Ninguém é racista

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  • Malu Fontes

Publicado em 16 de abril de 2018 às 05:45

- Atualizado há um ano

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Recentemente, a jornalista baiana Maíra Azevedo, a Tia Má, tornou-se notícia nacional para além do seu trabalho. Ela começou a receber ameaças de morte e ofensas de conteúdo racista, nas quais não faltavam os adjetivos macaca e negra, como se cor da pele fosse algo depreciativo. O ameaçador descobriu os telefones pessoais de Maíra, demonstrava saber suas rotinas e anunciava que iria matá-la. O ódio e as ameaças eram gratuitos, alimentados tão somente pelo racismo.

Ao procurar a polícia e a Justiça, o que tem que ser feito cada vez que alguém é objeto de manifestação de ódio, de ameaça e de racismo, a jornalista, assim como todo mundo que acompanhou o seu caso, não deve ter acreditado no desfecho: quem fazia os ameaças era um rapaz negro. Como sempre acontece em episódios dessa natureza, o acusado, diante da polícia, afirmou que jamais foi racista. Atribuiu os ataques, os xingamentos e as ameaças a problemas psíquicos. Sua mulher havia morrido há pouco tempo, ele ficara inconsolável e, nesse contexto, sob perturbações psíquicas, começou a ameaçar Tia Má. 

Coitada Também não faz muito tempo que uma moça meio esquisitona e de nome tão estranho quanto e profissão idem, imigrante clandestina nos Estados Unidos e no Canadá, tornou-se manchete por chamar de macaca a filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovana Ewbank, Titi. Eram muitas e absurdas as declarações contra a criança. Instada a responder judicialmente sobre os ataques à menina, cadê a empáfia da racista? Desconversou, saiu por todas as tangentes e colocou-se ela própria como uma pobre vítima de preconceito por ser imigrante e por intervenções plásticas malsucedidas. Enfim, era só uma pobre coitada sob sofrimento psíquico que, como sintoma de um estado mental crítico, usou uma criança para descarregar suas insatisfações com o mundo. 

Casos de manifestação de racismo no Brasil, no mundo, na imprensa são vistos todos dias. A bola da vez é o caso Jair Bolsonaro, o pré-candidato à Presidência da República. Bolsonaro é um atentado a toda e qualquer noção de respeito, civilidade e tolerância. O candidato acaba de ser denunciado pela Procuradoria Geral da República por racismo. O objeto da queixa foi uma declaração em uma palestra no Rio de Janeiro, há mais de um ano, na qual declarou que populações quilombolas não servem para nada, nem mesmo para procriar.

Negão Obviamente que os Bolsonaros, segundo eles mesmos, não são racistas. Diante da notícia da denúncia contra o pai, Flávio Bolsonaro, também deputado, só para variar, fez jus à civilidade da família e comportou-se como se espera que alguém de sua família o faça. Mesmo que a denúncia tenha sido apresentada ao Supremo Tribunal Federal pela procuradora geral da República, Raquel Dogde, o Bolsonaro filho saiu-se com essa: “Racista é o c.@&$ da sua mãe, militante esquerdista nojento. Jair Bolsonaro foi forjado no quartel, lugar de gente decente, humilde, trabalhadora e cheio de negão”. A tese é a mesma nesses três casos. Ninguém é racista diante da polícia e da justiça. Já longe delas...

Essa legenda fofa de Flávio Bolsonaro, apropriadíssima para um deputado, e sobretudo como reação a uma denúncia da PGR, foi postada numa rede social e, como é clássico nesses casos, sob uma fotografia onde Flávio aparece abraçado a um rapaz negro. Ah, e um detalhe: Flávio, louro e de olhos claros, agora assina “Flávio NEGÃO Bolsonaro”(sic). A imagem é apenas uma variação do argumento batido usado por todo racista e preconceituoso para negar seu aleijão: “Racista, eu? Claro que não. Eu até tenho amigos negros...”. Além de racistas, preconceituosos, reacionários e intolerantes, os Bolsonaros têm uma predileção pelo monossílabo anal. Um outro Bolsonaro, também com mandato, está surfando nas manchetes por ameaçar de morte uma jornalista. Assim como o irmão, no texto das ameaças enviadas à moça a referência ao ânus é ampla. Deve ser um hábito vocabular da família.