'Não cabe', diz árbitra após sofrer tentativa de agressão em jogo

Jean Carlos, do Náutico, partiu para cima de Deborah Cecília depois de ser expulso

Publicado em 2 de maio de 2022 às 16:35

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Reprodução

A final do Campeonato Pernambucano, entre Retrô e Náutico, ficou marcada por cenas lamentáveis. Principal jogador do time alvirrubro, o meia Jean Carlos perdeu a cabeça e, após ser expulso, partiu para cima da árbitra Deborah Cecilia. O caso foi relatado em súmula como tentativa de agressão.

Deborah, que se tornou a primeira árbitra mulher a conduzir a decisão do torneio, falou pela primeira vez sobre o caso nesta segunda-feira (2), e cobrou uma punição ao jogador.

"Isso não cabe mais no meio do futebol, seja com homem ou mulher. Espero que tenha uma punição. Não pode perder a cabeça e partir para cima de pessoas. Isso não pode passar impune. Não pode passar a mão por cima disso", disse, ao site ge.

Jean Carlos foi expulso por conta de uma cotovelada em Yuri Bigode, do Retrô, aos 22 minutos do segundo tempo. Após receber o cartão vermelho, ele partiu para cima da árbitra, e precisou ser contido por atletas dos dois times e pela equipe de arbitragem que estava em campo. Revoltado, ainda bateu em uma porta que dá acesso ao gramado."As imagens estão aí. Ficou claro a atitude dele com relação à cotovelada no jogador. E ficou claro o meu cuidado de dar dois, três passos atrás para expulsá-lo. Se eu não dou esses passos, coisa pior iria acontecer", disse a juíza."E se as pessoas que estão envolvidas ali, os jogadores da outra equipe, e até os próprios companheiros e a arbitragem, não entram, eu com certeza teria sido peitada e agredida sim. A gente não pode perder a cabeça e partir para cima de qualquer pessoa. No mínimo, respeito. Em qualquer profissão e qualquer gênero", completou.

O Náutico conquistou o bicampeonato pernambucano nos pênaltis, após vencer no tempo normal por 1x0. Após o incidente, Jean Carlos postou um vídeo e admitiu ter "perdido a cabeça". Mas, segundo o jogador, não havia a intenção de agredir a árbitra.

"No momento da expulsão, sim, eu fiquei muito chateado, perdi a cabeça, porque eu sabia que não tinha dado a cotovelada e sim que eu tinha feito o movimento de tirar o braço dele (Yuri Bigode)", falou.

"Em nenhum momento a xinguei. Em todo momento que fui para cima, para falar com ela, era sobre que eu tinha tentando tirar o braço dele, que não tinha dado a cotovelada, mas entendo que pelas imagens parece que eu poderia fazer algo. Jamais encostei a mão em uma mulher e jamais encostaria. Se a Deborah achou em algum momento que isso poderia acontecer, peço desculpas a ela, peço desculpas a todas as mulheres, a todas as torcidas, a quem estava assistindo ou a quem viu alguma notícia", completou.

Jean Carlos pode ser denunciado ao STJD através do relato da súmula. "Aos 22 minutos do primeiro tempo expulsei com cartão vermelho direto o senhor Jean Carlos Vicente, número 10 da equipe do Náutico, por desferir uma cotovelada fora da disputa da bola no rosto do seu adversário", disse Deborah Cecilia no documento."Após eu ter apresentado o cartão vermelho direto, o jogador expulso partiu em minha direção na tentativa de me agredir, sendo contido pelo árbitro assistente Clóvis Amaral, e por seus companheiros de equipe, além disso relutou a sair do campo de jogo, sendo retirado por seus próprios companheiros de equipe", seguiu, na súmula.