Notícias radioativas para Cristiano Ronaldo

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  • Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Em 2017, a revista alemã Der Spiegel, conhecida por reportagens investigativas muito bem feitas, publicou que o craque português Cristiano Ronaldo havia sido acusado de abuso sexual em Las Vegas, nos Estados Unidos. À época, o jogador disse que tudo não passava de ficção.

Agora, o episódio volta a assombrá-lo, pois a suposta vítima conseguiu reabrir a investigação na polícia americana e as informações vieram à tona, conduzindo Ronaldo para dentro de um labirinto de declarações e desmentidos que o levam de volta a 2009, quando o estupro teria ocorrido.

Não sei se Cristiano Ronaldo abusou sexualmente a ex-modelo Kathryn Mayorga, mas o leva e traz de informações já começa a fragmentar a imagem de bom moço do craque, construída com muito trabalho de marketing para desfazer a visão que muitos tinham sobre sua postura mascarada, digamos assim, para ficar num termo da bola.  

É fato que a Der Spiegel não criou ficção nenhuma. Talvez somente Ronaldo e Mayorga saibam se houve estupro mesmo ou não, mas a acusação efetivamente existiu em 2009, uma queixa-crime foi registrada na polícia e até um acordo entre jogador e ex-modelo foi assinado para que ela não desse seguimento com um processo judicial, em troca de grana.

Acontece que Mayorga agora voltou atrás e a polícia reabriu o caso, fazendo emergir dados até então desconhecidos. Num lapso, Cristiano Ronaldo, o garoto-propaganda perfeito, com contrato de milhões de dólares com algumas das marcas mais potentes do mundo, virou um personagem radioativo.

De acordo com a revista Forbes, a previsão é que Ronaldo receba, somente em 2018, US$ 47 milhões em contratos de patrocínio, o que dá uma bolada na faixa de R$ 170 milhões. A Nike, que tem um acordo vitalício com o atacante, já avisou oficialmente que está preocupada com as notícias dos últimos dias e pode romper o contrato.

A EA Sports, que produz o jogo eletrônico Fifa, limou Ronaldo da sua divulgação e afirmou que está monitorando o caso, pois a empresa espera dos seus “embaixadores” (no caso, suas estrelas patrocinadas) um comportamento adequado aos “valores” da firma.

Outras empresas estão de olho na situação para definir que caminho optar. No curso normal da vida, ninguém gostaria de desvincular a imagem de Cristiano Ronaldo dos seus produtos, mas acontece que abuso não faz parte do curso normal da vida. No tempo de hoje, quando qualquer vestígio surge no horizonte, as grandes marcas, com razão, pegam logo seus escudos, para depois não sobrar pra elas.

Semana passada, Ronaldo escreveu numa rede social: “Estupro é um crime abominável que vai contra tudo que sou e acredito. Não vou alimentar o espetáculo midiático montado por quem quer se promover à minha custa. Minha consciência tranquila me faz esperar tranquilamente os resultados de qualquer investigação”.

Como já dito, só Ronaldo e Mayorga devem saber se isso é apenas um “espetáculo midiático”, mas o certo é que a dor de cabeça que ele tentou evitar em 2009 veio bater na porta do jogador agora, quando ele se encaminhava para encerrar a carreira como um dos maiores da história e, mais ainda, tendo ganho a simpatia de um público que historicamente lhe fazia cara feia.

As investigações mostrarão como ele sairá do labirinto.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.