Notícias falsas não devem interferir nas eleições brasileiras, acredita estudioso

Conteúdo enganoso apenas ressalta escolha de candidato

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  • Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2018 às 20:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Robson Mendes/CORREIO

As notícias falsas, ou fake news, como ficaram mundialmente conhecidas após a eleição americana de Donald Trump em 2016, não devem influenciar nas eleições brasileiras deste ano. Ao menos é o que afirmou o professor Jason Reifer, da University of Exeter, na Inglaterra, durante palestra realizada na manhã desta quinta-feira (28) na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. A visita do estudioso integra a programação do 13° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

A pesquisa do professor, realiza durante o período eleitoral de 2016, aponta que 289 notícias falsas estavam ativas. Desse número, 27,4% foi exposto a conteúdo enganoso, lendo em média 5.45 fake news. O estudo revela que 40% eram a favor de Trump. De acordo com o estudo, quanto mais conservador for o eleitor, mais há a possibilidade de acreditar em uma notícia falsa, porém, isso também não influenciou diretamente na disputa eleitoral norte-americana.

“Elas não afetaram as eleições de 2016. Não desmobilizaram os eleitores. Acho que meias verdades, o que os políticos dizem são um problema  muito maior do que artigos falsos na internet. Temos que nos preocupar com coisas falsas que políticos dizem”, afirmou.

Durante a palestra, Reifer ainda defendeu as agências de checagem produzidas por jornalistas, mas avaliou que deveriam adotar outra medida de ação. “Eu acho que as agências tem um papel valioso, mas a disseminação da desinformação é mais preocupante do que corrigir. Nesse sentido, os políticos sendo restritos é um papel valioso da checagem de fatos, para podermos limitarmos o que eles podem dizer. Isso é uma vitória pra nós”, disse.

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A viagem do estudante de jornalismo Matheus Nascimento, 22, do Rio de Janeiro para o congresso em São Paulo valeu a pena. Ele ficou surpreso com a conclusão feita pelo estudioso inglês. “Achava que causava impacto, principalmente na eleição de Trump. Aceitei, mas acreditar é difícil. Tivesse como confirmar, eu ia atrás”, diz.

Já a jornalista recém-formada Madalena Pineiro conta que a palestra fez com que ela refletisse sobre a educação midiática. “Cabe a gente tentar apresentar uma perspectiva pra trazer essa didática e reflexão para as pessoas”, explicou.

Congresso A 13° edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela Abraji, teve início nesta quinta e acontece até o sábado (30), na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. O evento reúne centenas de jornalistas e estudantes de jornalismo para debater, aprender e conversar sobre a profissão.