Nova gestão chega a 150 dias no Vitória ainda à procura de estabilidade

Balanço dos cinco meses da nova diretoria demonstra avanços na vida política, com eleições diretas, e no número de sócios, mas erros em contratações e eliminações em torneios

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  • Vitor Villar

Publicado em 19 de maio de 2017 às 07:00

- Atualizado há um ano

A nova gestão do Vitória, presidida por Ivã de Almeida, chega nesta sexta-feira (19) a 150 dias no clube – foi empossado no dia 19 de dezembro. Em cinco meses, o grupo já conquistou um título, do Baiano, sobre o rival Bahia. O troféu, porém, veio no momento de maior instabilidade, dentro e fora de campo, vivido por eles até agora.Ivã de Almeida foi empossado em 19 de dezembro (Foto: Almiro Lopes / Correio)Num intervalo de dez dias, Ivã e o diretor de futebol, Sinval Vieira, vivenciaram eliminações em competições capitais para as ambições do rubro-negro neste ano: a Copa do Brasil, para o Paraná, e o Nordestão, para o Bahia.

A diretoria reagiu às eliminações com a sua primeira troca de técnicos: demitiu Argel Fucks, que possuía grande aprovação por parte do elenco – o que acabou exposto na comemoração do Baiano, em que os jogadores dedicaram o troféu ao antigo comandante.

A solução ao problema gerou ainda mais controvérsia: o ídolo Petkovic, anunciado como gerente de futebol no início de maio, acabou efetivado técnico uma semana depois.Nesse meio-tempo, Sinval ainda teve que absorver um duro golpe no seu projeto de elenco para 2017. O meia Dátolo, contratado para ser o camisa 10 da equipe, pediu rescisão contratual, deixando um rombo de R$ 1,25 milhão.Numa tentativa de remodelar o elenco do ano passado, considerado fraco pela nova gestão, foram contratados 14 atletas para o primeiro semestre. Para a Série A, que já começou no último final de semana, foram contratados mais três: os laterais Thallyson e Caíque e o atacante Toddynho. A ousadia nas contratações, porém, fez o plano de sócios do Leão, o Sou Mais Vitória, obter um crescimento significativo. Em março, chegou a R$ 505 mil de arrecadação, quantia 49% maior do que a alcançada no mesmo mês em 2016.Base modificadaPromessas e objetivos de campanha, porém, já foram cumpridos. A exemplo da reformulação nas categorias base, projetada por Sinval Vieira: trocou-se o comando e os técnicos de todas as categorias. O Vitória conquistou o título da Copa Redeball Sub-17 e foi eliminado da Copa do Brasil Sub-20 para o Vasco nas quartas de final. Além disso, quatro garotos foram convocados para as seleções de base: dois para a sub-17 e dois para a sub-20.A nova gestão ainda conseguiu aprovar, no dia 2 de abril, uma reforma no estatuto para comportar as eleições diretas a partir de 2019.O CORREIO solicitou entrevista com Ivã de Almeida para analisar os cinco meses de sua gestão, mas não teve retorno da assessoria de comunicação até a publicação desta matéria.Dátolo foi a contratação mais frustrada da nova gestão (Foto: Arisson Marinho / CORREIO)Confira um balanço de cada área do clube nestes cinco meses:Contratações:Foram 17 contratados, uma renovação de mais da metade do elenco. Trazido para vestir a 10 e tratado como “maestro”, Dátolo deixou o clube em quatro meses e sete partidas. Com salário de R$ 300 mil, deu um prejuízo R$ 1,25 milhão. Aposta para a lateral direita, Leandro Salino cometeu série de erros e o experiente Patric foi trazido emergencialmente. Outro reforço de peso, Pisculichi foi perseguido por lesões e só jogou quatro vezes. André Lima, por outro lado, chegou para fazer sombra a Kieza e acabou artilheiro do Baianão.Técnicos:Como o contrato de Argel ia até dezembro, a nova gestão, na prática, recontratou ele. Antes disso, a diretoria admitiu a preferência por outros profissionais, e que a renovação seria um ‘plano B’. Mesmo com aproveitamento de 79%, Argel acabou demitido às vésperas da final do Baiano, apesar de ser querido pelos jogadores. Novamente, a direção foi atrás de nomes como Eduardo Baptista e Ricardo Gomes, mas diante de negativas, optou por outro ‘plano B’: Petkovic, contratado uma semana antes para ser o gerente de futebol do Leão.Categorias de base:Em pouco tempo, Sinval cumpriu a promessa de reformular toda a base. Na chefia, Carlão foi trocado por Nélson Góes, e Luciano Reis foi colocado como coordenador técnico. Ambos trabalharam no clube nos anos 2000. Outra novidade foi a criação do sub-18, que teve seu grupo cedido ao Atlântico no Baianão sub-20, sob o comando de Ferreira, ex-técnico do Colo Colo. Laelson Lopes assumiu o sub-20 na vaga de Luciano Gama. Rodrigo Chagas, ex-lateral do Vitória, foi efetivado no sub-17 no lugar de Hamilton Mendes.Política:

O novo Conselho Deliberativo do clube, presidido por Paulo Catharino, já conseguiu aprovar um sonho antigo da torcida e promessa maior da campanha do seu grupo: o voto direto dos sócios para escolher o próximo presidente. Pela reforma, o próximo conselho também será formado de maneira proporcional aos votos. Outra promessa feita, a da transparência, porém, ainda não foi cumprida totalmente. O clube segue sem divulgar os balancetes mensais e outros detalhes referentes a esta temporada em seu site oficial.Gafes:

As primeiras semanas foram marcadas por “micos” que repercutiram em todo o país. No dia em que Argel renovou, a lista de reforços pedidos pelo técnico vazou numa foto com Sinval Vieira. Dias depois, o atacante Marinho convocou por conta própria coletiva, na sede do clube, para dar adeus ao Vitória – e depois foi desmentido pela diretoria. Mais tarde, o clube publicou um vídeo na internet em que Sinval, aos palavrões, diz a Paulinho que não se importava com a sua vida pessoal, desde que resolvesse em campo.

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