Nova série de reportagens do BATV mostra realidade da seca por outro ângulo

"Focamos nas soluções. Queremos mostrar a criatividade e força dessa gente incrível", conta o repórter Mauro Anchieta

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 16 de outubro de 2018 às 10:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Em 2018, a seca tem voltado a ser pauta preocupante para a Bahia. Dos 417 municípios do estado, 219 estão em situação de emergência. O número é o mais grave desde 2012, quando 265 municípios estavam em realidades semelhantes. É esse o cenário que a série de reportagens Seca no Sertão vai mostrar, a partir desta terça-feira (16), no telejornal BATV, da TV Bahia. O repórter Mauro Anchieta afirma que a estética e a trilha sonora da série de reportagens são as mais diferentes que já contemplou (Foto: Divulgação) Ainda que seja de inegável importância, o tema pode parecer batido. Mas a produção, que conta com quatro episódios – cada um com quatro minutos de duração –, promete abordar a seca de uma maneira diferente.“Partimos para o sertão para abranger um outro ângulo dessa realidade. Queríamos uma série que terminasse pra cima, de forma positiva. Então nosso foco é exibir como esse universo está hoje, mas mostrando também as soluções, as formas de minimizar tudo isso”, conta o repórter Mauro Anchieta, que viajou com o repórter cinematográfico German Maldonado e o operador de áudio Lino Fernandes, percorrendo mais de 1.500 KM para contar as histórias apresentadas.O cooperativismo em Uauá, a coleta de água de forma planejada, a importância dos trabalhos de ONGs no sertão e pequenas propriedades que mostram como fazer um processo de forma rentável e sustentável são alguns dos exemplos citados pelo jornalista para ilustrar os lados diferenciados dos lamentos. “Em Uauá, por exemplo, o umbu, fruta típica do semi-árido, vira fonte de renda. Em Riachão do Jacuípe, vemos um exemplo de agricultura diversificada que vem virando referência”, conta o profissional.De acordo com a Defesa Civil da Bahia, 4,7 milhões de baianos convivem com a seca. Isso representa 32% de toda a população do estado. “Queremos tirar o estigma de que o sertanejo é um fracassado, um pobre coitado que não consegue fazer o que gostaria. Eles são fortes e acham soluções incríveis que poderiam ajudar em evoluções importantes para todos os lados. Queremos firmar essa imagem, que é a verdadeira. São pessoas valentes, com um grande senso de pertencimento diante de algo que representa persistência”, pondera Anchieta, que ainda deixa uma mensagem para os soteropolitanos:“É uma realidade que está logo aqui, pertinho da gente. Eles nos deixam grandes lições de vida, principalmente por saberem valorizar os recursos naturais como poucos de nós fazemos. Não é uma história do outro lado do mundo, e é importante que possamos assistir lembrando sempre disso”, convida o repórter.EXTREMOS O projeto é feito de histórias de famílias, como a de dona Maria José, que sobrevive com R$ 225 por mês, com falta d'água e, muitas vezes, sem ter o que comer. A série começa justamente onde mora dona Maria, em dos lugares mais secos do país. Na borda do Raso da Catarina, norte da Bahia, é possível ver a total escassez de água nos reservatórios. “São famílias que tentam se recuperar de uma das piores secas dos últimos 50 anos. As pessoas acham que a seca de 2012 passou, mas não. Ela está voltando e os resquícios continuam fortes”, alerta Mauro. Ainda no norte do estado, a equipe do BATV foi atrás de comunidades onde a água só chega em carro-pipa. É a segunda matéria da série, que mostra como vivem essas famílias. A distribuição de água é uma atividade controlada pelo Exército. Mas nem assim está imune a fraudes. As irregularidades cometidas por alguns pipeiros tornam ainda mais complicado o dia a dia dos sertanejos. Neste cenário, uma conta não fechou: a quantidade de litro de água, por pessoa, não chega perto da metade do que é recomendado pela ONU.“Apesar dessas tristezas, a riqueza das imagens e as soluções apresentadas podem fazer os olhos e os fios de esperança brilharem. Usamos uma câmera especial, com captação diferenciada, tomamos muito cuidado com a trilha sonora também. A produção audiovisual está em um nível de muita entrega”, afirma Anchieta, emocionado com os casos lembrados.