Nascida antes de Woodstock, a Aldeia Hippie ainda é referência global

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  • Waldeck Ornelas

Publicado em 23 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Há pouco tempo, Camaçari comemorou os 40 anos de implantação do seu Complexo Petroquímico, base do vigoroso Polo Industrial que fez do município o 36º maior PIB municipal do país. Mas há uma outra efeméride que Camaçari também comemora este ano: o cinquentenário da sua famosa Aldeia Hippie de Arembepe, em torno da qual circulam histórias e versões as mais diversas, em qualquer hipótese um marco de referência da maior importância em relação ao movimento que eclodiu nos anos 60 e que tem seu ponto alto no Festival de Woodstock, em agosto de 1969, considerado um evento que marcou uma geração e mudou a história da música. Nascida antes de Woodstock, mas sem uma data precisa que se lhe possa atribuir, a Aldeia Hippie tornou-se uma referência global, tendo sido local de peregrinação de adeptos da cultura alternativa e recebido a visita de inúmeros personagens importantes da época, inclusive alguns que participaram de Woodstock. Por ali passaram nomes internacionais, ícones da música como Janis Joplin, Mick Jagger, Keith Richards, ou do cinema, como Roman Polanski, Jack Nicholson e Dennis Hopper, além de Anita Pallenberg, Marianne Faithfull, Richard Gere, Ruth Mautner, Gerard Leclery. Foi também recanto por onde transitaram inúmeros artistas e intelectuais baianos e brasileiros, como Sonia Braga, José Simão, Waly Salomão, Rita Lee, Tim Maia, Ney Matogrosso, Pinky Weiner e tantos outros, sem esquecer os Novos Baianos. Remanescente do movimento de contracultura dos anos 1960, a Aldeia Hippie de Arembepe mantém-se viva. E como tal será preservada. Tendo sido diferente na sua origem, é natural que a sua preservação também seja inovadora. É por isto que, como parte do programa de desenvolvimento turístico da Costa de Camaçari, a prefeitura local busca transformar a Aldeia Hippie em um “museu vivo”, onde os visitantes possam conhecer a sua história por meio de modernos vídeos retrospectivos e interpretativos, mas também conviver com aqueles que, velhos e novos, preservando a filosofia, por lá habitam. A ideia do museu vivo – em si uma contradição conceitual, mas muito compatível com o espírito da aldeia – fará o link do movimento dos anos 1960 com o presente, demonstrando a forte ligação existente entre os valores do movimento Hippie e sua projeção na atualidade, com destaque para a defesa do meio ambiente, o conceito da alimentação saudável, a liberdade no modo de viver, além das artes e da música, que foi à época a forma de expressão adotada. Irá possibilitar aos visitantes uma imersão na cultura hippie e principalmente sua valorização como polo de confluência da filosofia, do pensamento, das artes, da música, da natureza, da convivência, do amor e da vida em comunidade. De todas as localidades da Costa de Camaçari, ao longo de 42 km de praias, Arembepe é a mais turística, conhecida e festeira, dotada de identidade própria, reconhecimento público externo e concentra a atração de visitantes, nacionais e estrangeiros, em um contexto onde ainda prevalece o turismo de veraneio. A Aldeia Hippie tem tudo a ver com isto. Circunscrita a uma área específica, fato é que a aldeia exerceu forte influência na formação da imagem de Arembepe, na medida em que os múltiplos tipos de visitantes que para aí acorriam não necessariamente ficavam na própria aldeia, mas curtiam toda a vila. Emblemática, a Aldeia Hippie é, sem dúvida alguma, o mais singular e importante símbolo globalizado e icônico de toda a Costa de Camaçari, fazendo valer o conceito da Arembepe paz e amor.

Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional e ex-secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia.

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