‘Não me ouviu, brigava muito’, diz pai de jovem morto na Massaranduba 

Danilo Conceição da Cruz e outras duas pessoas morreram na ação dos bandidos

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  • Tailane Muniz

Publicado em 4 de abril de 2019 às 10:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

A morte do ajudante de pedreiro Danilo Conceição da Cruz, 22 anos, na noite dessa quarta-feira (3), no bairro de Massaranruba, em Salvador, não surpreendeu sua família. O jovem estava acompanhado de Débora Silva Cruz, 45, e de Ramon Barbosa dos Santos, 20, quando foi atingido por tiros. Os três morreram. Não há parentesco entre as vítimas.

Na manhã desta quinta-feira (4), ainda havia resquícios de sangue espalhados na Rua Jaime Coelho, onde, por volta das 23h, aconteceu o ataque. A cerca de 50 metros dali, na casa de Danilo, pai e mãe recebiam dos vizinhos palavras de conforto pela morte do caçula.

O ajudante de pedreiro era o mais novo de três irmãos, não tinha filhos e morava com os pais em uma casa pequena, localizada em um dos becos paralelos à rua em que foi morto. Com ar sereno, o pedreiro Francisco Rodrigues, 52, foi categórico ao afirmar que já “esperava” a morte do jovem.

Segundo o pai, o rapaz era usuário de drogas e tinha constantes desentendimentos no bairro em que nasceu e foi criado. A Polícia Civil afirmou que uma das linhas de investigação está relacionada ao tráfico de drogas. “Eu sabia que ia acontecer, ele não me ouvia. Não tenho o que fazer, esses meninos novos são assim. E agora os pais enterram filhos”, comentou.Embora tenha afirmado ao CORREIO que Danilo era ‘brigão’ na rua, Francisco disse que o jovem tinha comportamento tranquilo dentro de casa, em convivência com a família. “Ficava na dele, não fazia nada demais. Mas largou os estudos, fazia só os bicos de vez em quando”, completou o pai.

A Polícia Civil informou que, segundo apuração preliminar, homens em um veículo Ford Ka, de cor branca, efetuaram disparos de arma de fogo que atingiram Débora, Danilo e Ramon - os três estavam sem documento de identificação e foram reconhecidos por familiares no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR).

 "Não foi verificado grau de parentesco entre as vítimas, até o momento", informou a Polícia Civil.

O enterro de Danilo será nesta sexta-feira (5), às 11h, no Cemitério de Periperi. Já o de Ramon será às 14h, no Cemitério Municipal de Paripe. O velório de Débora será no Cemitério Municipal de Candeias, mas o horário não foi informado.

‘Não quero morrer’ No cenário do ataque, moradores evitaram falar do assunto. O CORREIO foi até os endereços de Ramon e de Débora, mas os familiares não quiseram comentar o crime. Uma moradora se limitou a dizer que abordar a autoria do triplo homicídio “não ia adiantar nada”.

O que se sabe, segundo poucos relatos, é que as três vítimas estavam juntas e tentaram fugir. Primeiro caiu Ramon, em seguida, Danilo e, metros à frente, Débora.

Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada às 23h e, ao chegar no local, encontrou a mulher viva. Segundo a PM, Débora foi socorrida por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de San Martin, onde morreu em seguida.

“A área foi isolada, e o Serviço de Investigação em Local de Crime (Silc), acionado para proceder com a perícia e a remoção dos corpos dos indivíduos”, completou a corporação. 

Francisco, pai de Danilo, ainda não decidiu detalhes do sepultamento do filho e, para ele, não importa quem tirou a vida do caçula. “Saber para quê? Eu não quero morrer, não tenho problema com ninguém e acho que, na vida, a gente tem que pensar bem o que faz”.

O triplo homicídio é investigado pela Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM). Autoria e motivação ainda estão sendo apuradas por policiais civis. Testemunhas e familiares estão sendo ouvidos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).