'Não é mais um momento de crise, é de reconstrução', diz Mancini em seu retorno ao Vitória; leia entrevista

Quarto treinador do Leão em 2017, Vagner Mancini traça pontos-chaves: voltar a vencer no Barradão, união no clube e apoio da torcida. A estreia é domingo (30), contra o Cruzeiro

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  • Fernanda Varela

Publicado em 26 de julho de 2017 às 16:49

- Atualizado há um ano

O técnico Vagner Mancini foi apresentado nesta quarta-feira (26) como novo técnico do Vitória, o quarto do ano, após Argel Fucks, Petkovic e Alexandre Gallo - além dos interinos Wesley Carvalho e Flávio Tanajura. Em sua quarta passagem pelo clube, Mancini chega ciente de que o momento na Toca é mais turbulento do que os três anteriores, incluindo 2015, quando assumiu o time na Série B. Recolocou na Série A ao fim daquele ano e resistiu até setembro de 2016, quando acabou demitido com o Vitória em 18º lugar no Brasileirão. Retorna menos de um ano depois, em 19º.Otimista, Mancini destacou o desafio como sua grande motivação, chamou o torcedor para encher o Barradão e afirmou que vai pedir aos jogadores para que o time “volte a ter o perfil do Vitória, que sempre foi forte dentro de casa”. Confira, a seguir, os principais pontos da entrevista:Mancini (à direita) e o diretor de futebol Cléber Giglio (à esquerda) são apresentados por Agenor Gordilho(Foto: Fernanda Varela/CORREIO)Boas vindasGostaria de dizer que não consegui responder a mensagem de vários de vocês porque não tive tempo. Esses últimos dias foram muito intensos. A gente sentou e tentou ficar sabendo de tudo que estava acontecendo no clube. Hoje eu já tenho um bom apanhando do que foi o Vitória nesses últimos tempos. Estou feliz por voltar, por ter o carinho das pessoas. Quero passar que esse não é mais um momento de crise, é um momento de reconstrução. Um momento novo para o Vitória. É importante que vocês da imprensa também estejam junto com a gente, assim como a torcida, que tem que voltar a acreditar, e vir em maior número ao Barradão para jogar junto com a equipe. O que te fez voltar ao Vitória?O que foi decisivo foi a conversa com a diretoria, e aquilo que eu sei em termos de potencial do clube. Naquele momento a gente vinha de 16 meses de trabalho, vínhamos com um planejamento. Hoje não, hoje é diferente, já são quatro técnicos no ano. Quanto mais você mexe, mais você perde. Então espero que seja o último treinador do ano, e que eu possa ficar aqui até o término de 2018. Dentro de campo nós vamos dar ao time uma cara diferente, de um time que vencia os jogos dentro do Barradão. Vou pedir aos meus atletas para que a gente volte a ter o perfil do Vitória, que sempre foi forte dentro de casa. Isso recupera a auto estima, a confiança, e faz com que o torcedor venha ao estádio.Você é movido a desafio. Este é mais um?O desafio é o que mais me movimenta no futebol. Uma pessoa olhar para mim e falar: "você vai assumir a Chapecoense". Lógico que é uma situação atípica, que ninguém queria que tivesse acontecido (ele se refere ao acidente aéreo em novembro de 2016). Essa é a grande diferença do grande profissional. Você entender o processo e colocar sua mão. Tive outras oportunidades depois de deixar a Chapecoense, mas nenhuma como a do Vitória. Quando sentei e conversei, vi que tinha uma segurança. Por mais difícil que esteja o momento, eu vi sinceridade, então passo a ser mais um soldado que vai para a guerra. O Vitória não é para estar em 19º lugar. Cabe a todos falarem a mesma língua, evitarmos as desculpas, e diante disso buscar aquilo que pensamos que pode ser feito. O fundamental agora é entrar em campo e vencer partidas. Conversa com a diretoriaForam boas conversas, havia um encerramento de um ciclo. Me foi passado que algumas alterações seriam feitas, isso a nível de pessoal também. São novas pessoas, que estão pensando da mesma forma. Assim como eu sou cobrado, todos que participam do processo também precisam ser cobrados. Chego com uma vontade muito grande de que o jogo fosse amanhã, para colocar logo tudo em prática [o Vitória enfrenta o Cruzeiro domingo (30), em Belo Horizonte]. A gente precisa fazer com que esse time volte a vencer. Assim você consegue se estabelecer no mercado, com planejamento como ponto forte. Se houve ou não planejamento, não me importa. Importa que agora a gente vai fazer acontecer. Acompanhei o Gallo aqui, uma pessoa seríssima, por isso não há razão para querer mudar o mundo aqui.Você pretende usar a divisão de base?Em 2008, que foi minha passagem inicial aqui no Vitória, adotamos vários atletas da base para jogar. Na sequência também, teve Victor Ramos, Elkeson. Lembro do estádio inteiro vaiando Elkeson, e eu mantive ele. O mais importante é ter um time competitivo. Se for necessário usar a base, eu usarei. Quero atletas que entendam a importância do Vitória. Pode ser quem for, se não vestir a camisa, não vai jogar. É importante também usar a base, porque a base do Vitória é referência nacional. Você já tem metas?Temos que estabelecer isso com quem entra em campo. Temos que sentar com os atletas. É importante você objetivar metas, sentar com os atletas para que eles entendam que são capazes daquilo, e que é importante também para o clube. Ninguém entra no campeonato ignorando que a meta inicial é chegar aos 45 pontos. Agora como vamos chegar até lá, vai depender. Mas é importante que você mostre para eles que é totalmente possível, e que eu outras equipes já fizeram. Quem é sua equipe?Valter (Abrantes) está voltando comigo, mas em uma função diferente. Ele terá uma ação mais multidisciplinar, não só a função de auxiliar em campo. Posteriormente pode ser que a gente faça a vinda de outro auxiliar. Se contar com os dois interinos, o Vitória já teve cinco técnicos no ano. É muita coisa para o jogador assimilar? Você vai aproveitar algo dos outros treinadores ou implantar sua filosofia?Conversei com Flávio Tanajura, pedi um esboço do que foi o Vitória até aqui. Vi jogos com todos os treinadores. É lógico que você tem metodologias misturadas que não fazem bem ao atleta. Nós vamos ter que estar atentos a isso daí. Pelo que observei, o Vitória às vezes tem uma marcação um pouco mais adiantada. Até o jogo do Cruzeiro vou fazer muito pouco, será mais na base da conversa, pedir para o Vitória reagir, fazer o time despertar de uma situação. A parte estrutural de equipe, de parte tática, a gente vai implementar aos poucos.

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