No Chile, vacinação não impede os novos casos de covid-19

O Chile é o quinto país que mais imunizou contra o coronavírus no mundo

Publicado em 4 de abril de 2021 às 09:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock

O Chile é o quinto país que mais imunizou contra a covid-19 no mundo. São 3,8 milhões de pessoas vacinadas, o que deu mais segurança em relação à doença. Apesar disso, o país passa por um período de aumento expressivo de casos diários e restrições cada vez mais severas.

Há 25 anos, Patricia França deixou São Paulo e se mudou para Santiago, onde constituiu família e se formou em psicologia. Em março, ela tomou a segunda dose da Sinovac.

A psicóloga de 44 anos mora em Maipú, que desde o dia 25 de março está em quarentena total. "Sei que se eu for contaminada, não vou desenvolver a forma mais grave da doença. Antes de voltarmos para a fase de confinamento, eu estava indo com mais frequência ao supermercado, ao shopping. No trabalho, apenas entre nós médicos não usamos mais máscaras e tomamos café da manhã juntos", diz.

O advogado chileno Raul Riveros também está imunizado e se sente "um pouco mais livre". Ele vive em Antofagasta, norte do Chile, e voltaria ao escritório na segunda-feira. Mas, por conta da gravidade da pandemia na cidade, o retorno foi adiado para maio. "A vacina te dá uma certa proteção diante dos outros, mas é preciso ter a precaução e a consciência de que você pode transmitir a doença para quem não está vacinado. Não ando mais com álcool em gel para todos os lados, por exemplo", afirma.

Estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostra que, após ser vacinada, a pessoa pode se encontrar com outras sem usar máscara. Mas a infectologista da Universidad de Chile Claudia Cortes alerta que o trabalho foi feito com base nos imunizantes Pfizer e Moderna. Portanto, as recomendações não deveriam ser aplicadas no país sul-americano. "A vacina que vem sendo administrada no Chile é a Sinovac, que tem um nível de proteção mais baixo."

Desde fevereiro, o país vive a segunda onda da covid-19, mais agressiva. Para Claudia, isso se deve, principalmente, a três fatores: relaxamento da população com medidas de proteção, permissões concedidas para o período das férias e as novas variantes do vírus, sobretudo a brasileira.

Segundo o Ministério da Saúde do Chile, 44% da população objetivo já recebeu ao menos uma dose da vacina.

Cuidados contra a covid-19 devem ser mantidos mesmo após vacina Com a vacinação, muitas pessoas podem achar que as medidas de proteção, como uso da máscara, do álcool em gel e o distanciamento, não precisam mais ser respeitadas.

Mas é justamente o contrário. O médico David Urbaez, diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal, afirma que os cuidados precisam ser mantidos já que poucas pessoas serão imunizadas nesse primeiro momento. “Não muda absolutamente nada. Nós, mesmo que vacinados, temos que fazer uso da máscara o tempo inteiro, temos que manter o distanciamento de 2 metros em todos os lugares e temos que deixar para trás qualquer tipo de aglomeração. E temos que fazer higiene de mãos e de superfícies de forma frequente”.

David explica que o pequeno número de vacinados não impede a circulação do coronavírus. Segundo ele, ainda não há certeza se as pessoas vacinadas podem transmitir a doença. A vacina não tem, ainda, evidências que evite a transmissão dos vírus. Ou seja, a pessoa vacinada, mesmo com as duas doses, poderá se infectar com o coronavírus. E o que essa vacina evita? O mais importante dentro da covid-19, é que você desenvolva sintomas graves e tenha que ser internado, porque você pode evoluir para um caso grave e daí para óbito”.