'Não haverá justiça', diz mãe de Davi Fiúza após conclusão de inquérito

Mãe de jovem desaparecido em 2014 quer que 'polícia diga onde enterrou Davi'

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  • Tailane Muniz

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 21:30

- Atualizado há um ano

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Davi tinha 16 anos quando desapareceu (Foto: Rute Fiúza/Arquivo Pessoal) A família do adolescente Davi Fiúza, desaparecido em 24 de outubro de 2014, durante uma operação da Polícia Militar no bairro de São Cristóvão, em Salvador, revive um novo capítulo da busca por notícias do garoto, que sumiu quando tinha apenas 16 anos.

Isso porque a Polícia Civil encerrou o inquérito que apurava o caso e o enviou ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). A informação foi confirmada ao CORREIO por meio da assessoria do MP-BA nesta quinta-feira (2).

Conforme o órgão, a promotora de Justiça Ana Rita Nascimento já está analisando os três volumes apresentados pela Polícia Civil. Ainda de acordo com o MP-BA, o documento foi entregue pela polícia há 15 dias e vai ser totalmente avaliado até o final de agosto.

O inquérito contém 12 volumes e deve explicar o que, de fato, ocorreu com Davi Fiúza, segundo as investigações. A reportagem procurou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) que informou, via assessoria, que o caso segue em segredo de justiça e, portanto, não comentaria o assunto.

Em contato com o CORREIO, a mãe do adolescente, Rute Fiúza, disse que o momento é doloroso e que não tem esperanças de justiça."Sinceramente, eu sou muito cética quanto a isso. Eu não sou iludida, eu vejo a impunidade todos os dias, em tantos casos. Temos aí o caso Geovane Mascarenhas, Emanuel e Emanuelle, e o da própria Marielle Franco. Não vai ser diferente comigo", desabafou.Rute afirmou, no entanto, que não vai fazer apostas do que pode acontecer no final de agosto, quando o MP-BA deve dar um parecer sobre a análise do inquérito.

"Eu prefiro esperar para ver o que vai ser. É sempre muito doloroso reviver isso tudo, já chorei muito hoje. Meu filho está enterrado em algum lugar e só eles [policiais] sabe onde colocaram. A conclusão do inquérito nos deixa parcialmente feliz, mas vamos aguardar", acrescentou, afirmando que o advogado da família está a par de todos os passos do caso.

A mãe da Davi contou ao CORREIO que desde o sumiço do filho, na porta de casa, após uma abordagem realizada por policiais do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) e Rondas Especiais (Rondesp), a rotina da família convive com o medo."O que o estado impõe à gente o tempo todo é medo. Medo e insegurança. Segurança Pública? Nós não temos isso. O medo é constante", concluiu. Adiamentos O inquérito elaborado pela Polícia Civil deveria ter sido finalizado em janeiro de 2017, após ser adiado pelo menos três vezes. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) solicitou prorrogação do prazo ao MP-BA, que concedeu mais 90 dias para a conclusão do caso. O prazo terminaria em abril do mesmo ano mas, até lá, nada foi apresentado pela polícia.