'Necessito de Cuba para viver e escrever', afirma Leonardo Padura

Escritor abriu a edição 2019 do Fronteiras do Pensamento e falou sobre a sensação de pertencimento

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 6 de agosto de 2019 às 22:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./CORREIO

Morar em seu país de origem não deveria ser algo que estranhe outras pessoas. Mas essa é uma questão com que Leonardo Padura lida sempre. Com cidadania espanhola, o escritor resolveu seguir morando em Cuba, onde nasceu.“Eu não posso ser - e nem quero ser - outra coisa. Necessito de Cuba para viver e escrever”, afirmou.Autor do livro O Homem que Amava os Cachorros e da quadrilogia Quatro Estações em Havana - que virou série na Netflix -, Padura foi o responsável por abrir as programações da nova temporada do Fronteiras do Pensamento, que teve sua primeira conferência de 2019 ontem, no Teatro Castro Alves.

Em uma apresentação de uma hora, apresentou o texto ‘A cidade e o escritor’, discorrendo 13 pontos centrais de seu país - sempre lembrando os motivos pelos quais continua lá. Afinal, o tema desta edição do evento é ‘Sentidos da Vida’ e, para ele, há conexões entre a construção literária e o sentido de pertencimento.“O país é muito mais que sua geografia - ele nos afeta, nos define. Há 63 anos e pouquinho, moro na mesma casa, em Mantilla, um bairro da periferia e onde viveu meu pai, meu avô, meu bisavô. Isso é uma espécie rara. Isso contribuiu para forjar meu caráter. Sempre me senti, mais que cubano e habanero, um mantillero. Ali, chamo de pátria, é onde pertenço e influencia no que escrevo”, falou.Para ele, um autor é um armazém de memórias. “Vivo as histórias, os dramas e tento escrevê-los. Eu posso odiar o que mais amo, sentir esses sentimentos incríveis, amores e dores, e escrever. Continuo sendo e pertencendo a este lugar”, disse.

Professor de história, Bruno Moreira, 34, assistiu à conferência justamente pelas raízes de Padura. “Eu já visitei Cuba - isso foi o que me motivou a vir. Também já conhecia a obra O Homem Que Amava os Cachorros.  A literatura dele acaba atualizando as visões que nós, estrangeiros, temos sobre Cuba. Eu li por indicações, depois que fui ao país. Foi um vacilo, devia ter feito antes. Também assisti a Quatro Estações em Havana. Tenho muito interesse sobre Cuba, sobre literatura, e essa é uma boa oportunidade”, comentou. 

Com as conferências com quase todos os ingressos esgotados - haverá ainda com o filósofo francês Pierre Lévy (10 de setembro) e escritoras brasileiras Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz (1º de outubro), Cláudia Bocciardi, diretora de marketing institucional da Braskem, patrocinadora do projeto, comemora o sucesso de uma nova edição.

“É importante promover esse tipo de evento, de reflexão, com pensadores diversos - filósofos, antropólogos, historiadores... Isso conversa com esse momento que a gente está vivendo, de sermos mais inclusivos - para que a gente, de fato, comece a olhar para os problemas contemporâneos. A cultura faz com que a gente evolua”.

O Fronteiras do Pensamento é patrocinado pela Braskem e pelo Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, com apoio do Clube Correio e da Rede Bahia.

Próximas edições do Fronteiras do Pensamento Quando: 10 de setembro, 20h30 (Pierre Lévy) | 1º de outubro, 20h30 (Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz) Onde: Teatro Castro Alves Ingressos: cada conferência – R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) Vendas: no site Ingresso Rápido