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No campo e na arquibancada, mulheres croatas são sucesso na Copa


 

Presidente do país vai aos jogos com dinheiro do próprio bolso, e seleção tem gerência feminina

  • Daniela Leone

Publicado em 12/07/2018 às 09:58:00
Atualizado em 18/04/2023 às 15:44:04
. Crédito: Dimitar Dilkoff/AFP

Finalista da Copa do Mundo, a Croácia está batendo um bolão. E não se trata apenas de futebol. Em meio a tantos casos de machismo e assédio registrados durante a competição, a seleção europeia é a única que tem uma mulher em cargo de comando entre os 32 países classificados para o Mundial. Gerente da equipe, a ex-tenista Iva Olivari, 49 anos, é quem toma as decisões fora das quatro linhas. De saia longa e terno, ela é figura presente nos estádios da Rússia e já fez história. Iva é a primeira mulher a ficar no banco de reservas no torneio da Fifa. A ex-tenista Iva Olivari é a gerente da seleção croata na Copa do Mundo (Fifa/Divulgação) Iva é responsável por toda a logística e planejamento da seleção e é carinhosamente apelidada por alguns atletas como "tia Iva". Foi dela a missão de vistoriar os lugares onde a delegação poderia ficar concentrada na Rússia. Optou pela calmaria de um resort em Illichevo, a 60 quilômetros de São Petersburgo.

Funcionária da federação de futebol desde 1992, ela foi promovida à chefia da seleção em 2012, quando Davor Suker, maior ídolo do futebol croata, se tornou presidente da entidade. No banco de reservas e perto do técnico Zlatko Dalic, ela auxilia durante os jogos com as substituições, por exemplo. 

Iva está a um passo de escrever mais um capítulo inédito na história. Se a Croácia for campeã da Copa do Mundo, ela será a primeira mulher a tocar no troféu do torneio em campo, na festa de premiação. O protocolo dita que apenas campeões e chefes de estado podem pegar na taça original - que é substituída por uma réplica ainda nos vestiários, logo após a decisão.

Iva não é a única mulher croata que está chamando a atenção. Fora de campo, uma outra apaixonada por futebol se destaca. Trata-se da presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic, a primeira mulher a ocupar o cargo no país.

A chefe de Estado, 50 anos, não apenas tem acompanhado jogos da Croácia durante o Mundial da arquibancada, como fez questão de pagar os ingressos do próprio bolso e descontou os dias de folga do salário. Sem protocolos, ela deixou os trajes oficiais de lado e adotou o uniforme da seleção para torcer. 

Kolinda esteve no vestiário dos atletas após a classificação às semifinais.

Kolinda não pôde ver de perto a vitória por 2x1 da Croácia contra a Inglaterra, que garantiu a seleção de seu país na final do Mundial, contra a França, domingo (15), às 12h, em Moscou. Na quarta-feira (11), dia do jogo, ela participava de uma reunião da cúpula da Otan, em Bruxelas, na Bélgica.

Integrante do partido União Democrática Croata (HDZ), Kolinda Grabar-Kitarovic foi eleita presidente em 2015 ao derrotar o então chefe de Estado Ivo Josipovic, com 50,54% dos votos. Casada e mãe de um casal de adolescentes, ela seguia carreira diplomática antes de assumir o cargo. Foi embaixadora da Croácia em Washington entre 2008 e 2011, ministra para Integração Europeia e ministra das Relações Exteriores.