Neymar e a recusa à evolução

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  • Ivan Dias Marques

Publicado em 20 de julho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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É comum, mas superficial dizer que as derrotas arranham a imagem das equipes e jogadores de futebol. Esse tipo de análise esquece algo muito importante: o fator humano. A forma como os profissionais reagem após os reveses como se comportaram durante a competição diz muito. Assim, é possível que membros de uma mesma equipe saiam de uma campanha decepcionante com imagens diferentes perante o público.

Claro, estou falando da Seleção Brasileira. A eliminação na Copa do Mundo trouxe desgastes diferentes para os membros do selecionado brasileiro. Enquanto boa parte do elenco saiu sem muitos arranhões ou algum aumento de carisma da campanha na Rússia, tivemos os dois extremos personalizados por dois jogadores. 

De um lado, Neymar, com alto teor de repulsa no mundo todo e uma crise na imagem que ainda não se sabe a profundidade e se ele conseguirá se reerguer completamente, tamanha a repercussão negativa do seu exagero nos momentos em que sofria faltas dos adversários. 

Na outra ponta, está Thiago Silva. Desde o momento ‘chorão’ na Copa de 2014, passando por pênaltis inexplicáveis na Seleção e no PSG, ambos saltando com a mão para cima, o zagueiro passou a ter questionada a capacidade de lidar com momentos de pressão. Na Rússia, teve atuações seguras e equilibradas, sendo, talvez, o melhor jogador brasileiro na competição.

Ao que parece, o defensor soube compreender que possuía um problema e o tratou. Seja com ajuda profissional ou não, Thiago deu a volta por cima e convenceu inclusive àqueles que questionaram sua convocação.

A pergunta agora é: como Neymar e seu staff lidarão com a crise de imagem do atacante do PSG? Os primeiros sintomas não são nada bons. O camisa 10 fugiu do contato com a imprensa na Rússia, seu pai esteve às voltas com reuniões com a Globo para ajustar um tratamento menos pesado da emissora com o filho (atitude ridícula) e sua equipe, preocupada com a negatividade relacionada à imagem dele, quer que o atleta só apareça em eventos ‘positivos’ como o leilão de seu instituto, marcado para ontem.

Ora, todas as atitudes caminham para um mesmo fim: manter a repulsa do brasileiro ‘comum’ ao jogador. As pessoas, historicamente, dão valor à naturalidade, à honestidade e ao consentimento de culpa quando se é, efetivamente, culpado. Neymar não fez nada disso até agora. Segue com um discurso pronto, baseado nas premissas artificiais de ‘o que dizer’ e ‘para quem dizer’, não assumiu publicamente seu exagero nas reações às faltas na Copa e se coloca – nas entrelinhas - como perseguido pelo mundo em postagens nas redes sociais.

Pior do que uma imagem negativa, Neymar virou chacota. Chacota entre aqueles que mais deveriam admirá-lo: os brasileiros. Numa situação normal, de exagero da imprensa europeia, o amante nacional do futebol estaria enchendo as caixas de comentários e respostas dos gringos defendendo o camisa 10 da Seleção. Mas é impossível ignorar a razão das críticas.

Nesse momento, o jogador prefere o isolamento. E seu staff diz amém. Sem crítica, não há crescimento. Sem reflexão, não há evolução. Na bolha em que se encontra, Neymar vai estagnar como pessoa e como jogador. Para que esteja no topo é preciso evoluir. Agora, muito mais como homem do que como atleta. * Ivan Dias Marques é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras