela polícia.

Além de ouvir mais pessoas, o titular da 12ª Delegacia diz que a polícia vai buscar imagens de câmeras de vigilância que possam ajudar a elucidar o que ocorreu. A passageira do carro de Ubiratan - segundo ele, uma amiga - foi identificada com o prenome de Débora. O delegado afirmou que a polícia sabe onde ela trabalha e aguarda ela se apresentar para prestar depoimento.

Carro de aluguel Segundo dados do Sistema de Consulta da Situação de Veículos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA), o veículo é de propriedade da B12 Comercial de Alimentos e Bebidas que é conhecida como Mad Dog e estava alugado para Ubiratan desde setembro do ano passado.

O dono da marca, que pediu para não ter o nome divulgado, informou que o veículo estava com Ubiratan desde setembro. Na manhã desta segunda, ele também esteve na delegacia para prestar depoimento, na companhia de um advogado.

Ainda de acordo com ele, Ubiratan é dono de uma outra empresa de bebida, a Nick Bira, que revende os energéticos. O acusado é conhecido pelos colegas de trabalho como um homem tranquilo. "Como ele já era conhecido por essa galera que revende bebida, nós, então, alugamos. O contrato é claro e diz que a responsabilidade civil e criminal é de quem aluga", pontuou. 

O dono da Mad Dog disse ainda que, depois do acidente, nenhum carro da empresa será plotado. "É uma empresa baiana que ralou para consolidar a marca. Temos medo de que tudo isso possa ser negativo", analisou. O delegado disse que a empresa não deve responder criminalmente pelo ocorrido. 

O veículo Mitsubishi Pajero (placa JPT-2704) tem cinco multas registradas no Detran-BA – todas por trafegar em vias com velocidade 20% acima do limite permitido. O dono do carro afirmou que não tinha conhecimento das infrações. "Eu não sabia dessas multas, porque na página da Transalvador não aparece nada", finalizou.